Capítulo 27-Você é um passo para o abismo, meu desejo proibido.

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ROMEU

Seguro minha própria bebida nas mãos, rolando o copo entre minhas palmas. Às vezes o álcool me faz pensar claramente, me dá uma perspectiva melhor quando estou tentando resolver um problema. Mas não agora, no entanto. Isso está fazendo minha cabeça zumbir.

— Você me deve um capacete novo, sabe disso não é?
— Não enche. Era apenas seu reserva. E se tivesse deixado a porta do seu quarto trancada isso não teria acontecido.

Killer me olha severamente pela borda do seu copo.

— Não venha com essa. Porra. Você me deve. Sua garota fodeu todo o forro. Está com cheiro de cachorro molhado.

Aperto meus dentes juntos, ficando mais inquieto a cada momento.

— Ela não é minha garota. E se você quer um capacete novo, diga isso a ela.

Killer toma um gole do seu uísque e bate o copo na mesa.

— Certo, e como você propõe que eu a convença?

Eu resmungo, bebendo meu uísque todo de uma vez. Eu precisava dessa porra. Duvido que meus neurônios irão ser úteis para qualquer coisa essa noite. Eu posso muito bem matar alguns deles.

— Quem quer um capacete novo é você. Então pense em uma forma de pedir isso. Mas já aviso, ela é teimosa, cara— Eu digo. — Uma adolescente realmente teimosa pra caralho.

Killer me bate com força no braço. Quando levanto o olhar para ele, há um largo sorriso se espalhando pelo seu rosto.

— Você sabe o que isso significa não é?

Eu olho para ele, tamborilando meu dedo na borda do copo.

— Que diabos isso significa?
— Que você está com os dias de paz contados.
— Vai se foder.
— Você vai negar? Mayara Schiller será sua dor na bunda eternamente. — Ele está prestes a terminar seu uísque quando para, o copo a meio caminho da sua boca e levanta um dedo— Parece que seu pesadelo em forma de uma pequena mulher chegou.

O barulho da porta sendo fechada me trouxe em pé. Eu caminho calmamente até a sala e encontrei ela, sobrecarregada por sacolas e uma de suas malas. Amelie está logo atrás com a outra. Mayara não dá um passo e larga tudo aos seus pés, assoprando seu cabelo para longe do rosto.
Colocando uma mão no quadril, ela lança um olhar de tédio para mim e suspira.

— O quê?
— Vocês trouxeram isso tudo sozinhas da sede até aqui?

Ela levanta uma sobrancelha, acenando lentamente.

— Uhum.
— Qual a porra do seu problema? Você está grávida— Eu rosnei.
— E isso não me transforma em uma inválida.

Eu encaro Amelie.

— Por que nenhum cara trouxe isso?
— Porque eu não quis. Não permiti. São minhas coisas e eu decido quais pessoas pode tocá-las, e com certeza não são motoqueiros estranhos. — Mayara disse, alguns decibéis mais alto.

Eu me aproximo dela e silvo : — Ah, então você acha que é muito boa para a ajuda dos motoqueiros?

Em um flash, Killer tinha chegado a sala.
— O que está acontecendo?—  As sobrancelhas dele se uniram em confusão.

Mayara e eu o ignoramos. Os olhos azuis dela se estreitaram. Eu estou começando a reconhecer as reações dela. Eu sei que ela
está irritada.

— Você realmente espera que eu diga que me sinto bem aqui, no meio de criminosos? É claro que eu tenho um problema com isso.

Eu odeio o jeito como ela diz isso: Criminosos. Mas ela está certa. Eu sou um criminoso. Todos os homens aqui são criminosos. Comecei a assassinar pessoas em uma idade muito precoce. Com doze anos eu já estava enfiando balas na cabeça de um dos homens que ajudou na execução da minha mãe. Desde então, eu já derrubei muitas pessoas. Eu gosto de me
consolar, às vezes, quando as mortes insistem e invadir meus sonhos, me relembrando de quem aquelas pessoas eram. Eles eram homens maus e violentos. Homens que viviam para abusar outros
muito menores e mais fracos do que eles. O clube me deixou com tolerância zero para esse tipo de coisa.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora