Acordei com a minha cabeça a andar à roda. Esfreguei os olhos e olhei à minha volta. Aquilo era totalmente novo para mim. Eu não sabia onde estava, com quem estava e o que é que me iam fazer. E isso assutava-me. Não sabia o que é que lhes tinham feito, eu só queria abraçar-me ao António para ele me dizer aquelas palavras reconfortantes e que tudo ia ficar bem.
A mulher que tinha estado comigo na noite passada bateu à porta e entrou no quarto. Sem dizer uma única palavra ajudou-me a levantar da cama e a descer as escadas onde estavam todos os outros. A Sara e o Finn estavam abraçados, a Catarina estava a chorar e o António estava com um ar super sério. Ela sentou-me no sofá, entre a Catarina e o António e eu comecei a tremer. O medo tinha tomado conta de mim.
O António agarrou na minha mão, como se me estivesse a tentar dizer que tudo ia ficar bem... o problema é que eu sentia que não ia ficar.
Depois de algum tempo, o silêncio foi quebrado.
- Antes de tudo, bom dia. Nós sabemos que não é um final de semana como vocês queriam, mas teve de ser. - disse ele.
Pela primeira vez eu tive a coragem de levantar a cabeça e fazer algum contacto visual. Sem músicas de fundo, sem drogas no meu corpo e sem que o único brilho possível fosse o do telemóvel. E aí o meu corpo arrepiou-se por completo, o meu coração começou a bater ainda mais forte e aquele sentimento de que nada ia ficar bem começou a invadir cada vez mais a minha mente. Eram eles.
- Devem saber quem somos não? - perguntou o homem. Naquele momento eu senti a Catarina agarrar-se mais forte a mim e começar a chorar cada vez mais. Acho que todos sabiamos quem eles eram.
- Vocês vão tratar-nos extamente como nos conheceram. Berlim e Professor. - disse o Berlim começando a aproximar-se.
- E Leonor. - disse ela. Eu senti naquele momento que talvez, por um segundo que fosse, ela ia ser o meu anjo da guarda.
- Vocês estam aqui, não para serem reféns, mas para nos ajudarem. - disse o Professor.
Todos, exceto a Catarina que afundava a cara no meu ombro, trocamos olhares. Estavamos confusos. Num dia raptam-nos e no outro querem a nossa ajuda?????
- Nós sabemos que vocês as duas têm um pai polícia e que o teu pai é bastante rico. - disse o Professor, referindo-se a mim e a Catarina e depois ao Finn.
- Mas também sabemos que nenhum de vocês os 3 gosta deles. - disse a Leonor, que era a única pessoa naquela sala que eu ouvia com toda a atenção do mundo.
- Ajudem-nos e nós ajudamo-vos. - finalizou o Berlim.
- Porque haveriamos nós de vos ajudar? - perguntou o António com raiva e eu apertei-lhe a mão. Eu não queria que nada lhe acontecesse.
- Porque já não têm escolha. Se saírem daqui vamos ter de vos matar. - disse o Professor como se o que aquela frase fosse algo normal.
- E o que ganhamos com isso? - perguntou o Finn.
- O que vocês quiserem. - disse o Berlim.
- Dentro de limites, é claro. - afirmou o Professor.
- Está nas vossas mãos, o que quiserem ou a morte. - disse a Leonor.
O Berlim aproximou-se da Catarina e agarrou-lhe as mãos, fazendo com que ela tirasse a cara no meu ombro.
- Chamas-te Catarina, não é? - perguntou ele aproximando-se cada vez mais dela.
- S...sim... - disse ela entre soluços.
- Tem calma... - disse ele aproximando-a mais de si e separando os nossos corpos. - Sentes as minhas mãos? São as mãos de um monstro?
- Não... - disse a Catarina, ainda a chorar.
- Porque eu não sou um monstro. - disse ele. - Eu sei exatamente como te sentes. Boca seca, sem fôlego... tens de tentar acalmar-te. Respira.
A Catarina começou a inspirar e a expirar conforme as ordens dele e conseguiu acalmar-se um pouco.
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The Comeback
FanfictionDepois de La Casa de Papel, eles voltaram. The Comeback tem uma adaptação, The Comeback (The Revamp) que é uma versão adaptada da história, contada de perspectivas diferentes. Ambas as histórias têm personagens e contextos de La Casa de Papel, não s...