Capítulo 24

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Fui trazida para a realidade por alguém a segurar o meu braço. E claramente não podia ser outra pessoa.

- Não me toques. - disse eu baixo, quase num sussuro.

- Desculpe se a senhora está mal humorada, mas temos de ir. - disse o Berlim.

- Temos de ir onde? - perguntei eu sem entender.

- Não ouvis-te nada do que dissemos? - perguntou o Professor.

- Não. - respondi, começando a ficar irritada como ele.

- Eu explico no caminho. - disse o Berlim. Puxando-me. Mais uma vez.

- Podes parar de me puxar?

- Não. - respondeu ele, imitando-me.

Andamos até perto de uma daquelas casas de banho portáteis.

- Até te convidava para entrares, mas... - ele começou.

- Cala-te antes que eu use outros meios. - respondi.

- Que má.... - disse ele ironicamente, entrando na casa de banho.

Cruzei os braços e fiquei a olhar para todas as pessoas que passavam. O meu pensamento continuava na Catarina e no que é que lhe pudiam estar a fazer. Eu sabia que o meu pai não era de confiança e que se dependesse dele, a Catarina ia passar um péssimo bocado.

- Espero que ainda não tenhas fugido menina mimada. - disse o Berlim.

- Não cachorro do Professor, eu não fugi. - respondi.

- Claro que não... de mim não fugias.

Não respondi. Passado algum tempo ele saiu de lá de dentro e começou a andar. Fiquei apenas parada onde estava, de braços cruzados.

- Mas tu vens? - perguntou o Berlim, quando percebeu que eu não o estava a seguir.

- As minhas pernas já estão a doer.

Ele suspirou e voltou para trás, agarrando-me ao estilo de noiva e levando-nos para um outro sítio. O festival era perto de uma zona de mato, então o que não faltava à nossa volta eram árvores, arbustos e muito outros tipos de plantas. Ele levou-me até ao mato atrás de algumas barracas que vendiam pipocas, algodão doce e gelados. Pousou-me no chão e escondemo-nos atrás de uma árvore.

- Então.... o plano é? - perguntei.

- O teu plano é seguires o meu plano. Independentemente do que eu fizer ou disser. - respondeu.

Ele começou a tirar a roupa que tinha vestida e eu arregalei os olhos. Não porque ele, pela lógica, poderia ficar nu, mas sim porque por baixo da roupa que ele usava estava um macacão vermelho.

- Independentemente do que eu fizer ou disser. - repetiu.

- Ok....

Guardou a roupa que tinha tirado na mochila e tirou a arma e a máscara de Dalí.

- Ouve... tu não tens sozinha a culpa pelo que aconteceu e está a acontecer. - disse ele. - aliás... não é qualquer um que tem coragem para enganar um bando de ladrões.

- Berlim... por favor... apenas tenta motivar-me quando a Catarina estiver a salvo ok?

- Uau.... chamaste-me Berlim.

- Preferes cachorro do Professor? - perguntei sorrindo.

- Andrés. Prefiro Andrés.

Fiquei alguns momentos em silêncio, até perceber.

- É o teu nome verdadeiro?

- É. E fica o nosso segredo sim?

- O nosso segredo. - sorri e ele sorriu de volta.

Ele meteu a máscara de Dalí e o capuz do macacão.

- O que nós vamos fazer agora vai ser o meu verdadeiro teste de confiança contigo. - disse ele.

- Porquê?

Ele virou-me de costas e puxou-me contra o seu corpo, colocando um braço à volta do meu pescoço e apontando-me a arma à cabeça.

- Porque apartir de agora tu és a minha refém.

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