Capítulo 10- A verdade é sempre a melhor opção.

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MAYARA

— Mayara, querida? — Eu ouvi a voz da minha mãe gritar quando saí do chuveiro.

Abri a porta e respondi com um sonoro — Sim?

— O jantar está pronto.

Pressionei minha testa contra a porta do meu quarto e suspirei.

— Certo. Só um segundo para me vestir.

Me sequei e vesti roupas antes de ir lá embaixo. Como tem se repetindo desde a descoberta da minha gravidez, todos os meus irmãos estão na casa dos meus pais para o jantar, apesar de não ser final da semana. Sei que é porque todo mundo queria ter certeza de que estou bem. E me sinto amada e segura sabendo que eles se importam o suficiente para quererem saber pessoalmente como eu estou.

— Sente-se, querida. — Minha mãe me olhou com um sorriso doce nos lábios.

Eu quero virar e ir embora, mas meu estômago ronca, me lembrando que eu ainda tenho que comer hoje. Eu passo por Luana e tomo o assento vazio ao lado do papai. O lugar está quieto quando eu me sirvo de um pouco de frango e purê. Timidamente dou as primeiras garfadas enquanto todos tentam encontrar algum sentido de conversa normal. E o tempo todo estou olhando para baixo, fingindo que não percebia a forma como eles eram cuidadosos nos assuntos. E embora eles tenha me dado espaço, recuando e deixando as perguntas de lado, sei que pela minhas costas eles debatem minha situação. Apesar de se esforçar, meus irmãos mais velhos não conseguem esconder que estão completamente no limite para saber quem é o pai da criança em meu ventre. Mas se algum deles me perguntar diretamente, eu irei me recusar a dizer uma palavra sequer. O silêncio tem sido minha resposta para tudo.

A máscara para encobrir minha vergonha.

— Filha, você quer sobremesa? — Minha mãe pergunta. — Pedi sua favorita. Sorvete de cookies.
— Obrigada, mãe, mas estou completamente abastecida. Vou voltar para meu quarto. — Digo.

E a sala que já estava em um clima um pouco nublado, agora foi preenchida com o silêncio ainda mais desconfortável.

— Como você preferir— Murmura mamãe, desanimada.

Mais silêncio constrangedor. E me sinto culpada. Mamãe tem feito tudo para que eu me sinta a vontade, e tudo que eu faço é me isolar.  Meu coração dói por todas as lágrimas que ela provavelmente chorou porque eu fui irresponsável e não estava sabendo lidar com a consequência disso.

— Já chega! — Nicole bate as mãos na mesa.

Eu havia acabado de afastar a cadeira para me levantar, mas parei com a explosão de minha irmã.

— Nicole, não... — Minha mãe tentou, mas minha irmã já enviava palavras furiosas em minha direção.
— Eu já estou cansada disso, Mayara. Você precisa parar de tratar a gravidez como um pesadelo, porque isso não irá te levar a nada.

Olho para minhas mãos, prendendo a respiração com medo dos sons que estão surgindo do fundo de minha garganta.

Não vou chorar.

Não vou chorar.

— Sim, você foi absolutamente irresponsável quando transou sem proteção. Mas graças a Deus não pegou nenhuma doença. Está grávida, mas isso não é o fim do mundo.
— Nicole —Papai Advertiu.
— Não, pai. Eu preciso falar. Mayara tem que entender que não existe mais espaço para ser a "Schiller perfeita". — Ela continuou — Como qualquer ser humano, você errou, e agora precisa enfrentar a consequência disso. Precisa pensar no seu bebê.
— Eu sei o que eu preciso fazer.— Digo com uma voz trêmula, mas segura. — Você não precisa me dizer.
— É mesmo? Porque não parece. Você tem agido como merda ultimamente.
— Cale a boca.— Eu grito, agarrando as bordas da mesa.
— Não! Você precisa ouvir. Precisa parar de agir como uma criança. As pessoas se importam. Eu me importo. Eu quero ajudar você. Isso não tem que ser o seu momento de definição. Este não é o fim da vida. Você pode crescer a partir disto.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora