Capítulo 33

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Eu estava em casa e não conseguia parar de pensar em todos eles. Eu sentia-me traída e usada. Não pelos meus amigos, mas pelo Professor, pela própria Leonor... E pelo Berlim. Como é que aquele filho da puta me tinha deixado? De certeza que tinha sido o Professor a dar-lhe ordens. No final das contas eu estava certa: ele não passa de um cachorro.

O meu problema era a Catarina. Só mesmo aquela rapariga para desaparecer sem mais nem menos. Só faltava agora ela ter sido raptada por alguém que lhe quisesse o mal.

Ainda por cima não tenho o meu telemóvel. Provavelmente o Berlim ficou com ele quando me levou daquele bar estúpido.

Mas obviamente não me levem a mal quando digo alguém que quisesse o mal da Catarina... A Leonor nunca iria querer o meu mal, mas está por detrás do meu rapto. O que eu quero dizer é que ela pode ter sido raptada por alguém que a quer matar ou assim.... Vocês já tinham entendido né? Pois ok.

Mas a Leonor aceitou deixar-me... Ela não fez nada.

Suspeitei e deitei-me na cama a olhar para o teto. Fechei os olhos por uns segundos e senti-me estranha. A minha respiração começou a ficar pesada e parecia que os ouvia a todos chamarem o meu nome, só que muito longe e apesar disso, conseguia reconhecer as vozes de todos.

Voltei para a realidade quando ouvi alguém realmente chamar o meu nome.

- Sofia? - perguntou o meu pai na porta do quarto.

- Sim?

- Podemos falar?

- Claro... - respondi um pouco receosa.

- Ouve... Eu sei que tu não estás propriamente no teu melhor, - começou, sentando-se na cama. - mas eu realmente preciso de entender o que aconteceu.

Eu suspirei fundo e levei as mãos á cara. Agora é que ia começar.

- Pai... Eu.... Eu não me sinto confortável a falar sobre isso. - menti. O que era suposto dizer? A verdade? Mentir?

- Eu sei.... Mas nós precisamos de saber. Para te ajudar. - disse referindo-se á polícia.

- Tudo bem... Podes então fazer perguntas? Eu respondo... Assim fica mais fácil. - digo. Seria mais fácil mentir sobre algo se me fossem fazendo as perguntas.

- Ok... Hum... Sabes de algo sobre a tua irmã?

- Na última vez que estive com eles, andavam á procura dela. Por isso não. Não sei.

- Quando dizes eles... Estás a referir-te a...?

- Quem.... Nos levou.

- O Andrés é um deles hum?

- É....

- Sabes quem eram os outros?

- Para falarem connosco tinham sempre máscaras. - menti.

- E o Andrés alguma vez te fez mal?

- Nunca.

- Ele era o mais próximo a ti?

- Sim.

- Vocês tinham apenas uma relação de raptor-refém ou foi mais além?

- Como assim mais além?

Ele ficou calado por uns segundos e depois levantou-se.

- Como está a tua perna? - perguntou ele.

- Está bem... Mas porque é que me fizeste uma pergunta sobre a minha relação com ele ir "mais além"?

Ele tirou o telemóvel do bolso e mostrou-me as imagens das câmeras de vigilância da loja que nós tínhamos assaltado.

- Pai...

- Sofia. Tu estás presa por colaborares com pelo menos um dos criminosos das procurados do mundo e por mentires á polícia.

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