Capítulo 25-Depois de se analisar bastante, ela se descobriu ser intensa

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ROMEU

Meu corpo tem essa deliciosa queimação de dor quando eu desço da minha moto. Demorou tempo demais dirigir da mansão dos Schiller ao ponto de recebimento do novo carregamento de arma  e então de volta ao complexo. Mas eu não estava exatamente com pressa. Tinha muita coisa para pensar. São quase dez horas e o sol já está lançando longas sombras vermelhas irritadas através das estradas.

— Onde devemos deixar isso? — Casper pergunta, uma mala grande e rosa em cada mão sua.
— Leve para a sede, para onde a garota está. — Eu digo.

Ele acena. Eu penso também sobre ir até lá, para verificar Mayara, mas isso significaria encarar tudo. Lidar com o falatório e ter pelo menos cem perguntas implorando para serem respondidas sobre a gravidez. Eu não me sinto bem para isso agora. Eu sinto que ainda preciso de um momento. Limpar minha cabeça.

Dormir, só por um segundo.

— Você sabe o que vai ter que fazer, não é? — Killer pergunta.

Eu o ouço rir, mesmo com o vento mandando sua voz para longe.
— O quê?
— Ela vai ter que ficar com você, irmão. Está sob sua proteção até que nós tenhamos as
nossas mãos sobre os filhos da puta. Acho que vou ter que ir morar com nosso velho.
— Não. Não vai acontecer. Não vou deixar que nada aconteça com ela, mas ela também não vem ficar no nosso lugar.
— Por que não? — Tracker me olhou curioso.
— Porque eu não preciso da porra de uma mulher tentando mudar meu espaço. Merda.

Eu deixo meus irmãos para trás encarregados com as armas, embora ainda possa escutar o bastardo do Killer rindo no meu ouvido. Me encaminho para a direção da minha casa. A construção é dividida em quatro andares. Sendo o primeiro do meu pai, o segundo de Tracker e sua esposa Amelie, o terceiro meu e de Killer, e o último é onde ainda está guardado os quadros que minha trabalhava. Conforme me aproximo, os prédios que formam o complexo estão agitados. Eu aceno para alguns moradores que vejo enquanto faço meu caminho para a escadas. Quando abro a porta, a primeira coisa que faço quando vejo a garota deitada no meu sofá, assistindo minha televisão, é puxar minha arma. Ela tropeça sentada, recuando para um canto do sofá. Seus olhos estão tão grandes que eu praticamente posso ver meu reflexo nas suas íris. Porra, uma arma apontada para a sua cara é a última coisa que ela precisa. Mas ela não deveria estar aqui.

Baixo minha arma, colocando-a de
volta na minha cintura. Mayara visivelmente relaxa, mas ainda mantém a guarda alta.

— Quem te pôs aqui?
— Não sei. Acordei aqui— Ela disse.

Eu caminho em volta do sofá, encarando ela. Isso é bizarro, e não sei se gosto
de como isso parece normal. Deveria parecer que a porra do lugar está pegando fogo.

Me sento no sofá oposto, ainda encarando ela. Ela pisca para mim, enterrando a ponta dos dedos na pele da sua perna direita.
— O quê?
— Você não deveria estar aqui.

Ela levanta uma sobrancelha para mim.

— Também não deveria estar grávida.— Responde, irritação enchendo sua voz— Usamos camisinha, lembra?

Sua cabeça se encaixa, ela me encara como se pudesse ler meus pensamentos e me desafia a sequer tentar explicar. Eu não posso evitar que um sorriso apareça no meu rosto, lento como o pecado.

— Estourou. — Digo.

Parece que ela vai vomitar.

— Estourou? — Ela apertou os olhos fechados e a mandíbula. — A porra da camisinha estoura e você nem pensou em me avisar? Seu filho da puta. — Ela cuspiu as palavras como se elas fossem veneno.

Quando ela olhou para mim de
novo, pude ver a fúria queimando nas profundezas de seus olhos marinhos. Ela vem à vida quando está irritada. Uma trilha de adrenalina corre por mim, enviando sinais mistos para o meu pau. Provocar uma reação violenta nela é provocar uma reação totalmente diferente em mim. E eu odeio isso. Principalmente porque  agora eu sei que ela é menor de idade.

— Certo, boneca. Você tem todo direito de estar irritada. Me desculpe por ser um idiota.
— Não desculpo. — Ela está corada, sua irritação se mostrando em suas bochechas, assim como nos olhos. — Eu estou grávida. Sabe o quão difícil isso é para uma mulher da minha idade?
— Sim, a idade que você mentiu.
— Minha idade não muda que você é um canalha.

Eu quase caio na gargalhada.

— Bem, se você não tivesse mentido sua idade, eu não teria fodido você. Sem foda, sem grávidez. Sem gravidez, sem perseguição.

Ela fixa o olhar no meu, me encarando direto nos olhos.
— Está querendo dizer que tudo é culpa minha?
— De nenhuma forma, boneca. Apenas afirmando que não sou o único culpado.

Ela se levantou do sofá, e com o quadril inclinado para o lado, ela olhou para mim com uma mistura de emoções. Nenhuma parece ser boa. Seu cabelo comprido está puxado para cima alto em sua cabeça em algum tipo de rabo de cavalo, com fios soltos caindo em torno de seus ombros. Seus olhos azuis pareciam claros como a água enquanto ela ficava ali lançando punhais em minha direção.

Nesse momento Amelie entra.
— Mayara? — Ela chamou.

Parou quando nos viu ali, corpos tensos e preparados para uma discussão.

— Estou atrapalhando?
— De forma alguma. Apenas dizendo à Dex que estarei a tarde toda fora.

Mayara finalmente desvia os olhos dos meus e quando passa por mim eu seguro seu braço.

— Onde diabos você acha que está indo?— Eu rosnei.
— Eu vou apresentar o complexo para ela, Dex. Eu cuido dela, pode ficar tranquilo.— Amelie diz.

Mayara sobe sua sombracelha para mim. Relutante eu soltei seu braço. Ela começa a caminhar para a porta, mas para abruptamente à poucos centímetros dela.

— Eu já ia me esquecendo. Dex?

Ela vira sua cabeça para mim, um sorriso diabólico nos lábios.

— Oi?
— Só pra te avisar que como consequência de nossas escolhas erradas eu vomitei no seu capacete.
— Meu quarto está trancado.
— Bem, eu não sei de quem era, mas é melhor lavá-lo antes que fique difícil sair o mal cheiro. — Ela disse e eu observei quando sumiu pela porta, incrédulo.

Sentei-me no sofá por um momento, tentando pensar no que acabou de acontecer. Eu não sei o que exatamente desencadeou isso... talvez fosse aquela expressão decidida ou seu sorriso desafiador, mas ela tinha acabado de fazer algo que ninguém foi capaz de fazer em
meses.

Mayara Schiller apenas me fez gargalhar. De verdade. Porra.



Ps' Esses capítulos são um presentinho depois de um desabado com teor complicado. 🤭💕

Ps'' Vejam, eu não estou postando por pressão ou nada do tipo, quem pensa que as mensagens poderiam me fazer postar desesperamente está errado. Pelo contrário, elas só aumentam meu desânimo continuar com as postagens. Então pegue leve comigo 😊

Ps''' Como postei hj, não posso dar certeza que sairá outro na semana que irá iniciar.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora