Capítulo 9

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Levantei-me e fui rapidamente à casa de banho lavar a cara. Quando cheguei ao meu quarto tinha o meu tão sonhado macacão vermelho, a minha máscara de Dalí e uma t-shirt cinzenta. Vesti-me ligeiramente mais feliz.

Desci as escadas e encontrei todos, excepto o Berlim.

- NÓS ESTAMOS TÃO LINDAS!!! - disse a Sara vindo a correr até mim e abraçando-me, sendo seguida pela Catarina.

- Vocês trazem a t-shirt? - perguntou a Catarina?

- Sim. - respondemos eu e a Sara ao mesmo tempo.

- Eu não. - disse a Catarina.

- Cada um sabe de si. - disse a Sara.

O Berlim desceu as escadas, com o macacão vermelho vestido e com a pistola.

- Estam todos prontos? - perguntou a Leonor.

Saímos todos e entramos para a carrinha. Deram-nos armas falsas e apartir dali teriamos de meter as máscaras.

O Professor e a Leonor ficaram na carrinha que ia ficar sempre na saída dos fundos e nós saimos.

O plano era basicamente seguir o Berlim. Ele pediu para todos meterem os braços no ar e começaram a verificar todas as pessoas. Demos tempo para o funcionário ligar o alarme. A polícia ia ter de ver que os da máscara de Dalí estavam de volta. Eu ficava encarregue de tirar o dinheiro da máquina registradora. Um erro.

Assim que eu me aproximei do balcão para pegar no dinheiro eu senti alguém puxar-me por trás e espetar-me uma faca na perna. Sim. UMA FACA!!!! Era outro funcionário que se tinha escondido quando nós entramos. Eu caí no chão e gemi de dor. Só deu para ouvir a Catarina gritar o meu nome e um monte de tiros que fizeram os funcionários deitarem-se no chão.

- Merda, merda, merda. - disse o Belim aproximando-se.

- BERLIM A POLÍCIA! VOCÊS TÊM DE SAIR DAÍ! - gritou o Professor que se estava a comunicar com o Berlim através de uma daquelas coisas que se mete num ouvido e no qual não deu para pensar no nome.

- Não consegues andar pois não? - perguntou o Berlim preocupado. Apenas lhe consegui negar com a cabeça.

- BERLIM! - gritava o Professor.

- SAIAM DAQUI! AGORA! - gritou o Berlim, dirigindo-se à Catarina, à Sara, ao António e ao Finn que assim que ouviram isto fugiram.

- Temos de ser rápidos. - disse ele.

Ele tirou as nossas máscaras para ambos conseguir-mos respirar e virou-me de lado para ver melhor o corte. O sangue à minha volta era imenso e já dava para ouvir as sirenes da polícia. Ele ajoelhou-se ao meu lado e nós ficamos extremamente próximos. Ele pressionou a minha ferida com a própria mão e pegou-me como os maridos pegam as noivas, começando a correr.

Entramos na carrinha e o Professor começou a acelerar. Não deu para entender o que estava a acontecer. Para além de ter perdido bastante sangue, a dor era extremamente insuportável.

Eu estava no chão da carrinha, com o corpo entre as pernas do Berlim que me fazia balançar menos e com a Leonor perto do corte pronta para fazer os primeiros socorros.

- Vamos ter de te tirar isto. - disse ela referindo-se ao macacão.

A dor estava tão intensa que eu não pensei duas vezes: comecei a escorrer o fecho do macacão. O Berlim ajudou-me a tirar a parte de cima e a Leonor com cuidado foi tirando a parte de baixo. Eu estava apenas de t-shirt e cuecas e por alguns segundos agradeci por ter vestido a t-shirt.

- Isto vai doer... - disse a Leonor.

- MAIS? - gritei eu. A dor já tomava conta de mim e eu não podia fazer nada.

Ela começou a desinfetar a ferida e nunca na minha vida algo tinha ardido tanto, o que me fez gemer de dor bastante alto. Incoscientemente a minha mão tocou na do Berlim e nós entrelaçamo-las. Eu senti como se ele me tivesse dito para apertar conforme a dor e foi exatamente assim que fiz. A velocidade a que o Professor conduzia ia muito para além do que era permitido por lei... mas quem era eu para julgar? Agora já não dava para voltar atrás com a nossa decisão. Agora, eramos nós contra a lei.

The ComebackOnde histórias criam vida. Descubra agora