Trinta e Cinco:

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— Tem certeza de que está mais calmo agora, rapaz? — Sr. Ernest questionou enquanto conduzia a carroça pela escura estrada de terra, já fazendo a curva sinuosa que os levaria pelo caminho até a propriedade de Nathaniel. — Não quero saber de encontrá-lo vagando furioso por aí novamente, estamos entendidos?

Nathan abriu um sorriso discreto e em sua mente não pôde deixar de agradecer a Deus pela vida daquele seu velho amigo que sempre tão prontamente o ouvia e o aconselhava no temor do Senhor.

— Bem, se não estivesse vagando furioso por aí, o senhor ainda estaria preso na ponte — Nathan brincou e, enquanto ajustava o candeeiro, o qual ficou responsável por carregar, voltou a refletir sobre suas ações. — Realmente perdi minha cabeça e tudo culpa daquele homem...

— E do seu mau temperamento em não saber lidar com as acusações, usando a sabedoria do alto — Sr. Ernest completou sem medo de atingi-lo no ego. — Precisará aprender a se conter para lidar com o prefeito. Pelo que me falou tenho certeza que seu velho camarada não o deixará em paz enquanto não provar falsamente que você roubou as jóias de Mary.

— E por isso, oro a Deus que não demore em revelar o verdadeiro culpado. — Nathan suspirou, ainda reflexivo. — Mesmo assim, preciso admitir mais uma vez que o senhor está certo. Deixei meus ânimos me dominarem e não dei um bom testemunho, principalmente com minha mulher. — Ele uniu os lábios e se repreendeu por ter perdido a calma e descontado seu furor na pobre Amy, que certamente, àquela altura deveria estar uma fera e não o pouparia de um merecido sermão. — Fui um tolo, Sr. Ernest.

— Foi. — O velhote não o poupou da verdade novamente e ainda fez questão de ressaltar: — Lembre-se do que eu lhe disse mais cedo, filho: A esposa de um homem deve ser para ele como o broto de uma rosa, se regar e cuidar constantemente, ela desabrochará e lhe mostrará toda a sua beleza e perfume. Contudo, se negligenciar, vai perdê-la. Pétala por pétala. Até que apenas lhe sobrem os espinhos da amargura. — Ele encarou o rapaz. — E se for esperto não desejará os espinhos.

"Que Deus me ajude" Nathan orou brevemente e abriu sua boca para responder, contudo, nem mesmo chegou a dizer o que planejava, pois, o som do galope veloz de um cavalo denunciando a aproximação repentina de alguém e o lampejo de um outro candeeiro surgindo na escuridão, atrapalhou o seu raciocínio.

— Aquele é Yan? — Sr. Ernest questionou já diminuindo a velocidade de seus próprios animais, à medida que o forasteiro se achegava.

Nathan franziu os olhos e confirmou as suspeitas do amigo. Sem dúvidas era Yan. Mas onde planejava ir com tanta pressa?

Os sentidos do jovem fazendeiro imediatamente aguçaram-se e sua mente o alertou que havia algo de errado acontecendo. Todavia, aguardou até que o seu empregado parasse de modo brusco ao lado deles.

Quando Sr.Thomas pôde ver a expressão de Yan mais de perto, não lhe restaram dúvidas de que aquele pânico e palidez não eram sinal de boas notícias. 

— Sr. Thomas... Oh, Sr. Thomas... — O rapaz abria e fechava a boca, mas nada compreensível saía através de sua voz trêmula.

— Acalme-se, homem! — Nathan pediu e, imaginando que algum de seus inquilinos ou funcionários tivessem sido acometidos por alguma doença mortal, como já ocorrera antes, perguntou: — Quem se feriu dessa vez?

—Algo terrível... — Ele sibilou e em seguida fechou os olhos, tentando à todo custo conter o nervosismo.

— Diga de uma vez, rapaz! Está nos deixando aflitos! — Sr. Ernest interferiu.

Yan assentiu ainda agitado.

— Perdão, senhores! Mil perdões, mas... — Ele os encarou. — Algo muito grave aconteceu com Sra. Thomas.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora