Fui trazida para a realidade por alguém a segurar o meu braço. E claramente não podia ser outra pessoa.
- Não me toques. - disse eu baixo, quase num sussuro.
- Desculpe se a senhora está mal humorada, mas temos de ir. - disse o Berlim.
- Temos de ir onde? - perguntei eu sem entender.
- Não ouvis-te nada do que dissemos? - perguntou o Professor.
- Não. - respondi, começando a ficar irritada como ele.
- Eu explico no caminho. - disse o Berlim. Puxando-me. Mais uma vez.
- Podes parar de me puxar?
- Não. - respondeu ele, imitando-me.
Andamos até perto de uma daquelas casas de banho portáteis.
- Até te convidava para entrares, mas... - ele começou.
- Cala-te antes que eu use outros meios. - respondi.
- Que má.... - disse ele ironicamente, entrando na casa de banho.
Cruzei os braços e fiquei a olhar para todas as pessoas que passavam. O meu pensamento continuava na Catarina e no que é que lhe pudiam estar a fazer. Eu sabia que o meu pai não era de confiança e que se dependesse dele, a Catarina ia passar um péssimo bocado.
- Espero que ainda não tenhas fugido menina mimada. - disse o Berlim.
- Não cachorro do Professor, eu não fugi. - respondi.
- Claro que não... de mim não fugias.
Não respondi. Passado algum tempo ele saiu de lá de dentro e começou a andar. Fiquei apenas parada onde estava, de braços cruzados.
- Mas tu vens? - perguntou o Berlim, quando percebeu que eu não o estava a seguir.
- As minhas pernas já estão a doer.
Ele suspirou e voltou para trás, agarrando-me ao estilo de noiva e levando-nos para um outro sítio. O festival era perto de uma zona de mato, então o que não faltava à nossa volta eram árvores, arbustos e muito outros tipos de plantas. Ele levou-me até ao mato atrás de algumas barracas que vendiam pipocas, algodão doce e gelados. Pousou-me no chão e escondemo-nos atrás de uma árvore.
- Então.... o plano é? - perguntei.
- O teu plano é seguires o meu plano. Independentemente do que eu fizer ou disser. - respondeu.
Ele começou a tirar a roupa que tinha vestida e eu arregalei os olhos. Não porque ele, pela lógica, poderia ficar nu, mas sim porque por baixo da roupa que ele usava estava um macacão vermelho.
- Independentemente do que eu fizer ou disser. - repetiu.
- Ok....
Guardou a roupa que tinha tirado na mochila e tirou a arma e a máscara de Dalí.
- Ouve... tu não tens sozinha a culpa pelo que aconteceu e está a acontecer. - disse ele. - aliás... não é qualquer um que tem coragem para enganar um bando de ladrões.
- Berlim... por favor... apenas tenta motivar-me quando a Catarina estiver a salvo ok?
- Uau.... chamaste-me Berlim.
- Preferes cachorro do Professor? - perguntei sorrindo.
- Andrés. Prefiro Andrés.
Fiquei alguns momentos em silêncio, até perceber.
- É o teu nome verdadeiro?
- É. E fica o nosso segredo sim?
- O nosso segredo. - sorri e ele sorriu de volta.
Ele meteu a máscara de Dalí e o capuz do macacão.
- O que nós vamos fazer agora vai ser o meu verdadeiro teste de confiança contigo. - disse ele.
- Porquê?
Ele virou-me de costas e puxou-me contra o seu corpo, colocando um braço à volta do meu pescoço e apontando-me a arma à cabeça.
- Porque apartir de agora tu és a minha refém.
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The Comeback
FanfictionDepois de La Casa de Papel, eles voltaram. The Comeback tem uma adaptação, The Comeback (The Revamp) que é uma versão adaptada da história, contada de perspectivas diferentes. Ambas as histórias têm personagens e contextos de La Casa de Papel, não s...