Capítulo 66

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O Professor estacionou a carrinha um pouco afastada da casa. Finalmente estávamos ali. Finalmente íamos conseguir vê-las. A felicidade não cabia em mim.

Iríamos sair apenas eu e a Catarina, falar com elas e depois ir embora. Tínhamos de sair do país o mais rápido possível, para não corrermos mais riscos. Sim. Tínhamos. Como o plano não tinha dado certo, nós não íamos poder cá ficar. Mas isso não importava, não naquele momento.

Soltei a mão do Berlim. Tinha estado a segura-la este tempo todo. Antes de sair do carro olhei uma última vez para ele e sorrimos um para o outro.

Por motivos de segurança nós estávamos a usar um escuta. Fomos até a porta e ficamos lá um pouco a olhar.

- Então.... Vamos bater? - perguntou a Catarina.

- Hum hum... Bate tu.

- EU? Não, bate tu.

- Tu é que queres bater.

- E tu queres ficar aqui a olhar para a porta?

- Não porque tu vais bater.

- Despachem-se. - disse o Professor pelo escuta.

A Catarina fez-me sinal com os olhos. Suspirei e bati a porta. Não demorou muito até que alguém abrisse a porta.

Era uma mulher, mais ou menos da nossa altura. Tinha o cabelo e os olhos castanhos e era muito parecida a...

- Catarina? - perguntou.

- Mãe...

Elas abraçaram-se as duas e eu sorri.

- Quem era? - perguntou uma outra mulher, saindo de uma das divisões da casa e olhando para a porta. - Sofia?

Ela veio até a porta e abraçou-me também. Não foi um abraço como se ela fosse uma mãe que não via a filha á anos, foi um abraço a revistar-me. Ela estava a ver se eu tinha armas.

Eu compreendo-a. As nossas caras provavelmente estão por todo o lado. Mas não esperava que ela fosse tão indiferente.

- Podem entrar. - disse a mãe da Catarina, abrindo-nos passagem para entrar.

Sem pensar duas vezes a Catarina entrou e por descarte de consciência eu fui com ela. Não a podia deixar sozinha. Mas tudo aquilo estava muito suspeito. E aquela felicidade desapareceu.

- Querem comer algo? - perguntou a minha mãe.

- Não, estamos bem obrigada. - respondi.

- Só viemos aqui falar convosco. - disse a Catarina.

- Ainda bem que vieram. - disse a mãe da Catarina.

Sentamo-nos no sofá e a conversa com aquela senhora estava a ir muito bem. Ela parecia simpática e preocupada, não só com a Catarina mas comigo também, e nunca fez perguntas sobre tudo isto de estarmos desaparecidas.

Depois de me deixar levar por algum tempo por aquela conversa o Professor começou a dizer pelo escuta que precisávamos de sair dali imediatamente. E isso fez-me reparar que a minha mãe não se sentou no sofá e não estava na sala.

Filha da puta.

- Foi realmente um prazer falar consigo, mas nós temos de ir. - disse eu, levantando-me e obrigando a Catarina a levantar-se também.

- Mas já? Não querem ficar mais um pouco? - perguntou a senhora.

Antes que eu pudesse responder eu senti a ponta de uma arma na minha cabeça.

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