Vinte e Quatro

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— Então o senhor veio de Eastwood? — Nathan questionou se esforçando para manter sua postura intacta enquanto seus olhos analisavam cada aspecto daquela figura inusitada a sua frente.

Não era todos os dias que um de seus empregados saía a seu mando com objetivo de trocar alguns mantimentos com outros fazendeiros da região e retornava desesperado em busca de ajuda, alegando ter encontrado um jovem moço caído e ferido na estrada principal. Motivado pelo amor cristão, Nathaniel mandou que Yan trouxesse o rapaz e não lhe negou a devida assistência.  Contudo, vendo-o completamente consciente,  não o poupou de questionamentos, temendo colocar a vida dos seus conhecidos em risco.

— Sim, senhor. Eu sou um... — o homem fez uma pausa mostrando através de seu semblante grande dor quando Nathan encostou os panos embebidos com álcool em sua perna ferida. — Sou viajante...  — respondeu arfante e após recuperar-se continuou a explicar: — Meu cavalo e eu estávamos á caminho de Geórgia, não fica muito distante daqui. Ele se assustou quando ouviu um tiro e acabou me derrubando, fugindo logo em seguida. Desejei retornar ao centro da cidade, mas logo percebi que um galho havia cortado minha perna na queda. Pensei que era meu fim, mas fui socorrido por este bom homem.

— Foi Deus quem me colocou no seu caminho, senhor... Perdão, como é mesmo o seu nome? — Yan quis saber e ajudou Nathan no processo de enrolar as bandagens no machucado.

— Jake Connor — o homem respondeu ainda sob o olhar atento do dono da casa e estendeu a mão trêmula para os dois.

— Bem, Sr. Connor — Nathaniel deu uma última volta com os panos ao redor da panturrilha e ocluiu o ferimento com um nó bem dado, enfim terminando seu trabalho —, seu curativo está feito — declarou e cumprimentou o jovem de cabelos castanhos longos e barba farta, que lhe dava um aspecto de homem mais velho. 

— Obrigado, Sr. Thomas. Agora se me dão licença, preciso ir — o rapaz alcançou seu chapéu e ameaçou levantar-se com dificuldade. — Preciso procurar meu cavalo e partir ainda hoje.

— Partir? Sem chances! Não vai conseguir nessas condições. Sua perna pode infeccionar! — Yan exclamou forçando o rapaz a deitar-se na cama improvisada montada no celeiro. — O Sr. Thomas pode te abrigar e nós podemos procurar seu cavalo quando o clima melhorar, não é mesmo, patrão?

Nathan ainda desconfiado de tudo aquilo, coçou a cabeça e orou rapidamente pedindo ajuda do Senhor a fim de resolver aquele dilema. Ele precisava de sabedoria. Não costumava negar ajuda a quem lhe pedisse, mas estava incerto daquela vez. Algo no fundo de seu coração o incomodava. Mesmo assim não seria certo mandar um homem ferido embora, colocando sua vida em risco. Com isso, acabou tomando sua decisão.

— Está convidado a ficar enquanto se recupera, Sr. Connor. — Nathan deu rápidas batidas no ombro do rapaz e em seguida virou-se para o amigo em quem confiava plenamente. — Yan, antes de o culto começar certifique-se que o moço esteja acomodado em uma das cabanas disponíveis. Ele é responsabilidade sua.

— Sim, senhor, farei isto — Yan prontificou-se disposto a ajudar.

— Obrigado, Sr. Thomas — agradeceu Jake, forçando um sorriso. — Prometo recompensá-lo em breve.

— Não se preocupe com isto — Nate ergueu-se e colocou seu chapéu. — Agora preciso ir.

Após lavar as mãos e pedir licença aos cavalheiros, ele retornou para o casarão, ainda pensando em todos aqueles recentes acontecimentos. Entrou em casa sem fazer muito alarde e estava decidido a tirar algum tempo de descanso antes do momento de reunir-se com os empregados para buscar ao Senhor. Ele já seguia para a biblioteca quando passou pela cozinha e ouviu um burburinho que lhe intrigou.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora