Capítulo 60

52 6 8
                                    

Nem sequer tivemos tempo para comer, saímos logo de casa com a carrinha para nos irmos encontrar com algumas pessoas que, segundo a Leonor, nos iam ajudar com o plano.

Fomos para um local ainda mais longe da casa onde estavamos, e consequentemente, mais longe da cidade.

Estavamos literalmente no meio do nada, tudo o que estava á nossa volta era mato. A Leonor estacionou a carrinha perto de uma árvore, onde já estavam um carro e uma carrinha da polícia e saimos todas.

Estavam lá 9 pessoas, sendo apenas duas delas mulheres. Aproximamo-nos deles e rapidamente todas fomos encaradas, á exceção da Leonor.

- Elas são de confiança. - disse a Leonor. - Estão aqui todos?

- Estão. - respondeu um dos homens.

- Meninas, este é o Palermo. - disse a Leonor.

- É um prazer. - disse ele, ironicamente.

- Quem são os outros? - perguntou a Reh.

- Eles falam outra língua, não vos vão entender. - disse o Palermo.

- E nós não temos tempo para isto, temos de os apanhar agora que estão a ser levados para o tribunal. - disse a Leonor.

- É incrível como depois de todos estes anos tu continuas a mesma... Chata e teimosa. - disse o Palermo, fazendo a Leonor sorrir.

- Esta é a Sofia. - disse a Leonor.

O homem olhou para mim como se eu fosse a culpada de todos os males da vida dele. Eu desviei o olhar mas ainda assim consegui sentir o ódio e a raiva dele.

- Meninas, vocês já sabem o que fazer. - disse a Leonor.

Ela deu-nos as roupas de que precisavamos e uma de cada vez fomos trocar-nos dentro da carrinha. Com as perucas, maquilhagens e tatuagens da noite anterior iríamos conseguir passar minimamente despercebidas, mas estaríamos ainda mais na boca do lobo.

Eu, a Reh, o Palermo e dois dos homens entramos na parte de trás da carrinha da polícia e uma mulher entrou no lugar de condutor. Seguimos até a uma esquadra de polícia, onde provavelmente eles estavam.

Durante todo o caminho o Palermo observava-me na mesma forma de antes: com raiva e ódio. Eu não sabia o que tinha feito mas aquilo estava a deixar-me bastante desconfortável, então tentei o minimamente possível não fazer contacto visual com ele.

Quando chegamos, saímos da carrinha e infelizmente não podíamos ser recebidos por outra pessoa se não ele.

- Vocês devem ser os novos polícias não é? - perguntou o meu pai.

- Somos sim, senhor. - disse o Palermo.

- Podem entrar. - disse ele, apontando para uma porta que dava entrada para o interior do edifício.

A porta foi aberta e todos entramos. Era um local escuro, muito frio e bastante silencioso, ao ponto de apenas se ouvirem os nossos passos. Dava ideia de ser um local reservado, que normalmente não se usava muito.

Paramos em frente a uma outra porta, que também foi aberta. Dentro daquele cómodo estava o Professor. Usava o macacão vermelho e tinha as mãos algemadas. Em momento algum olhou para nós, mas também não teve tempo para isso, já que foi agarrado por um dos policias.

- Levem-no para uma das carrinhas. - disse o tal polícia.

Um dos homens que estava connosco agarrou no Professor e levou-o para a nossa carrinha. Pelo menos ele já estava.

- O outro já foi levado e já está a caminho do tribunal. - disse o meu pai.

O meu coração bateu mais rápido do que já batia. Eu não acreditava nisto. Apenas durante o caminho é que iria dar para fazer algo por ele... Apartir do momento em que ele chegasse ao Tribunal já iriam começar a surgir mais complicações... E poderíamos não conseguir salva-lo.

- Nós vamos leva-lo então... Já perdemos tempo suficiente. - disse a Reh, provavelmente vendo como é que eu estava.

Sem dar tempo para o meu pai responder, ela puxou-me pelo braço e fomos seguidas pelo Palermo e pelos tais homens que nos estavam a ajudar. Entramos na carrinha, com o Professor já lá dentro, e arrancamos.

- Professor. - disse a Reh, sorrindo.

- Eu sabia que vocês iam conseguir. - disse o Professor. - Onde está a Leonor?

- Foi buscar os outros. - respondeu o Palermo.

Na minha cabeça eu só conseguia pensar no que faria se ele não o salvasse. No facto dele ter feito tudo o que podia para me salvar e ter conseguido, e de eu agora nem conseguir fazer mais do que estar sentada nesta carrinha. Sentia-me pequena, insignificante, inútil.

- Sofia! - disse a Reh.

- Sim? - perguntei.

- Não ouviste nada?

-.... Não....

- A Leonor já está com o Finn, o António, o Miguel e o Pedro. Eles vêm ter connosco pelo mesmo caminho que estamos a seguir.

- E o Berlim?

- Nós vamos buscá-lo também. - disse o Professor, arranjado melhor os óculos. Nem sequer tinha reparado que já estava sem algemas.

- E se não tivermos tempo?

- Nós temos tempo. - disse a Reh.

- De certeza? - perguntou o Palermo. - Ele já não está a ser levado? Não temos tempo para esperar pela Leonor e muito menos tempo temos para conseguir apanha-los ainda a caminho.

- Nós conseguimos. Porque ainda temos mais um truque na manga. - disse o Professor. 

The ComebackOnde histórias criam vida. Descubra agora