Capítulo 27

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Eu tinha traído o meu pai ao ter aceitado participar nisto. E naquele momento estava a traí-los a eles ao aceitar a ajuda da polícia.

Mas não havia mais nenhuma escolha ou saída. Pelo menos era o que eu achava.

- Vocês sabiam que roubar a ajudante do mágico no meio do espetáculo é muito feio? - disse alguém com uma voz muito familiar.

Eu e os polícias olhamos na mesma direção. Era alguém num macacão vermelho e com a máscara de Dalí, com uma arma apontada à cabeça da polícia que me segurava a mão.

A pessoa que tinha falado disparou à queima roupa para os polícias e eles encolheram-se para se tentarem defender, soltando-me a mão que logo foi agarrada. Por ninguém menos do que o Berlim, mas isso acho que todos vocês já devem ter reparado.

- Vamos embora. - ordenou o Berlim.

Começamos todos a correr para a entrada principal do festival, onde estava o Professor já a postos com a carrinha. Era apenas entrar e acelarar.

Mas como era de esperar nós estavamos a ser seguidos, pelo meu pai e por outros 2 polícias. Quanto mais rápido todos tentavamos correr, mais parecia que eles nos estavam a alcançar. E vamos ser sinceros, para uma pessoa que foi esfaqueada à pouco tempo na perna, não era nada bom correr uma maratona.

E por mais que eu me esforça-se, a minha perna começou a falhar e eu não conseguia correr mais.

- Berlim... - chamei-o quase num sussurro.

Ele ouviu e olhou para trás.

- Sofia nós não podemos parar agora.

- Eu não vou conseguir.

- Professor, temos um problema. - disse o Berlim pelo comunicador. - A Sofia não vai conseguir chegar.

O Professor respondeu pelo comunicador algo que deixou o Berlim assustado, já que o mesmo apertou a minha mão com mais força e arregalou os olhos.

Ele suspirou fundo e ambos paramos de correr.

- Ouve-me bem Sofia. Eu venho buscar-te sim? Eu prometo que venho. - disse ele agarrando as minhas mãos.

- O que é que estás a dizer? - perguntei confusa.

Ele engoliu a seco e começou a correr sozinho. Deixando-me ali, sozinha e coxa.

A minha perna não aguentou mais e eu caí do chão. Enquanto ao fundo os via a entrar na carrinha.

- Filha! - gritou o meu pai, que me tinha alcançado.

Ele veio até mim e abraçou-me, enquanto que os outros polícias tentavam, em vão, alcançar a carrinha que agora começava a arrancar.

Eu não podia acreditar que eles me tinham deixado ali sozinha. Comecei a chorar e agarrei-me ao meu pai.

- Está tudo bem agora. - sussurrava ele.

Não. Não estava tudo bem. Agora eu estava sozinha, como provavelmente devia ter ficado desde o início.

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