A tarde chegou e com ela, as explicações do Professor sobre o assalto do dia seguinte. Eu apenas ouvi a parte de que todas as sextas apartir dali iam ser para nós assaltar-mos lojas de conveniência.
Na minha cabeça, eu apenas conseguia pensar no que a Leonor me tinha dito. Em literalmente tudo o que ela me tinha dito. Desde o facto de eu ser a "filhinha de ouro" do meu pai, daí eles terem de me dar mais atenção, até ao Berlim e na mentira que eu tinha contado. Sim, porque eu definitivamente não gosto do António. Ele é como um irmão para mim. E é gay.
Sabem quando vocês param e olham para um ponto específico enquanto pensam na vossa existência? Foi exatamente isso que eu fiz. Só que, por coincidência ou não, o ponto que o meu cérebro escolheu para pensar foi o cabelo do António.
- Terra chama Sofia? - perguntou a Leonor.
- Sim, hum... podem continuar. - disse eu, voltando para a realidade.
Claro que eu não voltei a prestar atenção ao Professor, mas o António notou que eu tinha estado a olhar para ele então começou a fazer-me caretas, fazendo-me rir.
Quando o Professor acabou de falar, o Berlim subiu para o andar dos quartos.
- Eu estou a sentir-me muito rebelde. - disse a Sara.
- Eu também, tipo aquelas personagens bem bad girls das séries. - disse a Catarina.
- Imaginem só como é que nós vamos ficar com os macacões vermelhos! - disse o António, sorrindo.
- NÓS VAMOS FICAR LINDOS MEU DEUS! - disse eu, sorrindo também.
- Imaginem o Berlim a proteger a Sofia e vice versa! OPA EU SHIPPO TANTO. - disse a Catarina. Eu ainda não tinha contado a ninguém, a coragem era pouca.
Ficamos a conversar, jantamos e fomos até aos quartos. Só que, como eu sou o azar em pessoa, quando ia a subir as escadas meti o pé mal e teria caído para trás, se ele não me tivesse agarrado na cintura.
- Estás bem? - perguntou o Berlim.
- Sim... obrigada - disse eu continuando a subir as escadas.
- Sofia eu preciso de falar contigo. - disse o António assim que cheguei ao fim das escadas.
Eu olhei para o Berlim e percebi que ele já estava a olhar para mim, mas o António literalmente puxou-me para o meu quarto. Por algum motivo, eu apenas consegui parar de fazer contacto visual com o Berlim quando o António fechou a porta.
- Senta-te. Eu tenho algo para te contar. - disse o António. O meu coração disparou. Pelo tom serio em que o António falava, eu tinha medo de que o Berlim lhe tivesse feito algo.
- O que se passa?
Ele tirou algo do bolso e entregou-me na mão.
- Eu ia fazer-te a surpresa, mas isto tudo aconteceu...
Eram 5 bilhetes para um festival, onde iriam vários cantores: o Shawn Mendes, a Camila Cabello, a Ariana Grande... e as Little Mix.
- Oh meu Deus. - disse eu. A única coisa que consegui fazer foi meter as mãos na cara e começar a chorar.
- Eu preferi dar-te a ti... provavelmente não vamos conseguir ir... mas ficas com a intenção.
Depois daquilo eu queria desaparecer. Eu era fã das Little Mix desde os meus 12 anos. O António abraçou-me.
- Eu prometo que quando sairmos disto, tu vais a um concerto só delas com o bilhete VIP. - disse ele.
- Eu já te disse que te adoro? - disse eu, a tentar engolir o choro.
- Eu sei que tu me adoras, não precisas de dizer.
Eu acalmei-me um pouco e ele sentou-se ao meu lado.
- Também há algo que precisas de saber. - disse eu.
- É algo mau?
Eu contei-lhe tudo. Achei o momento certo e também tinha de o preparar para o que pudesse acontecer... e foi exatamente isso que também lhe expliquei.
- Desde que ele não te faça mal está tudo bem. - disse o António, abraçando-me.
Ficamos um pouco abraçados, até que a porta do quarto de abriu. Era impressionante como ninguém naquela casa batia à porta.
- Tens de ir para o teu quarto. - disse o Berlim.
O António fez-me sinal para que eu escondesse os bilhetes. Meti-os de baixo na almofada enquanto o Berlim esperava que ele saisse. Olhei para um ponto fixo do quarto à espera de que a porta se fechasse, o que não aconteceu.
Quando me dei conta o Berlim estava próximo a mim.
- Tu estives-te a chorar. - reparou ele. - Está tudo bem?
- Está... - disse eu.
- De certeza?
- Sim.
- Ninguém chora porque tudo "está bem".
- O amor faz-te chorar por tudo. - disse eu, arrependendo-me no mesmo instante. Eu estava a falar do meu amor pelas Little Mix e isso ele não sabia.
- Porque é que eu acho que o teu choro tem haver com a falta desse amor e não a presença dele?
- Como é que sabes?
- Porque eu sei como é.
Ele estava a falar de mim. Mais uma vez que fiz alguém sofrer.
- Está tudo bem, não precisas de te preocupar. - insisti eu mais uma vez.
Depois dele ter ido embora eu só soube chorar. Chorei a noite toda. Apenas a culpar-me a mim mesma. Se eu não existisse todos à minha volta estariam melhor. Desde o Finn até ao Berlim. Absolutamente todos.
Mas quando eu ia a pegar no sono, ouvi alguém bater à porta. À minha e à de todos.
O amanhã tinha chegado. Era o dia do assalto.
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The Comeback
FanfictionDepois de La Casa de Papel, eles voltaram. The Comeback tem uma adaptação, The Comeback (The Revamp) que é uma versão adaptada da história, contada de perspectivas diferentes. Ambas as histórias têm personagens e contextos de La Casa de Papel, não s...