MAYARA
Meus olhos insistiam em ficaram embaçados, e eu sentia meu pulso aumentar até um batimento doloroso. Eu comecei a tremer com os efeitos de tentar lidar com tanto sentimento, tão
rapidamente.— Como estão nossas meninas? —Romeu tentou seu máximo para ficar sentado mesmo com uma perna sobre o apoio, engessada e presa.
— Elas estão bem. Preocupadas com você mas estão bem. —Eu digo.
— Eu gostaria muito de vê-las pela manhã. —Ele diz.
— Eu irei trazê-las.— Eu engasguei quando ele alisou minha barriga.
— Duas garotinhas e um garoto. —Ele sorri levemente — Dessa vez espero que os olhos sejam como os seus.Eu tentei sorri também, mas a verdade era que eu estava desabando, minha respiração se quebrando. O alívio de tocá-lo, de conversar com ele, me desfez.
Eu agarrei sua mão, chorando forte. Eu estava com medo de estar alucinando, conjurando uma imagem do que eu mais queria, que se eu me aproximasse eu não encontraria nada além de espaço vazio.Mas Romeu estava lá, sólido e real, me abraçando com seus braços fortes. O contato com ele era eletrizante e eu me apertei contra ele, incapaz de ficar perto o bastante.
Ele sussurrou enquanto eu chorava contra seu peito:— Boneca... querida, está tudo bem. Não chore. Não gosto de vê-la chorar.
— É que... ― Parei a frase no meio― É que
... ― Mais uma vez― Eu realmente tive tanto medo, motoqueiro. Nunca sentir tanto medo. E felizmente você está aqui.O pensamento incitou uma onda de euforia. Romeu estava vivo e completo, e eu não iria desperdiçar essa nova chance.
— Sim, boneca. Eu estou bem aqui. — Ele manteve seus braços firmemente ao meu redor como se entendesse que eu precisava daquela pressão confinada, de senti-lo me rodeando, como se nossos corpos enviassem mensagens silenciosas.
Tremores atacavam todo o meu corpo. Meus dentes tremiam, dificultando minha
fala.
— Eu p-pensei que você talvez não fosse voltar.A boca de Romeu, geralmente tão macia, estava áspera e seca contra minha bochecha, seu maxilar arranhando com a barba por fazer.
— Eu sempre vou voltar para você.—Ele diz
Eu escondi meu rosto contra seu pescoço, respirando seu cheiro. Seu cheiro familiar
foi apagado pela acidez antisséptica dos curativos.
— Você está sentindo dor? —Fungando, eu tateei sob a bainha da roupa do hospital e encontrei a atadura.
— Não, eles me deram alguns analgésicos pesados. Nenhuma dor.— Seus dedos se enrolaram nas mechas macias e suaves do meu cabelo.
— Isso é bom. Não posso suportar a ideia de que você esteja machucado. —Digo e
senti sua bochecha se esticar com um sorriso grande.
— Nada para se preocupar, boneca. Todas suas partes favoritas ainda estão aqui.—Ele brincou, em uma clara tentativa de aliviar minha tensão.Nós dois ficamos quietos por um momento e eu percebi que ele estava tremendo também.
— Eu te amo tanto, Romeu. Tanto. — Eu disse. E isso começou uma nova onda de lágrimas, porque eu estava tão grata por ser capaz de dizer isso para ele.
— Eu também te amo muito, Mayara— Ele recuou para olhar para mim com brilhantes olhos inchados. — Acho que jamais poderia explicar a imensidão do meu amor por você.Eu coloquei meus dedos no maxilar áspero de Romeu e cheguei minha boca perto da dele. O beijo foi desajeitado no início, mas ele agarrou a minha nuca e conduziu os movimentos. Sua boca era quente, urgente, com gosto de sal e necessidade. Mas o momento foi quebrado quando o médico bateu no vidro da pequena abertura que havia na porta, lembrando-me que meus minutos estavam no fim.
— Eu preciso ir —Eu murmurei, estendendo a mão para acariciar seu cabelo, deixando minhas unhas arranhar levemente seu couro cabeludo.— Mas prometo que volto o mais rápido que puder.
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Parece que foi ontem
RomanceRomeu González já tinha chegado ao seu limite, desistido de tudo e de todos. Havia parado de acreditar no amor e o seu mundo era pintado de preto. Isso até Mayara Schiller aparecer e mudar sua vida. Ele não estava esperando por aquilo e ela também n...