Capítulo 48 - o ponto de vista do Professor

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Tudo começou depois de eu e o Berlim falarmos sobre algumas coisas. Nenhum de nós os dois entendia o porquê da Leonor ter decidido que a Reh deveria fazer parte do grupo. Ela sempre soube o que estava a fazer e a Reh era realmente alguém com ótimas qualidades para o plano... Mas não fazia sentido trazer mais pessoas para aqui sendo que as que temos já nos causam problemas suficientes.

Depois de termos falado eu fui até ao meu quarto e da Leonor, onde ela estava. Aproximei-me e dei-lhe um beijo na bochecha.

- Qual é que achas mais bonito? - perguntou ela, apontando para dois vestidos que estavam em cima da cama.

Obviamente olhei para ela sem entender.

- Responde logo. - mandou.

Apontei para um vestido preto, que sinceramente foi o primeiro que eu vi.

- Ótimo, é o que eu vou usar. - disse ela, pegando no vestido.

- Como assim vais usar? - perguntei.

- Bom... Eu preciso de falar contigo. Mas tens de prometer que não te chateias comigo.

- Hum... Ok?

- Hoje vamos sair todos. Menos o Berlim e a Sofia.

- VAMOS O QUÊ?

- Fala baixo.

- Não Leonor, tu sabes que não podemos. Temos a polícia atrás de nós.

- E desde quando não temos? Nós precisamos que eles falem.

- Não, não precisamos.

- Para de querer o teu irmão só para ti. Ele tem a sua própria vida. E pela primeira vez alguém que lhe faz bem... Sabes que ele às vezes é um bocado maluco...

- Leonor, primeiro de tudo: e eu volto a repetir para tu entenderes, temos a polícia atrás de nós! Não podemos simplesmente ignorar isso! Já bastou o festival. E segundo: tu não te podes meter na vida amorosa do meu irmão!

- Estás a ser dramático. E além disso, eu já confirmei com todos.

- Leonor...

- Não comeces por favor. Eu entendo o teu lado, mas a Sofia está muito mal. A Catarina esteve a contar-me as coisas horríveis que o pai dela lhe meteu na cabeça... E se formos sinceros, a Catarina não lhe vai dar apoio necessário. A Sofia e o Andrés precisam um do outro. Mesmo que seja só para se abraçarem.

- E para onde é que nós iríamos?

- Fazer uma missão. Vigiar os chefes da polícia. Um deles faz 25 anos de trabalho no departamento dele... E pelos vistos estão todos a celebrar juntos num restaurante.

- E como é que tencionas sair daqui sem o Andrés e a Sofia verem e meter todos num restaurante disfarçados?

- Meu amor... Eu já tenho tudo planeado. Apenas preciso que tu te prepares.

A Leonor veio até mim e abraçou-me.

- Desde quando é que tu é que fazes os planos? - perguntei.

- Desde sempre. - respondeu ela sorrindo.

Meti as mãos na cintura dela e puxei-a para um beijo e....

- Demasiada informação extremamente desnecessária. - comentou o Andrés, interrompendo a minha narração.

- COMO ASSIM VOCÊS SÃO IRMÃOS? - perguntou a Sofia.

- Posso continuar? - perguntei.

- Fica á vontade. - respondeu o Andrés.

A Leonor saiu do quarto e eu acabei por me preparar, um pouco contrariado.

Desci as escadas, todos já estavam prontos e estavam numa rodinha, pelos vistos a escrever num papel. Deixaram-no em cima do sofá, no lugar em que o Andrés normalmente se senta e saímos todos de casa, entrando na carrinha.

Sentei-me no lugar do condutor e a Leonor ia-me dando algumas instruções sobre como chegar ao restaurante. Enquanto isso, na parte de trás da carrinha havia bastante barulho, comentários sobre o que a Sofia e o Berlim podiam fazer sozinhos em casa resumiam bastante o que lá era falado. Felizmente o restaurante era perto, poupando-me um pouco a sanidade mental.

