Capítulo 52

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Senti alguém a tocar-me no braço e a chamar-me, fazendo-me despertar.

- Bom dia. - disse o Berlim, levantando-se e indo até a janela.

Ele abriu os estores e a luz do sol fez-se presente no quarto, o que me fez tapar a cara com uma almofada.

- Porque é que me estás a acordar? - perguntei eu, ainda com a minha voz de sono.

- Porque hoje é a nossa vez de lhes darmos missões. - disse ele, tirando a almofada da minha cara.

- Mas eu estava a dormir tão bem... Deixa-me dormir por favor... - disse eu, voltando a posição em que estava enquanto dormia e fechando os olhos.

- Não. - disse ele, voltando a tocar-me no braço e abanando de leve o meu corpo.

Suspirei e olhei para o relógio que ele tinha em cima da sua mesa de cabeceira, o que me fez arregalar os olhos.

- São 8 da manhã Berlim... - disse eu, choramingando.

- Tudo bem... Parece que vou ter de fazer tudo sozinho.

- O que é que queres fazer?

- Agora estás interessada?

- Não comeces.

- Bom... Já que seria para eles fazerem as missões deles... Como nos obrigaram a fazer a nossa.... Nós os dois íamos sair daqui o dia todo....

Olhei para ele sem entender.

- Estás a dizer que íamos ficar sozinhos o dia todo?

- Exatamente. - disse ele sorrindo.

- Na cidade onde a polícia nos está a procurar?

- Achava que quem tinha de fazer o papel de Professor era eu, mas afinal quem está a agir como ele és tu.

- Eu não sei quanto a ti, mas ir presa está fora dos meus planos. E além disso... O Professor sabe deste teu... "Plano"?

- Não... E só vai saber quando acordar, se nós formos embora antes disso.

- Achava que eras o cachorro dele.

- Agora és tu que estás a começar.

Suspirei fundo e acabei por me levantar.

- Então qual é o plano? - perguntei, fazendo-o sorrir ainda mais.

Ele negou-se a explicar-me o que é que iríamos fazer, dizendo que eu ia ver quando lá chegassemos. Fomos os dois para as nossas respetivas casas de banho fazer as nossas higienes e encontramo-nos na cozinha. Acabei por vestir uma roupa dele, já que toda a roupa que supostamente deveria ser para mim estava nos quartos da Reh e da Catarina.

Depois de comermos saímos de casa e fomos até ao carro. Ele ligou-o e fomos por um caminho que nunca tínhamos ido antes. Eu nem sequer conhecia esta parte da cidade, mas a sua grande maioria era com paisagens cheias de árvores. Eu ia observando tudo e ele estava com atenção à estrada. Estávamos ambos em silêncio, até ele cortar isso.

- Eu fiz uns papéis iguais aos que eles fizeram para nós e dei-me ao trabalho de assinar por nós os dois. De nada. - disse ele.

- Espero que tenham sido coisas decentes que lá tenhas escrito, porque se não foram eu não quero compactuar com isso.

- Já estás a compactuar. Estás aqui comigo não estás?

- Tu obrigaste-me a vir.

- Não me lembro da história bem assim... Mas tudo bem. E o que é que achas que eu poderia ter lá escrito? Para eles terem sexo uns com os outros?

Eu olhei para ele indignada.

- Eu estava a referir-me a coisas que podias ter escrito que os podessem ofender. Mas tu quiseste levar as coisas para outro lado. Sinceramente Berlim... Esperava mais.

- Andrés. - corrigiu ele. - Quando estamos sozinhos prefiro que me chames Andrés.

- Tudo bem... Andrés, para onde é que me estás a levar?

- Tu és muito curiosa... Acalma-te.

- Eu estou calma. Eu estou sempre calma.

- Também és mentirosa.

Bati-lhe no braço levemente e ele riu.

- Não vou aceitar que me insultes.

A viagem continuou com conversas pequenas mas até bastante agradáveis. Já fazia bastante tempo que eu não me sentia assim tão calma... E ele estava a ajudar-me com isso. A maneira como eu me sentia bem ao lado dele... Nem sequer dava para descrever. E eram momentos como este que eu desejava que nunca acabassem.

- Estamos quase a chegar. - disse ele.

Voltei a ficar atenta a paisagem e percebi que estávamos a ir para uma praia.

- Eu não sabia que havia praias na cidade... - comentei.

- Porque não há.

Eu olhei para ele.

- Então estás a dizer-me... Que nós estamos fora da cidade?

- Sim.

Eu não estava a acreditar. Não era que eu conhecesse muito da cidade, mas com o mínimo que sabia era fácil de saber que a casa onde nós estávamos ficava bastante afastada da parte sul da cidade... Que tinha as estradas para que se saísse da mesma.

- Nós estamos fora da cidade. - repetiu ele, pousando a mão em cima da minha perna.

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