Trinta e Seis:

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Quando viu sua esposa em prantos, com as mãos atadas e sentada próxima a fogueira de um acampamento improvisado, Nathaniel quis correr até ela e resgatá-la daquela situação. Sentiu-se em parte aliviado, pois aquela cena terrível confirmou suas suspeitas de que Amelie realmente não fugira dele com outro homem, conforme ouviu de seus acusadores.  Contudo, ainda desconfiado, ele questionava como ela havia parado ali. Foi então que avistou bem perto da mulher, o tal Jake Connor, verificando a quantidade de balas de sua pistola, com um semblante nada amigável.

Nathan deu alguns passos e fazendo o mínimo de barulho possível, escondeu-se atrás de um arbusto próximo aos dois, planejando como abordaria e confrontaria aquele homem, sem colocar a vida de Amelie em risco. Para tal, era necessário extrema cautela e ele esperaria o momento ideal de agir.

— P-por favor, Sr. Connor... Quero ir para casa. — A voz chorosa de Amelie comoveu o coração de seu marido, que não via a hora de tê-la segura em seus braços outra vez. — N-não percebe que está cometendo uma grande loucura?

Nathan pôde contemplar com grande nojo quando o idiota levantou-se do seu lugar e assentou-se bem perto de Amelie, passando um dos braços ao redor dos ombros dela, contra sua vontade, já que ela inutilmente tentou resistir. O marido assistindo àquilo, sentiu seu coração disparar e precisou controlar a fúria tomando conta dele.

— Sei que está assustada e prometo soltá-la mais tarde, se não prometer tentar fugir novamente...

— Você não entende que eu não quero estar aqui? — ela aumentou o tom de voz. — Foi tudo um mal-entendido...

Connor abriu um sorriso e segurou a mandíbula de Amelie, obrigando-a a encará-lo.

— Não, não foi, minha querida — ele disse em tom baixo. — Tudo saiu melhor do que o planejado e não se preocupe, já pensei em cada mínimo detalhe da nossa jornada...

— Você é louco! Meu marido vai matá-lo quando...

— Acha mesmo que seu marido dará a sua falta? Aposto minha vida que ele ficará muito feliz quando se der conta que não precisará mais sustentar um fardo — declarou ríspido, mas logo se acalmou. — Enquanto isso, minha bela dama, nós estaremos no meio de nossa longa viagem até a fronteira. Quando chegarmos a cidade nova de Austin Lake comprarei um terreno e com o dinheiro das jóias, certamente teremos uma belíssima mansão, como a dos Johnsons. Darei a vida que merece, Amelie, mas precisa confiar em mim. Talvez até mesmo podemos nos casar ilegalmente...

Amelie o empurrou com toda a sua força.

— Eu já tenho um marido, preciso voltar para ele e...

— Ele não é homem para você — Connor a interrompeu e nesse instante, Nathan, que já alisava o cano da espingarda, pronto para agir, pediu a Deus que o ajudasse a se controlar, pois sequer conseguia acreditar em tantos absurdos ouvidos. — Será que não se incomoda com o modo como aquele maldito a trata? Já ouviu da boca dele algum elogio ou um "eu te amo"? — perguntou com raiva e o marido em questão a quem se referia sentiu-se ofendido por não ouvir resposta alguma de sua esposa, nem mesmo quando Connor continuou: — Nathaniel não vai se preocupar em procurá-la por muito tempo. Em alguns dias concluirá que está morta e não demorará em substitui-la. Você merece mais.

— Não...

Connor ajoelhou-se em frente a ela, que chorava copiosamente.

— Veja bem, desde que cheguei presto atenção em você. Reparei na sua gentileza e beleza incomparável e logo me compadeci da sua situação, principalmente após descobrir que foi obrigada a se casar com um imbecil daqueles. Mas agora estou aqui e estou disposto a oferecer sua vida de volta. Eu me importo com você e aqui está a prova. — Ele novamente ergueu-se, foi até a carroça e tirou uma joia específica de uma caixa de madeira. — Reconhece isto?

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora