Capítulo 38-Tome muito cuidado com o que você vai falar.

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MAYARA

Eu não tenho certeza do que é, mas acordo no meio da noite, me sentindo extremamente sensível. E sem que eu pense muito, eu pego o celular e ligo para meus pais. Assim que minha mãe atende o telefone, eu começo a chorar.

— Mayara, querida, o que foi?
— Nada— Eu digo, enquanto limpo freneticamente os meus olhos. Essa conversa já não está indo como eu pretendia.
— Bem, você está chorando. Deve ser alguma coisa, querida. Agora me diga.
— É só hormônios—  Eu omiti— Não está fácil lidar com tudo isso longe de vocês.

Ela funga, e já posso imaginar a ponta do seu nariz vermelha com as lágrimas escorrendo em seu rosto.

— Alguém aí está te tratando mal, querida? Você sabe, você pode falar com o seu pai se isso for um problema.
— Não, não é isso... Tudo bem. É apenas exaustivo aqui. Um mundo completamente diferente. Eu acho que não percebi o
quão fácil eu tinha vivido, morando com você e papai.

Ela ri baixinho com isso.

— Bem, eu não diria que foi fácil, mas tenho certeza que tudo que você está vivendo tem uma curva de aprendizado. Contudo, se você tiver enfrentando muitas dificuldades de adaptação, talvez possamos pensar em uma outra forma para te manter segura. Você sabe que seu pai consegue isso.
— Não, não, eu posso lidar com a minha adaptação. Eu só tenho essa vontade estranha de chorar e desabafar.
— Faz parte da gravidez, meu doce. E  você sabe que sempre pode desabafar para mim. — Ela ainda não parece totalmente convencida.
— O seu aniversário será na próxima semana. Eu gostaria muito de está perto no dia. — Digo para me distrair e evitar que eu conte tudo que me aconteceu nesse clube.
— Claro, meu amor.— Minha mãe faz uma pausa para uma respiração. Sua voz é embargada mesmo que ela tente disfarçar. — Eu já estava conversando com seu pai sobre isso. Estaremos todos juntos semana que vem. A família toda. Se prepare para a bagunça.

Mamãe e eu rimos. É tão confortável e familiar estar rindo com ela que logo as lágrimas estão picando meus olhos novamente.

— Eu não vejo a hora para isso. —Digo e minha mãe suspira.
— Esse será o melhor presente que eu poderia ganhar. Todos os meus bebês juntos como costumava ser. — Ela diz — Oh, a propósito, você falou com sua prima ultimamente?
— Susane?
— Sim. Ela tem enviando diversos presentes para a bebê.

Eu cuspo outra risada.

— Outra sacola de vestidos brilhantes?
— Dez sacolas.
— Oh meu Deus. Susane consegue se superar.
— Ela é adorável. Eu e suas irmãs também já começamos com algumas pesquisas para decoração do quarto. Irei te enviar algumas fotos. É uma loucura como tudo é perfeito, estamos todos muito ansiosos para a chegada da nossa garotinha. Seu pai já pode ser chamado de avô babão. Ele não pode ver uma boneca que compra— Ela diz e ouço meu pai resmungando.
— Papai está aí? Eu adoraria falar com ele por alguns minutos.
— Está sim, vou passar para ele. Espere.— Ela cobre o telefone com a mão, mas
ainda posso ouvir o som abafado dela explicando algo para meu pai, provavelmente dando instruções de como deve falar comigo.

E no momento em que meu pai chega no telefone, eu estou uma bagunça chorona
novamente.

— Princesa!— Ele diz. — Como você está?
— Tudo bem. Eu acho que estou bem. Apenas muitos hormônios. Me desculpe ligar tão tarde.
— Ligue sempre que quiser, princesinha. E se alguém está te incomodando, você diz a palavra e eu vou matá-lo.

Isso me faz rir, embora seja uma risadinha com os olhos marejados.

— Sinto falta de casa, papai.

Do outro lado da linha, meu pai está quieto por um instante. Então ele diz: — Eu
sinto sua falta aqui também, princesinha.
— O aniversário de mamãe está chegando e ela diz que estaremos juntas— Eu digo.
— Claro, nós estaremos todos juntos. Cheryl também irá participar.
— Gostaria muito disso.
— Eu também. Vou te contar uma coisa, estamos muito perto de encontrar Ghost e em breve você está de volta em casa,
ok?
— Ok.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora