Capítulo 65

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Estava tudo escuro mais uma vez. Voltei a ouvir as vozes que chamavam o meu nome. Senti frio, mas ao mesmo tempo o meu corpo estava suado. As vozes estavam cada vez mais altas.

Até eu acordar.

Já não era a primeira vez que eu tinha aquele pesadelo. Mas era a primeira vez que o tinha enquanto estava outra pessoa deitada ao meu lado na cama.

Virei-me para o Berlim e percebi que ele ainda dormia, mesmo com a luz do sol a bater-lhe na cara.

Ontem á noite depois daquele beijo e de voltarmos para perto das mesas acabamos por ir embora, mesmo sem termos a tal conversa sobre tudo o que estava a acontecer entre o Berlim e eu. Digamos que... Quando regressamos a casa, eu e ele... Repetimos o beijo. Várias vezes. E eu acabei aqui, no quarto dele. E acabaram por acontecer algumas coisas. Sabem. Enfim, esta parte não é relevante.

- Sabes que é falta de educação estares a olhar para as pessoas enquanto elas dormem? - murmurou o Berlim, ainda de olhos fechados.

- Como é que sabes que eu estava a olhar para ti?

- Eu sei tudo.

- Convencido.

Ele sorriu e meteu os braços á volta da minha cintura e puxou-me para si. Rapidamente abracei-me ao corpo dele e ficamos assim. Em silêncio. Apenas a aproveitar o tempo e o contacto físico que tinhamos. Estava tudo perfeito. Perfeito de mais para o que podia ser considerado o nosso normal.

Mas algo nos teve de parar. Algo que era necessário e extremamente importante e que, por consequência, não podia esperar.

- Andrés...

- Sim?

- Eu estou a morrer de fome.

Ele deixou um riso escapar e soltou-me dos seus braços.

- Então vamos descer.

Depois de alguns minutos já estávamos lá em baixo. Acordados apenas estavam a Leonor e o Professor, que estavam sentados a tomar o pequeno almoço. Provavelmente os outros estavam ainda a recuperar da noite de ontem.

- Bom dia. - disse eu, tirando um pouco da comida que a Leonor tinha no prato e metendo-a na boca.

- Faz a tua! - disse a Leonor desviando o prato para eu não o conseguir alcançar. - Isto são as más influências, já queres roubar tudo.

Eu e o Berlim preparamos o nosso pequeno almoço e sentamo-nos com eles. Depois de algum tempo os outros começaram a descer, e não tardou até que todos estivessemos sentados. O Professor queria falar connosco sobre o que é que iria acontecer hoje.

- Como todos vocês sabem já se passou algum tempo desde que vocês estão connosco. Mas nunca chegaram a saber o verdadeiro motivo. Até agora. - começou o Professor.

- Nós precisávamos de criar estas pequenas distrações e atrapalhar a polícia para que os outros assaltantes que estavam da Fábrica Nacional da Moeda e Timbre connosco conseguissem sair do país. E hoje tivemos a confirmação de que todos conseguiram. Agora restamos nós. - disse a Leonor.

- Mas não podemos ir embora sem vos dar o que tínhamos acordado. - disse o Berlim.

Olhei para a Catarina e depois olhei para eles os 3. Eu não estava a acreditar.

- Nós vamos ver as vossas mães.

Olhei para o Berlim e ele sorriu para mim. Não acreditava que este momento ia chegar, muito menos que eles iriam cumprir as promessas tendo em conta que a maioria do plano deu errado.

A Catarina veio abraçar-me. Estávamos as duas no auge da felicidade. Finalmente íamos vê-las. Saber quem são.

E por um segundo, íamos baixar a nossa guarda.

The ComebackOnde histórias criam vida. Descubra agora