Nathaniel não aguentava mais esperar.
A ansiedade de sua alma lhe consumia até os ossos. Suas pernas balançavam sem parar e ele se esforçava para não demonstrar o quanto sofria ante a alguns dos moradores da pequena cidade de Grace Ville que, tal como ele, aguardavam na recepção da prefeitura com objetivo de tratarem suas pendências com o prefeito Bob Johnson.
"Tudo está perdido, Senhor. Tantos anos de luta pra nada" murmurou em uma curta oração onde procurava expor suas angústias para Aquele que era maior do que ele mesmo.
— E como vão as plantações? — quis saber o velho Ernest, dono de um vinhedo localizado às proximidades das terras de Nathan. Sua curiosidade apenas serviu para lembrar o rapaz desesperado quão extensos eram seus problemas e isso o aborreceu um pouco.
— Não chove há praticamente dois meses. Até as ervas daninhas estão padecendo, Sr. Ernest — contou com pesar e suspirou.— Sinto que Deus está me punindo.
O senhor mais experimentado deu algumas batidas nas costas do jovem Nathan e sentiu grande misericórdia tomar posse de seu coração.Todos na cidade conheciam a triste trajetória do jovem Sr. Thomas e como os acontecimentos recentes vinham provando sua fé. Sabiam também da sua bondade e esforço para servir ao próximo e principalmente a Deus, dando o sangue e suor para cuidar de todos mesmo em tempos sombrios. Apesar do temperamento forte, ele era um exemplo para aqueles que o cercavam.
— As provações vem para fortalecer a nossa confiança no Senhor, não ouviu o pastor Gordon pregando no domingo, filho? — investigou o senhor magrinho. — Deus continua sendo bom, a despeito das circunstâncias.
Nathan sentiu a culpa pesar sobre os seus ombros. Ele queria confiar, mas sentia-se cada vez mais desesperado.
— Gostaria de ter um terço de sua fé, companheiro! Apenas um terço dela e eu seguiria com tranquilidade o "alegrai-vos, outra vez vos digo, alegrai-vos".
Ernest abriu a boca a fim de trazer mais palavras de consolo ao menino, que até teria ouvido se o medo não lhe tivesse paralisado ao ver a temida do escritório do prefeito abrindo-se e um de seus colegas, Sr. Jenkins, aparecer pálido feito uma bola de algodão. O pânico, era o efeito de Bob Johnson sobre os moradores da pequenina cidade.
— Nathan Thomas, é a sua vez — ouviu a voz rouca soar do cubículo mais a frente.
Ele segurou o chapéu em mãoa e levantou-se, não antes, é claro, de pedir a direção de Cristo em mais uma de suas tentativas de resolver sua vida.
— Alegre-se, Sr. Thomas, confie no Senhor e alegre-se! — Sr. Ernest aumentou o tom de voz enquanto o rapaz cruzava a recepção em direção ao gabinete do homem mais temido.
"Tudo bem, Jesus, eu confio" pensou e ergueu o peito, ostentando a força de uma montanha. Precisava mostrar-se digno antes de humilhar-se outra vez.
— Nathan! — bradou o prefeito Johnson, sentado em sua cadeira, com os pés erguidos e apoiados na escrivaninha de madeira preta e um charuto na boca.
O rapaz fechou a porta atrás de si e seguiu com objetivo de cumprimentar àquele que há tempos o estava perseguindo.
— Como vai, prefeito? — perguntou por mera formalidade, pois ambos já sabiam qual seria o assunto tratado ali.
— Está mesmo interessado em minha vida? — com o descaso de sempre, Bob batucou com seu o charuto no cinzeiro e analisou o rapaz. Nathan, por sua vez, não respondeu e isso deu a chance ao outro de escarnecer um pouquinho. — Certo, se quer mesmo saber, eu vou muito bem, obrigado. Tenho uma esposa prendada, a filha mais bela e cortejada, o bolso cheio de dinheiro e uma cidade repleta de moradores que pagam seus empréstimos em dia, a maioria deles, pelo menos. — Neste momento lançou um olhar para o fazendeiro a sua frente.
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Uma Nova Vida Para Amy
RomanceAmelie McKlain nasceu e cresceu cercada de riquezas, vantagens e mordomias até demais para uma jovem de vinte anos. Contudo seu coração jamais se corrompeu pelo luxo e, como boa cristã, sentia-se na obrigação de servir e ajudar aos mais pobres com s...