Capítulo 63

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Estar com um vestido tão curto como o que eu estava não era propriamente a coisa mais adequada para fazer tendo em conta o frio que estava na rua, mas eu não queria voltar para dentro, então abracei-me a mim própria para tentar tolerar mais o vento.

De repente começou a tocar Right Here dos Chase Atlantic. Ótimo.

Um grupo de rapazes começou a sair do bar, e alguns ficaram á espera dos outros para se irem embora. Eu simplesmente ignorei e continuei com a minha tentativa falhada de me aquecer. Quando percebi um deles já estava a caminhar na minha direção. Merda.

- Olá... Desculpa incomodar mas... Estás com frio? - perguntou.

Como ele não foi mal educado, não tinha um olhar com segundas intenções e pareceu genuinamente preocupado, decidi responder.

- Um pouco, mas não tem mal eu desenrascado-me.

Nisto já estava lá todo o grupo dele. Alguns comentaram sobre nós os dois, mas a maioria estava demasiado bêbado para opinar.

- Toma. - disse ele, tirando o casaco que tinha vestido.

- Não é preciso mesmo...

- Não te vou deixar aqui a passar frio.

Eu não tive tempo para lhe responder, ele já estava a meter o casaco nas minhas costas.

- Obrigada. - disse eu, sorrindo.

Ele sorriu de volta e voltou a ir ter com o grupo, começando a ir embora.

Não vou mentir que aquele casaco foi bastante útil, apesar de não me tapar as pernas. Só algum tempo depois é que eu me dei conta que tinha "roubado" o casaco ao coitado do rapaz. Provavelmente nunca mais o iria ver na minha vida. Bom... Agora já estava tudo feito.

Eles não demoraram a aparecer cá fora para nós também irmos embora. Já estava a ficar tarde.

- A menina já está de bom humor? - perguntou a Catarina.

- Que engraçada.

- De quem é isso? - perguntou o Miguel, apontando para o casaco.

- Um rapaz simpático passou e emprestou-mo porque eu estava com frio.

- Não podes ficar 1 segundo sozinha... - disse a Sara.

Revirei os olhos enquanto ela e as outras de riam. Vi o Berlim a olhar para o casaco, mas ignorei.

- Sempre querem ir aquele sítio? - perguntou o Professor.

Todos eles responderam que sim ao mesmo tempo, então não tive outra opção se não entrar no carro. Por todas as estradas que passamos certamente ia ser um sítio com muita gente. E também não poderia ser, devido á nossa.... Situação.

Quando finalmente chegamos eu analisei o espaço. Era um pequeno lago no meio do nada. Tinha iluminação fraca e algumas mesas, provavelmente era conhecido por algumas pessoas já que os caixotes do lixo estavam cheios. Haviam bastantes árvores e arbustos, o que fazia com que o vento fosse cortado e não fizesse tanto frio. Como reparei nisso decidi tirar o casaco.

Ia mete-lo no carro, mas a Leonor já o tinha trancado. O único carro que ainda não havia sido trancado era o do Berlim. Respeitei fundo e fui até lá, pedindo para deixar o casaco. Antes mesmo dele aceitar eu já estava a meter o casaco no lugar do passageiro da frente.

Fomos todos até uma das mesas perto do lago, alguns sentaram-se, outros ficaram em pé.

- Esta pode ser a última vez que estamos todos juntos assim. - disse q Leonor.

- É triste. - comentou a Sara.

- Triste? Nós estamos constantemente a discutir. - disse o Finn.

- Como uma família. - disse eu.

- A família que nós nunca tivemos. - disse a Catarina.

- Que vos raptou. - comentou o Miguel, fazendo-nos rir.

- O que contou foi a intenção. - disse a Sara.

- Por falar em família.... - disse o Professor, tirando um papel do bolso. - Amanhã vão poder ver alguém da vossa.

Ele estendeu o papel para mim e para a Catarina. Era o papel que o Berlim me tinha dado, com a morada da casa das nossas mães.

- Mas é só uma morada? - perguntei.

- Elas moram juntas.

- Parece que elas.... Estão juntas. - disse a Leonor.

- E como se a nossa vida não pudesse ficar mais estranha... - comentei.

- Isso faz de nós.... Irmãs?

- Nós já somos irmãs.

- Mais que irmãs, sisters. - afirmou a Catarina.

Todos rimos. Ela nunca falhava nisso. Começou-se uma outra conversa á qual eu tentei estar atenta mas não consegui. Alguém me estava a observar. Ele estava a observar-me. Tentei fingir que não tinha notado, mas estava difícil.

- Sofia. - chamou a Reh. - Podemos falar? A sós?

Eu levantei-me e fui com ela até mais perto do lago, enquanto os outros continuavam a conversa.

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