Vinte e Sete:

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— E o bode o perseguiu por uma milha inteira! Foi hilário! — contou Sr. Ernest, um amigo de Nathaniel que aproveitou o fato dele e seu leal escudeiro, Yan, estarem retornando da cidade para pedir uma carona. Com o bom-humor do velho, as histórias mirabolantes e as risadas foram garantidas.

Bem, para ser completamente transparente, Sr. Thomas não compartilhava da mesma animação de seus companheiros, pois não se encontrava em um humor agradável.

Seu dia não havia começado bem, graças a sua esposa orgulhosa perturbando-o logo cedo e só piorou no decorrer das horas.

Conforme o planejado após deixar Amelie com seu perdão, o fazendeiro deslocou-se até o centro de Grace Ville e não pretendia passar muito tempo por lá, já que tinha assuntos importantes para resolver e tarefas a serem feitas nos derredores de sua própria terra. Contudo, além de ser tratado com hostilidade por aquele que havia requisitado sua presença a fim de resolver negócios, também se viu obrigado a tolerar mais ofensas.

O valente Nathaniel sentia como se o inimigo de sua alma o estivesse tentando de várias formas possíveis e, em oração, clamava o auxílio do Senhor para impedi-lo de cometer alguma loucura.

— Talvez se tivesse esse bode velho como aliado, o prefeito não teria lhe acertado um soco, meu caro patrão — Yan, sentado no compartimento da carroça ao lado de Sr. Ernest, comentou tentando passar algumas palavras de consolo ao condutor, mas percebeu sua falha ao receber um olhar estreito dele.

— Fez bem em não ceder às afrontas dele, meu jovem — declarou Sr. Ernest. — Contudo, se tivesse sido um pouco mais comedido nas palavras, não seria acertado. É certo também que ficou em desvantagem. Quem esperaria a presença dos capangas de Bob Johnson para segurá-lo?

— E o que eu deveria ter dito, Sr. Ernest? Ele mandou uma carta ofensiva através de Mary propondo a compra de minhas terras e quando fui pessoalmente pedir que engolisse aquela proposta suja pelo nariz, ficou ofendido e me socou! — Nathan tentou justificar-se, mas bastou um olhar de soslaio na direção dos dois homens, para chegar à conclusão de sua vergonhosa falta de domínio próprio. — Bem, talvez eu tenha me excedido um pouco.

— Um pouco? — Yan questionou com um ar de ironia. — Não seja modesto, meu caro amigo. Suas palavras soaram bem mais agressivas e agradeça a Deus pelo fato do nobre Sr. Ernest estar lá, do contrário, o senhor certamente teria derrubado a prefeitura a baixo.

— Não me sinto orgulhoso dos meus atos, se querem saber — ele confessou. — Não estou nos meus melhores dias.

Bastou um rápido olhar para que Nate contemplasse no semblante de seus companheiros o divertimento por um assunto do qual ele obviamente não tinha o conhecimento e isso o incomodou.

— O que é tão engraçado? — questionou e voltou sua atenção para os cavalos e a estrada a sua frente.

Os amigos discutiram algo baixinho entre si, até que um deles resolveu se manifestar.

— Bem, meu caro, o senhor precisa admitir que desde o seu casamento com a Sra. Thomas, sua paciência anda sempre por um fio — declarou Yan com bastante propriedade. — E nós sabemos bem o porquê.

A menção de sua esposa na conversa o levou a estremecer. Ele fazia de tudo para não difamá-la nem mesmo para os seus amigos mais chegados. Acreditava que independente do conflito entre os dois, seu dever era zelar pela honra dela. Por isso, temeu que, de alguma forma, sua má condição com Sra. Thomas já fosse conhecida e preferiu manter-se calado. 

— Sim, sabemos! Sabemos bem! — O Sr. Ernest soltou uma risada. — Nosso jovem Nathan está descobrindo algo que confunde o coração do homem mais do que o vinho. — Ele fez algum suspense: — As mulheres.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora