Dezoito:

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Quando o sábado chegou, o dia nem mesmo havia amanhecido e Amelie já estava de pé. A despeito de todas as suas queixas e ressalvas quanto ao evento que ocorreria dentro de algumas horas, a jovem acordou estranhamente animada e, após ter conseguido, com bastante dificuldade, despertar sua dama cujo sono era tão profundo quanto os abismos referidos nos Salmos do Rei Davi, aprontou-se e foi bater a porta dos aposentos de seu noivo. 

— Sr. Thomas, por favor, levante-se — ela insistia em seu ímpeto de despertá-lo. — Temos de partir logo.

— Fico tão feliz de ver que a ideia de casar-se com o patrão não lhe é mais motivo de repúdio — comentou Sra. Lenon um tanto intrigada por ver o comportamento distinto da moça que passara os últimos dois dias em variações de humor mirabolantes. Ela não se agradava muito quando a madame tocava no assunto do enlace ou mencionasse algum feito prodigioso de Sr.Thomas por puro capricho e então, depois de uma conversa com o noivo, o casamento de uma hora a outra tornou-se simplesmente aceitável.

— Andei refletindo e compreendi que tanto para mim quanto para o Sr. Thomas esse casamento será muito vantajoso — Amy contou. — Ele mesmo afirmou ter obtido a bênção de meu pai, sendo assim não precisarei mais me preocupar com as investidas de Sr. Drake, de quem te falei. Isso já é um grande alívio.

Fora isso, quando Nathan ofereceu ajuda na realização de seus sonhos, Amelie concluiu por si só que ainda poderia partir para sua tia Ophelia e aprender as tais técnicas mais aprimoradas da costura sem ter a índole manchada por uma série de comentários maldosos. Apegada a isso, seu coração encheu-se de esperança.

— Isso é ótimo, querida. Casar com a aprovação dos pais é essencial — declarou Sra. Lenon.

— Sim, é! Sr. Thomas pensou em tudo, mas espero não ter se esquecido do meu vestido — Amelie declarou em meio a um suspiro de pesar e voltou a tarefa de despertar seu noivo, com batidas mais fortes na porta — Precisamos ir, Sr. Thomas.

Ela continuou chamando-o, mas sem sucesso e isso a frustrou.

— Ora, alguém também tem o sono profundo ou é impressão minha? — madame Lenon divertiu-se, mas segurou o riso ao receber um dos olhares firmes da moça.

— Esse homem sempre acorda tão cedo quanto é possível e quando finalmente preciso dele resolve hibernar e...

— Procurando por mim? — aquela voz grave soou das escadas e, para o seu espanto, Amy logo viu o rapaz aproximando-se.

Agitada, Amelie tomou o ar, segurou suas vestes e foi ao encontro dele.

— Oh! Onde estava? O senhor já está pronto? Devemos partir imediatamente, do contrário não terei tempo de encontrar meu vestido! — falou cheia de animação e se colocou ao lado dele com o ojetivo de puxá-lo pelo caminho de onde viera. — A meu pedido, Sra. Simons separou alguns alimentos para a nossa viagem, então basta irmos.

Nathan não disfarçou sua confusão e precisou segurar Amelie a fim de impedi-la de ficar puxando-o como um animal na coleira.

— Bem, eu estava na biblioteca. E não, não podemos partir agora. — informou o rapaz quebrando as expectativas de sua noiva. — Combinei com Yan de organizar tudo para sairmos em duas ou três horas.

— O senhor perdeu a cabeça? — ela questionou já sentindo a raiva já apoderar-se de seus nervos. — Se não sairmos agora mesmo será impossível me aprontar para o meu grande dia.

Sr. Thomas expirou uma grande quantia de ar e se Amelie pudesse ler pensamentos, certamente descobriria como ele sentia-se irritado quando ela tentava impor suas exigências sem antes consultá-lo.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora