Capítulo 17

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- Enfim... gostei muito desta conversa, mas tenho de ir. - disse o Berlim.

- NÃO! Quer dizer... hum... eu não quero ficar sozinha. - disse eu.

- Eu fico mais um pouco então. - disse ele sentando-se na cama.

O meu coração estava a bater muito rápido. Eu não fazia a menor ideia sobre o que conversar e não podia estragar assim o plano. Um silêncio constragedor instalou-se naquele quarto.

- Não preferes que eu chame a Catarina? - perguntou.

- Ela estava com muitas dores de cabeça, não a quero incomodar. - menti.

- E a Sara?

- O Finn disse que queria aproveitar esta noite com ela... eu definitivamente não quero saber o que é que eles estam a fazer.

- E... o António?

- As coisas entre nós os dois não têm estado muito boas... iamos ficar mais calados do que eu e tu agora.

O silêncio voltou, mas desta vez não a 100%, já que a uns quartos ao lado a Leonor e o Professor estavam a conversar.

- Posso ser sincero contigo? - perguntou ele, fazendo o meu coração bater ainda mais forte.

- Podes.

- Eu prefiro-te muito mais a ti do que aos teus amigos.

- Não há nada neste mundo que eu prefira mais que eles.

- Cada um com as suas opiniões.

- Eu só quero que tudo isto acabe, para eu poder estar com a minha mãe e talvez ser feliz ao lado dela.

- Talvez? Não devias pensar que o vais ser?

- Depois de tantos anos da minha vida a sofrer, já não existe nada a que eu acredite a 100%.

Naquele momento, a porta do quarto abriu, mostrando o Professor e a Leonor, que por ironia do destino, veio armada.

- Levanta-te e não digas absolutamente nada. - ordenou ela e assim o fiz.

- O que é que se passa? Tu tens merda na cabeça? - perguntou o Berlim, levantando-se e indo em direção à Leonor.

- Sofia... vais contar-lhe tu? Aproveitas e contas a todos o que é que planearam sim? - perguntou o Professor.

- Do que é que estam a falar? - perguntou o Berlim confuso.

- O António tinha-me preparado uma surpresa... era suposto ele ter-me dado bilhetes para um festival no dia em que vocês nos raptaram... - comecei.

- Eu não acredito. - disse a Leonor, visivelmente desapontada.

- Vocês não sabem o quanto é que aquele festival significa para mim e o quanto é que eu fiquei triste por não ir. - disse eu com lágrimas nos olhos.

- Nós tinhamos uma regra. - disse a Leonor.

- Qual? A de ficarmos a ser os vossos criados? - perguntei eu.

- Todos concordaram com o acordo. - disse o Professor.

- Ninguém sabia das regras quando vocês nos pressionaram para aceitar! Ninguém sabia que nós iamos ter de ser ladrões para favores serem cumpridos! - disse eu, deixando já a raiva falar.

- Nós temos de os ir buscar. - disse a Leonor.

- Nós vamos buscá-los, mas todos vão ouvir. - disse o Professor saindo do quarto, sendo seguido pela Leonor.

O Berlim, sem dizer absolutamente nada, saiu também. Eu sabia que ele estava zangado e desapontado. E o amor falhou mais uma vez comigo.

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