Capítulo 11

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Assim que chegaram a Sara trancou a porta e a Catarina vinha com as mãos atrás das costas.

- Vocês devem estar com fogo no cu. - disse eu tentando arranjar-me melhor na cama.

- É a ansiedade para te fazer feliz. - disse a Sara sentando-se ao meu lado.

- Nós sabemos que provavelmente preferias o Berlim para cuidar de ti e te fazer feliz... mas só podemos tratar da parte do cuidar de ti. Nenhuma de nós sabe fazer em mulheres e... - começou a Catarina.

- Tu não te vais cansar disso? - interrompi eu.

- Não.

- Como te sentes? - perguntou a Sara.

- Melhor...

- Então ainda vais ficar mais. - disse a Catarina.

Ela tirou uma garrafa de vinho de trás das costas.

- Vocês estam malucas? - perguntei eu.

- Talvez. - disse a Catarina levando a garrafa, que já vinha aberta, à boca.

- Ela teve a ideia... eu apenas apoiei. - disse a Sara.

- Se ficarem bêbadas não digam que não avisei... mas agora ajudem-me a vestir o pijama.

Com alguma dificuldade, elas lá me conseguiram ajudar e vestiram os delas. Nós já nos tinhamos visto nuas várias vezes, então não tinhamos vergonha umas das outras.

Elas sentaram-se na cama a beber e eu continuei deitada.

- Ok, eu não aguento mais. - disse eu.

- Eu sabia que ias querer, podias já ter dito. - disse a Sara, estendendo-me a garrafa.

- Não é isso... é que... - comecei eu, sendo impedida pela minha insegurança.

Elas eram as pessoas que nunca me tinham deixado e apesar de serem malucas, eram as minhas malucas em quem eu confiava. Ignorei aquela insegurança e simplesmente contei tudo. A conversa com a Leonor, os bilhetes para o festival e o facto de achar que todos ficariam bem sem mim.

E eu recebi abraços, beijos e palavras que me reconfortaram bastante.

- Sem ti, quem é que cuidava de nós? - perguntou a Sara.

- E com quem é que iamos desabafar? - perguntou a Catarina.

- E quem é que ia estar lá para nos aturar mesmo nós sendo insuportáveis? - perguntou a Sara.

- E a quem é que eu ia dizer QUE EU TINHA RAZÃO? CHUPA! ESTAVA TÃO NA CARA QUE ELE GOSTA DE TI! - gritou a Catarina.

- Fala mais baixo! - disse eu.

- A pergunta é... tu gostas dele? - perguntou a Sara.

- Não sei... é tudo muito confuso.

- É exatamente isso que alguém que está apaixonado diz. - disse a Catarina.

- Mas falando em coisas melhores... nós podiamos aproveitar isso para irmos ao festival. - disse a Sara com um sorriso malicioso.

- Aproveitar o quê? - perguntou a Catarina.

- Ele gostar de mim? - perguntei eu.

- Sim! Se tu lhe pedires à mais hipóteses dele nos deixar ir. Quando estás apaixonado fazer tudo pela pessoa. - disse a Sara.

- Eu não sei... eu e ele nunca tivemos uma conversa a 100%... - disse eu. E realmente, parando para pensar a única conversa que tinhamos tido foi antes e enquanto eu estava drogada.

- Porque tu nunca puxas-te assunto e ele tem medo de estragar tudo. - disse a Catarina.

- Mas e se ele não deixar? Quer dizer eu nem sei se posso ir... olhem a minha perna. - disse eu.

Elas olharam uma para a outra. Eu nunca soube bem como é que elas pensavam... a Catarina levou outra vez a garrafa à boca e pareceu que o álcool lhe acendeu uma luz na cabeça.

- E se tu não fores? - perguntou ela.

- Meu Deus que simpática... - disse a Sara.

- É não é. Os bilhetes foram comprados para mim e não me queres levar? - perguntei eu.

- Não é isso... é que, se tu por acaso ficares em casa a "distrair" o Berlim e depois lhe disseres que queres ir talvez resulte... - disse a Catarina.

- Tu queres que ela faça sexo com ele com a perna naquele estado? - perguntou a Sara.

- Eu não vou fazer sexo com ninguém! - disse eu.

- Eu não digo sexo, mas... sei lá, atirares-te a ele ou assim. - disse a Catarina.

- Isso até podia resultar... se a Sofia tivesse a certeza de que o Berlim não é um maluco que lhe pode fazer mal! Viram o que disseram nas notícias? Ele traficava e violava mulheres! - disse a Sara.

- Ele já disse que isso era mentira, mas é melhor não arriscar mesmo. - disse a Catarina.

Naquele momento, a porta abriu. Eram o Berlim e a Leonor.

- Estás melhor? - perguntou a Leonor assim que entrou.

- Sim, obrigada. - disse eu.

- Não queres que ela te faça outra ligadura? - perguntou o Berlim.

- "Ela" tem nome e não é preciso outra ligadura. - disse a Leonor. - E também, vieste aqui fazer o quê?

- Ver se estava tudo bem. - disse ele.

- Já viste. Podes ir.

- Senhoras primeiro. - disse ele abrindo espaço para a Leonor passar.

- Tu és tão irritante. - disse a Leonor saindo do quarto.

- Tens a certeza de que está tudo bem? - perguntou o Berlim aproximando-se da cama.

- De certeza, podes ficar descansado. - disse eu sorrindo.

- Isso é...? - perguntou ele, referindo-se à garrafa que a Catarina tinha na mão.

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