Chegamos ao restaurante e já todos os polícias lá estavam. Mas os meus olhos apenas e infelizmente conseguiram notar uma no meio daquelas pessoas todas.

- Raquel Murillo? - perguntou o Andrés quase ironicamente.

- Sim. - respondi.

Eu não sei como é que ela lá estava, considerando que foi afastada da polícia depois de tudo o que aconteceu na Casa da Moeda.

A Leonor, que não notou logo ao início a presença dela e sinceramente seria tudo melhor assim. Se elas se vissem iria começar um pesadelo.

Realmente a Leonor tinha tudo preparado, então, sentamo-nos todos em mesas separadas e disfarçados, com escutas para nos comunicarmos e com nomes falsos.

Fomos os últimos a entrar e consequentemente os últimos a ser atendidos, mas valeu a pena. Já á muito tempo que nós os dois não fazíamos algo assim. Os assaltos estavam a ocupar muito mais tempo.

Só que infelizmente nem tudo correu bem, como já devem ter notado. A Leonor reparou na Raquel, o que eventualmente iria acabar por acontecer. O problema foi depois, quando estávamos a sair do restaurante.

A Reh tinha saído para a rua com um rapaz e nós obviamente tivemos de ir atrás dela. Quando todos saímos começou uma grande discussão que começou tão rápido que eu nem tive a chance de acompanhar.

Enquanto a Leonor tentava resolver as coisas, a Raquel apareceu atrás de mim.

- Para alguém procurado pela polícia pareces estar no meio de bastante barulho. - disse a Raquel.

- Então é melhor que saías daqui antes que as atenções voltem para ti também. - disse eu.

- Nós os dois estavamos tão bem.... - comentou ela. Pude perceber também que ela me olhava de cima a baixo.

- É preciso teres lata. - disse a Leonor, notando obviamente o que estava a acontecer.

- Ah... Também cá estás. - disse a Raquel.

- Afasta-te de nós. - ordenou a Leonor.

- De ti sim. Dele nunca. - disse a Raquel.

A primeira vez que eu vi a Leonor, foi amor á primeira vista. Garanto-vos que foi. Ela parecia tão inocente e pura....

Mas naquele momento, aquela não era a Leonor. Pelo menos, não a que eu me apaixonei. Ela mandou-se á Raquel e as duas começaram a lutar mano a mano.

Eu estava na pior situação possível, com elas as duas uma em cima da outra, os outros a discutir e em frente a um restaurante cheio de polícias que obviamente sabiam do nosso caso.

Então acabei por me tornar também alguém que eu não conhecia. Gritei com todos. Mandei a Raquel embora e pedi-lhe para não falar sobre o que tinha acontecido. Gritei com os outros que estavam a discutir, sendo que eu nem sabia o porquê de tal coisa... E gritei com a Leonor. Perguntei-lhe o porquê dela ter feito aquilo e de quase ter estragado o plano. Eu não queria mas aconteceu.

Ela ficou zangada. Muito zangada. Mandou todos de volta para a carrinha, inclusive o rapaz que estava com a Reh... Sem me dizer absolutamente nada. E estamos assim até agora.

- Uau... Realmente fizeste merda. - disse o Andrés, levando rapidamente uma chapada no braço dada pela Sofia. - O que foi?

- Não ligues.... Tu e a Leonor só têm de falar melhor. - disse a Sofia.

- Acho que o mal nesta casa é que ninguém fala com ninguém. Então as coisas ficam muito mais complicadas. - disse eu.

- Mas tens de falar mesmo com ela. Se não eu vou ser obrigado a aturar-te. E isso não é bom. - disse o Andrés.

- Podias tentar ser mais simpático. - disse a Sofia.

- Eu sou simpático... Mas enfim, chama algum dos outros. Temos de ouvir todas as versões. - disse o Andrés.

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