Aquela fria madrugada não fora fácil para ninguém.
Depois de assistir o triunfo de seus inimigos, partindo com todos os bens de Amelie, incluindo o dinheiro de seu pai, Nathan chamou a dama de companhia, pedindo que fizesse o possível para acalmar a senhorita abalada e retirou-se para os seus aposentos, sem poder lidar com sua própria ira.
Durante o decorrer das horas não conseguiu fechar os olhos sem reviver os momentos anteriores quando sua vida quase fora ceifada, injustamente. Ele revolveu-se em suas frustrações sucocado por tantas aflições terem chegado à sua casa ao mesmo tempo. Quando pensava ter chegado ao fundo do poço, algo o empelia a descer ainda mais. O rapaz nem mesmo sabia como apresentar suas queixas diante do Altíssimo e isso lhe trazia uma profunda sensação de desamparo.
Nathan gostaria de saber porque estava sendo esmagado como um inseto e se via a um passo bem pequeno de desistir de tudo.
O jovem, ainda com a cabeça fervilhando, levantou-se antes dos primeiros raios de sol. Enquanto aprontava-se, o corpo dava sinais de exaustão e intensa dor devido a surra impiedosa que levou. Até o ato mais simples de respirar e os movimentos faciais lhe eram doloridos, mas nada disso foi suficiente para lhe impedir de sair para se acalmar.Quando deu as caras na parte externa da residência foi recebido por um vento extremamente gélido. Observou a paisagem nublada por alguns instantes e notou a fumaça branca que saía pelas boca e pelas narinas com o seu expirar.
— O inverno vem aí — constatou para si mesmo, colocou suas luvas e seguiu com o cachorro, que logo veio ao seu encontro, por uma trilha conhecida que o levou ao topo da colina mais alta.
Daquele esplêndido lugar, Nathan podia enxergar além das fazendas vizinhas, contemplando com deleite as gigantescas montanhas, os campos e o rio banhando tudo ao seu redor.
Ali ficou por algumas horas lendo a biblia que carregava a fim de buscar consolo e de fato, não havia nada melhor para uma alma cansada do que as Palavras de vida eterna. O coração do fazendeiro, porém, em sua corrupção hora o perturbava, levando-o por um rumo do qual ele não se agradava, pois recordava-se de sua humilhação.
Muito mais do que os socos que levou durante o momento em que foi rendido, o orgulho masculino do fazendeiro fora brutalmente ferido de todas as maneiras possíveis e não podia aceitar sua estupidez em não prever que lBob Johnson enviaria seus capangas para, covardemente, lhe renderem, no meio da noite. E ainda havia a filha de George McKlain que, completando sua vergonha, envolveu-se no conflito e entregou tudo para salvar sua vida.
Era inegável, ele realmente ficou impressionado com a velocidade da moça em abrir mão de suas posses, mas uma afronta daquelas, debaixo de seu teto, comprometia sua honra e, por isso, precisava se redimir.
Decidido, Nathan guardou sua bíblia e traçou o caminho de volta ao seu lar. Levou algum tempo, mas logo que entrou em sua casa aquecida, foi recebido pelos altos burburinhos provindos do salão de refeições e seguiu até o cômodo, desejoso de encontrar Amelie.
— Eles nos levaram tudo! Definitivamente tudo, Madame Lenon! — ele ouviu a queixa da senhorita e notou o tom de lamento e a rouquidão em sua voz. — Não se contentaram em levar apenas meu dinheiro, mas também minhas jóias e meus vestidos!
Nathan engoliu em seco.
Pobre garota, ele pensou.
— Oh, minha querida, sinto muito — Sra. Lenon tentou consolar a moça desolada. — Não posso imaginar quão terríveis horas a senhorita passou.
— Precisei assistir aqueles bandidos torturando o Sr. Thomas e um deles tentou me tocar e então... — Ela fez uma pausa para se recuperar. — E então entregamos todo o dinheiro da caixa, o colar que minha mãe me deu e todas as minhas jóias e... Meus vestidos... Meus lindos vestidos!
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Uma Nova Vida Para Amy
RomanceAmelie McKlain nasceu e cresceu cercada de riquezas, vantagens e mordomias até demais para uma jovem de vinte anos. Contudo seu coração jamais se corrompeu pelo luxo e, como boa cristã, sentia-se na obrigação de servir e ajudar aos mais pobres com s...