Quinze:

2.2K 412 156
                                    

Nathaniel deixou seus cavalos no estábulo, saiu correndo, tomando o caminho mais curto que pudesse levá-lo aonde queria. Com isso, desceu uma íngreme colina deslizando com facilidade através da terra, segurando-se em raízes e árvores pelo caminho. Rapidamente chegou às proximidades do leito do rio e prosseguiu apressado até a mulher desacordada, de bruços.

Para o seu desespero, era de fato Amelie McKlain.

Ele assustou-se com o estado dela. Além de completamente molhada, vestes rasgadas e cabelos desalinhados, seu rosto e braços possuíam alguns cortes, aparentemente superficiais.

Sem esperar mais, Nathan ajoelhou-se ao lado da moça e, com cuidado, virou seu corpo de modo que o ventre apontasse para cima e então colocou seu ouvido no tórax dela, esperando por sinais de vida. Segundos depois soltou um suspiro de alívio, pois pôde ouvir um batuque lento manifestando-se.

Pela infinita graça de Deus, a garota não estava morta. Ainda assim, encontrava-se numa situação de extremo perigo, pois além de ferida, estava ensopada e, em um frio cortante como aqueles, morreria de frio, caso não fosse levada dali. Foi então que a missão do rapaz de acordá-la começou.

Ele ergueu o tronco dela e encarou sua face delicada.

— Senhorita, acorde. Vamos, acorde — ele chamou mais algumas vezes mas a resposta demorou a vir. — Amelie, por favor, acorde...

Continuou insistindo até que a viu contraindo seus músculos faciais e abrindo os olhos devagar.

— Sr. Thomas...E-eu — Amelie murmurou trêmula ao ouvir o modo emergente com o qual o rapaz chamou pelo seu nome até despertá-la. — Frio...

No mesmo momento ele percebeu os tremores no copor da moça e resolveu arrancar o casaco mais grosso ensopado que ela usava, deixando-a com seus vestidos, cedendo, em seguida, seu próprio casaco para cobri-la. Ele imaginou quão terrível e grave dererviam ser os sofrimentos daquela moça já que ele mesmo mal podia suportar o frio, isso estando completamente seco e intacto.

— Como... — Nathan planejava questioná-la, investigando o que havia acontecido àquela criatura, mas isso lhe demandaria um tempo que não possuía. — Venha comigo, vou levá-la pra casa, a senhorita precisa se aquecer.

O rapaz preparou-se para tomá-la no colo, mas na primeira tentativa de erguê-la ouviu um choramingar de dor e achou melhor averiguar o que havia de errado. Ele avaliou rapidamente e notou sangue no tornozelo dela. Pedindo licença, ele ergueu a barra do vestido e encontrou ali um corte bem mais profundo do que os outros. Foi então que colocando em prática o que aprendera uma vez quando precisou ajudar um de seus funcionários que se feriu com um machado, rasgou uma porção de tecido daquele traje já desgastado e improvisou um torniquete. Só então, mesmo ouvindo alguns protestos ele segurou Amelie e, às pressas, fez o caminho, dessa vez o mais longo, retornando ao casarão.

A preocupação de Nate foi aumentando a medida que eles se aproximavam de casa. Sua convidada estava gelada como uma pedra de gelo e pálida feito a neve. Também tremia muito e os lábios estavam em tons azulados, quase roxo, tal como a ponta de seus dedos. Ela repetia algumas palavras, afirmando constantemente estar com muito frio. Nathan fazia o possível para acalmá-la, disfarçando sua própria condição de choque. Naquele instante, pela segurança daquela a quem carregava, ele precisava ser racional. 

Quando chegou, o rapaz abriu a porta em um solavanco, chamando a plenos pulmões por Sra. Simons, Lenon ou qualquer um que pudesse preparar um banho quente para a garota, mas, estranhamente, tudo estava no mais absoluto silêncio. Ele levou apenas alguns segundos para concluir que não havia ninguém ali.

Como faria então?

Sem saber bem como proceder, Nathan orou pedindo ajuda do Senhor e levou Amelie consigo até a biblioteca, onde a lareira costumava permanecer acesa durante o dia. Com cuidado, deitou-a sobre um dos tapetes do cômodo e a deixou tão próxima do fogo quanto era possível, jogando a primeira manta que encontrara sobre ela.

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora