Capítulo 59

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Fui acordada com alguém a chamar por mim. Ainda estava com bastante sono então apenas murmurei algo não compreensível na esperança que a pessoa entendesse que eu ainda queria dormir, mas não foi isso que aconteceu.

- Acorda! - disse a Catarina tocando no meu braço e balançando-me levemente.

Eu continuei com os olhos fechados mas não durante muito tempo, já que a insistência dela não permitiu.

- O que foi? - perguntei eu, coçando os olhos.

- O que é isto? - perguntou a Catarina, com os tais papéis na mão.

- Quem te mandou mexer nisso? - perguntei, tirando-lhe todos os papéis da mão.

- Estavam aqui e eu só vi.... O que é isso?

- Achava que estavas zangada comigo.

- E estou.

- Então porque é que mexeste nos meus papéis e me acordaste?

- Porque os papéis chamaram-me a atenção e tu já devias ter acordado, a Leonor já nos chamou à algum tempo.

- Tu és inacreditável. Isto são alguns papéis que o Berlim me deu antes de sairmos de casa.

- E porque é que um deles tem moradas?

Olhei para os papéis e realmente estava lá o tal papel com as informações nas nossas mães. A única explicação possível e mais lógica era que o Andrés simplesmente mandou os papéis por mim para que, caso a polícia fosse virar a casa de cabeça para baixo á procura de provas para nos incriminar, não descobrissem ou tentassem descobrir aquelas moradas e o que significavam. Apenas podia ser isso certo?

- Não sei porque têm moradas. - menti.

- Eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes exatamente o que é que isso é. Não vais mesmo contar?

- A Leonor não nos estava a chamar? - perguntei, enquanto me afastava dela para acabar com aquela conversa.

Andei até a cozinha da casa, sendo seguida pela Catarina, e lá já estavam a Reh, a Leonor e a Sara todas sentadas, provavelmente à nossa espera. Todas elas estavam bastante nervosas e isso era claramente perceptível. Eu e a Catarina sentamo-nos junto a elas e ficamos em silêncio.

A Leonor tirou um telemóvel do bolso e meteu-o em cima da mesa. Desbloqueou-o e foi a galeria, onde estava um único vídeo.

Todas continuamos em silêncio, enquanto esperávamos que ela iniciasse o vídeo e ajustasse o som para que conseguíssemos ouvir.

Eram eles.

"Confirma que esteve envolvido com os maiores ladrões da atualidade? - perguntou um polícia."

O Finn, que apenas estava naquela sala com um polícia não lhe respondeu. Olhou para ele como se soubesse todos os pecados que aquele homem alguma vez tinha cometido, tal como as crianças fazem, mas isso não abalou o polícia que continuou á espera de uma resposta.

Ouve um corte na imagem e apareceu outra sala, igual a que o Finn estava, só que desta vez quem estava lá sentado era o Pedro. Ele estava a ser interrogado por uma polícia.

"Qual é a sua envolvência com estes ladrões? - perguntou a polícia."

" Não sei do que fala. - respondeu ele, sério."

"Não? Então o que fazia na casa onde eles se encontravam?"

"Estava... Á procura de uma amiga."

Todas nós olhamos para a Reh, que permaneceu calada. Voltou a haver um corte na imagem e apareceu o Professor. Ele estava também numa sala como estavam o Finn e o Pedro, mas era o meu pai que o interrogava.

"Onde estão elas? - perguntou o meu pai."

"Sabe que eu realmente acho engraçado que vocês polícias queiram ir logo diretos ao assunto. Onde está a introdução? Uma pequena conversa para começarmos ambos a digerir a informação que precisamos?... Sinceramente eu acho... - começou o Professor."

"Nós não temos tempo para isto."

E então o vídeo acabou. Era claro que o Professor queria ganhar tempo ao fazer toda aquela conversa. E também estava claro que o Finn e o Pedro souberam reagir bastante bem á pressão de serem interrogados, ainda para mais que eles estavam realmente envolvidos.

- E onde estão os outros? - perguntou a Catarina.

- Só conseguimos as imagens deles. - disse a Leonor.

- E o que vamos fazer agora? - perguntou a Sara.

A Leonor levantou-se e foi buscar uma caixa que estava perto de uma das paredes da cozinha. Pouso-a em cima da mesa a abriu-a.

- Felizmente o Professor deixou-nos preparadas. - disse a Leonor.

Dentro da caixa estavam disfarces, perucas e maquilhagem.

- Oh não.... - disse a Catarina.

- Oh sim. Vamos ter de o fazer. - disse a Leonor.

Dentro da caixa haviam 2 fatos de polícia e 3 roupas comuns de dia a dia.

- Nós temos um plano. E desta vez não podem, de maneira nenhuma, haver erros. - disse a Leonor.

Passamos o resto da manhã a estudar o plano, que teríamos de fazer á tarde. Seria bastante complicado e arriscado, mas teria de ser.

No fundo eu sentia-me preocupada. O que é que aquele homem me tinha feito sentir? Enquanto ouvia a Leonor explicar-nos o que iríamos fazer o meu coração batia muito rápido. Só de pensar o que é que lhe podiam estar a fazer...

E pela cara de todas nós, eu não era a única preocupada. Nós teríamos de fazer isto. Por eles. 

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