Capítulo 14-Nada torna um rosto mais impenetrável do que a máscara da bondade.

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» MAYARA «

— Você vai realmente manter o seu rosto enterrado nesses livros a tarde toda? — Cheryl perguntou.
— Você sabe, eu tenho um teste amanhã. Eu preciso ter um “A” nesta matéria. — Eu disse a ela sem olhar para cima do meu livro.

Ela suspirou.

— Eu sinto falta da nossas visitas ao shopping.—  Disse enquanto se olhava no espelho e brincava com seu cabelo. —  E você vai ter um bebê, precisamos fazer compras para ele.
— Talvez em outro momento. —Eu disse a ela enquanto folheava as
páginas do meu livro.
— Você tem estudado isso por quase quatro horas, May. O que você lê tanto que ainda não aprendeu?
— Eu realmente preciso dar uma revisada. Nós vamos amanhã. Prometo.

Ela suspirou novamente e se jogou na cama, ao meu lado.

— Só uma pausa, May. Por favor?
— Você sabe que eu adoraria isso, mas não posso.— Eu disse a ela.
— Claro que pode, na verdade deve. Depois de algumas horas estudando sem uma pausa tudo fica inútil.

Respirei fundo e tentei me concentrar nas minhas anotações no livro. Mas a verdade era que Cheryl estava certa, depois de algumas horas sem pausa estudando cada pequeno ruído se tornava uma distração.

— Você venceu.

Eu fechei o livro e me levantei. Ela deu um pequeno grito e correu para me ajudar na escolha de uma roupa. E então seguimos para o shopping.
Duas horas lá dentro e Cheryl e eu tínhamos os braços completamente fechados com sacolas. E o que antes costumava ser lingeries, sapatos maquiagem e tudo aquilo que as garotas gostam, hoje foram substituídas por minúsculas roupas de bebê.

— Adoro fazer terapia de compras — Cheryl comentou, animada, quando viramos na área de alimentação.
— Eu também — Admiti, rindo.

Estávamos seguindo para a pizzaria quando um flash magro e tatuado me chama a atenção.

— Hugo? — Eu chamei.

Ele olhou para os lados, se virando um pouco, de forma que era quase impossível ver seu rosto.

—Vai mesmo fingir que não é com você? — Cheryl pergunta.

Ele então se vira para nos encarar. Uma expressão embaraçosa domina seu rosto, e ele dá um pequeno sorriso.

— Me desculpe.

Franzi a testa a testa.

— Você estava mesmo tentado nos ignorar?
— Claro que estava, May. — Cheryl acusou.
— Não. Que dizer, mais ou menos. Eu não queria que você pensasse que eu estou te perseguido ou algo do tipo, gatinha.

Balancei minha cabeça.

— É bem estranho que de uma hora para outra estamos nos encontrado com bastante frequência. Mas jamais pensaria em perseguição. Isso é louco.

Um sorriso aliviado se espalha no rosto de Hugo.

— É bom saber.— Ele diz.

Estamos em uma pausa constrangedora agora, onde nenhum de nós sabe muito exatamente o que dizer. Cheryl está olhando para Hugo com desconfiança, e sua boca continua abrindo e fechando conforme ela provavelmente tem uma centena de perguntas a fazer, mas não tem ideia por onde começar.

Eu decido quebrar o silêncio.

— Você estava indo pedir algo para comer?

Isso é claramente a coisa mais estúpida que eu poderia perguntar, considerando que estávamos rodeados por lanchonetes e restaurantes.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora