Doze:

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Sentado em sua poltrona favorita localizada na biblioteca, Nathaniel ouvia o barulho do crepitar do fogo da lareira se misturar com os passos pesados no piso de madeira e os burburinhos provenientes do andar superior onde sua empregada zelava por restaurar o bem-estar da filha de George McKlain. Ele ainda sentia-se muito confuso com todos aqueles acontecimentos. Quando tomou a decisão de finalmente contatar George, cobrando a parte a ser quitada referida no acordo, ele não imaginou que a resposta viria tão rápido e em forma de uma jovem de lindos cabelos negros e olhar marcante.

— O que o Senhor deseja de mim agora? Por que mandou esta senhorita até minha propriedade? — Ele batucou com a ponta dos dedos sobre a caixa de metal que segurava, ponderando se deveria abrir naquele momento ou aguardar até o dia seguinte.

A curiosidade nunca foi um sentimento predominante na natureza paciente de Sr. Thomas. Ele seria capaz de esperar. Mas quando o assunto em questão envolvia um homem de caráter dúbio como Sr. McKlain, não seria certo aguardar tanto. Se a vinda de sua filha estivesse relacionada ao descumprimento da lei, Nate precisaria saber.

Ele, então, encheu seus pulmões com uma boa quantia de ar e sentindo-se preparado, forçou a tampa da caixa para cima.

— Mas, o que é isso? — ele exclamou assustado ao se deparar com o conteúdo no interior do objeto.

Além de um envelope branco, havia muito dinheiro em espécime, separado em duas pilhas rechonchudas.

Nathan não se deixou dominar pela ganância. Sua mente foi rápida em lembrá-lo dos aspectos referentes a índole do seu remetente. As dúvidas foram brotando uma a uma e apenas por curiosidade, ele contou as cédulas, rapidamente concluindo que em suas mãos possuía metade do valor necessário para honrar com as dividas, o que deixou o rapaz confuso e sem escolhas a não ser descobrir o que havia escrito na carta.

Abriu o envelope rapidamente e puxou dali o papel amarelado. Observou a data, alguns detalhes na escrita e passou à leitura:

"Caro senhor Nathaniel Thomas,

Venho encarecidamente informá-lo por meio desta, que prontamente recebi sua mensagem enviada através de meu cunhado, homem de temperamento instável, mas efetivo em sua eloquência, e senti-me no dever de tomar uma atitude quanto ao nosso impasse.

Fui informado de minhas responsabilidades para com o seu falecido pai e a sua pessoa propriamente dita. Não pense que me esqueci delas quando parti de Grace Ville. Embora possa duvidar, sou um homem de palavra e desde o momento em que me procurou, fui coagido a pensar incansavelmente em uma solução.

Sinto-lhe informar, Sr. Nathaniel, que há algum tempo meus negócios já não prosperam. Bridgestown está se tornando uma metrópole e a concorrência tem me deixado em desvantagens. Em tais circunstâncias, seria insano da minha parte aplicar tanto capital, sem obter algum retorno vantajoso. Ainda assim, como bem foi citado por meu exímio parente, corro riscos em me isentar dos meus deveres. Por isso, penso em lhe propor uma oferta cujos termos são irrecusáveis.

Se recebeu minha correspondência, deve ter conhecido meu doce anjinho. Presumindo que seja um homem observador, certamente no presente momento já foi agraciado com a contemplação da extrema beleza de minha filha. Herdou de minha esposa, certamente. Como pai, é minha função exaltar os dotes da criatura de espírito mais manso e humilde que conheço.

Amelie cresceu sobre as influências da mãe e além de adotar valores cristãos, sendo gentil, amável e cuidadosa com todos, ela aprendeu tudo sobre etiqueta, culinária, bordado e deveres domésticos. Também ama as artes, domina técnicas avançadas de pintura e toca piano lindamente.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora