Capítulo 56

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O resto do caminho foi em total silêncio e eu agradecia mentalmente por isso. Acho que nunca senti tanta vergonha na minha vida. Nós realmente tinhamo-nos beijado... Eu nem sequer estava pronta para isso acontecer e sinceramente, de todas as maneiras que pensei que isto pudesse vir a acontecer, esta não era uma delas. Mas também não é que tenha pensado muitas vezes.... Não se iludam por favor.

Finalmente chegamos a casa e ele estacionou o carro. Ficamos lá sentados um pouco.

- Eles realmente vão matar-nos. - disse o Berlim, quebrando o silêncio da viagem.

- Agora que a merda está feita não dá para voltar atrás.

- Tens razão.

Ele saiu do carro e foi seguido por mim. Fomos até a porta e abrimo-la, sendo surpreendidos por todos eles sentados na sala em silêncio. Olhamos um para o outro sem saber bem o que fazer ou dizer, acho que isto também foi algo que nenhum de nós estava á espera.

O Professor estendeu a sua mão e o Berlim rapidamente aproximou-se dele para lhe entregar a chave do carro. Entretanto, eu aproximei-me também deles, observando todos ali sentados. Nenhum deles tinha uma expressão triste ou zangada, mas também nenhum estava visivelmente feliz.

- Foram vistos? - perguntou o Professor.

- Sim. - respondi.

- Não. - respondeu o Berlim exatamente ao mesmo tempo que eu.

O Professor e a Leonor entreolharam-se depois das nossas respostas contraditórias.

- Sim ou não? - perguntou a Leonor.

- Sim algumas pessoas viram-nos, mas nós saímos de lá antes de nos poderem identificar. - adientei-me. Era melhor assim do que estar a contar a verdade. Bom... Contar toda a verdade.

Logo o Professor mandou-nos sentar com os outros, por isso, assumi ali que os tais papéis das missões que o Berlim tinha escrito realmente tinham funcionado.

- Nós temos de falar convosco. - disse o Professor.

- Já devíamos ter falado... Mas apenas chegamos a um consenso agora. - começou a Leonor.

- Achamos que agora é a altura para vos contar a verdade.

Todos olhavamos uns para os outros sem entender. E realmente todos sem exceção. Sim, o Berlim também estava confuso.

- E a verdade é que... Nós vamos desistir de seguir o plano. - disse o Professor.

Não houve uma única pessoa que não estivesse sentada que não arregala-se os olhos depois daquela afirmação.

- Então vocês estão a dizer, que até agora nós tivemos de seguir o vosso plano o melhor que podíamos PARA VOCÊS SÓ O DEIXAREM DE LADO???? - perguntou a Catarina, obviamente zangada.

- Nós não temos culpa da maneira como vocês "melhor" seguiram o plano foi. - disse o Professor.

- Nós vamos continuar a ser prudentes, mas agora o principal objetivo é sairmos daqui. Vivos e livres se possível.

- Então e todas as coisas que nos prometeram? - perguntou o António.

- Ainda iremos cumprir isso, ou tentar pelo menos. - disse a Leonor.

Isso seria menos mau. E eu pessoalmente estava mais descansada, depois de tudo o que o Berlim me tinha mostrado sobre o que eles tinham achado sobre a minha mãe e a da Catarina, seria difícil nós sermos das pessoas que eles "iriam tentar".

- Então... O que vamos fazer agora? - perguntou a Reh.

- Hoje á noite vamos em missão. Quer dizer... Alguns vão em missão. - disse a Leonor.

Eu suspirei. Sabia que com todo o risco que estavamos a correr que eles nunca iam deixar que eu fosse em mais nenhuma missão por já ter sido apanhada. E sinceramente, isso era entediante. Se fosse para ser usada por eles, que fosse com alguma ação.

E pelos vistos não fui a única a achar isso, porque todos estavam com os olhos a brilhar enquanto esperavam que a Leonor finalmente nós passasse a informação mais importante: quem iria na missão.

- Nós pensamos muito sobre isto, enquanto alguns foram fazer outras coisas... - começou o Professor.

Eu e o Berlim fingimos que aquilo não era nada connosco, mas não adiantou muito, a Reh já estava a sorrir para mim para me provocar. Olhei para ela de cima a baixo e ela fingiu ficar chocada.

- Em missão vamos eu, a Sofia, a Reh, a Catarina e a Sara. - disse a Leonor.

- Quem? - perguntei confusa.

Eu não esperava ir em missão. Não por enquanto. E muito menos depois de saber que aquela decisão também tinha sido tomada pelo Professor.

- Só as meninas. - disse o Finn.

- Isto vai ser bom. - disse a Reh.

- Onde vamos? O que vamos fazer? - perguntou a Sara.

- Bom, primeiro deixem-me dizer-vos que vocês só vão porque a Leonor pediu. - começou o Professor. - vão ter de levar tudo muito asserio. Até porque não vão todas juntas.

- Expliquem-se de uma vez por todas. - disse a Reh.

- Vamos todas para uma festa, mas antes que se comecem a empolgar, não vamos festejar. Pelos vistos celebrar os 25 anos no departamento com os colegas mais próximos não foi o suficiente. Ele vai fazer uma festa com mais pessoas, na sua casa. - disse a Leonor.

- Então tu queres que nós vamos a uma festa, na casa de um polícia.... Ah ok estou a entender. - disse a Reh.

- Duas de nós vão como convidadas, outras duas vão infiltradas pela zona do staff e a que sobra fica de fora a vigiar.

- Zona de staff? Mas há assim tanta importância na festa para isso existir? - perguntou o Miguel.

- Sim. Vai bastante gente, precisamos de ter cuidado. - disse o Professor.

- Eu e a Catarina vamos pelo staff. A Reh e a Sofia vão como convidadas. A Sara vai ficar a vigiar. - completou a Leonor.

- Convidadas. - disse a Reh mandando-se para cima de mim. - Vamos lá dizer olá aos machos todos, não é Berlim?

- Não é Pedro? - perguntei de volta.

Ela olhou para mim com uma expressão séria.

- Enfim, agora vamos almoçar e depois eu explico-vos tudo com mais pormenor. - disse a Leonor.

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