Quando Amelie abriu seus olhos um novo dia estava começando. A claridade já havia tomado conta do quarto, o fogo da lareira já havia se extinguido quase completamente e a neve ainda caía do lado de fora da janela.
Era uma típica manhã fria de inverno, mas Amelie sentiu-se mais do que aquecida, mesmo usando roupas de dormir. Levou algum tempo para raciocinar e só compreendeu o motivo quando tentou sentar-se na cama, mas foi impedida pelos dois braços fortes que a envolviam sob às cobertas.
Seu coração disparou e as bochechas arderam quando virou um pouco a cabeça e sentiu cócegas do ar exalado lentamente por seu marido se chocando contra seu cabelo e imediatamente lembrou-se dos acontecimentos da noite anterior.
Ainda não conseguia crer como as coisas haviam se desenrolado entre ela e Nathan. Deus havia mesmo escutado sua oração e ela já tinha convicção que, sem dúvidas, depois de tantos dias tristes e sombrios, um novo sol da alegria começava a nascer em sua vida.
Com todo cuidado do mundo, ela virou-se, desejosa e curiosa para ver a expressão de Nathaniel dormindo. Contudo, antes que pudesse alcançar seus propósitos foi surpreendida por um beijo, que lhe causou arrepios. Ela tornou-se para o marido e o considerou adorável tendo os olhos ainda inchados e o semblante suave como uma pena. Só então pensou em sua própria aparência, imaginando com certo alarde quão bagunçada deveria estar aparentando.
— Desculpe, sequer imagino quão horrível devo estar agora — ela murmurou enquanto tentava inutilmente domar seus cabelos com as mãos e o viu rir. — O que foi?
— Você nunca esteve mais bonita, Amelie. — Ele se aproximou e a beijou na bochecha, deixando-a mais desconcertada. — Dormiu bem?
— Bem, é a primeira vez que compartilho o leito com um homem e estranhei a falta de espaço, confesso — explicou rápida e constrangida. — Pelo menos não senti frio e isso foi bom.
— Ora, a meu ver foi muito agradável poder dividir esse espaço com você. — Nate acariciou os rosto dela ternamente. — Já dizia Salomão: "Também, se dois dormirem juntos, eles se aquecerão; mas um só como se aquecerá?".
Amy riu com timidez e tocou a mão de seu marido.
— Sinto-me tão feliz neste momento. — Ela suspirou lentamente e fechou os olhos por alguns instantes, implorando para que tudo aquilo não fosse apenas um sonho bom. — E quanto a você, meu marido? Como se sente?
— Bem, sinceramente, eu me sinto de consciência limpa.
Aquelas palavras soaram estranhas aos ouvidos de Amelie. O que a consciência de Nathan tinha a ver com a noite anterior onde haviam compartilhado da intimidade entre um homem e uma mulher?
— O que lhe pesava na mente, posso saber? — ela resolveu questioná-lo e fez questão de analisar seu rosto muito bem. Será que havia algum segredo escondidos atrás de seus belos olhos?
— E você ainda pergunta, meu bem? — Ele sorriu com sinceridade. — Em um casamento entre um homem e uma mulher deve haver a consumação. É uma obrigação perante o estado e perante o Senhor, principalmente — informou sério e em seguida soltou um suspiro. — Agora, ao menos posso dormir em paz sabendo que cumpri meu papel. — Ele a segurou mais forte. — E eu estou feliz de viver este momento com você.
Amelie sentiu um gosto amargo na boca e não gostou nada do modo como Nathaniel expôs seu ponto de vista. Tudo bem, ele estava certo, pois realmente já haviam passado da hora de serem uma só carne. Contudo, ela imaginou que havia sido motivado pelo amor e não por simples obrigação, como afirmou tão veemente.
— Ah — foi tudo o que a garota pôde dizer, sem conseguir evitar certa mágoa em seu coração.
— O que acha de voltarmos para casa? Se sairmos agora, certamente chegaremos a tempo do almoço e ainda poderemos fazer certas mudanças em nossos aposentos — ele sugeriu mais animado do que o comum e Amy consentiu. — Bem, então vá se arrumar para o desjejum. Não será bom partirmos com fome.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Nova Vida Para Amy
RomanceAmelie McKlain nasceu e cresceu cercada de riquezas, vantagens e mordomias até demais para uma jovem de vinte anos. Contudo seu coração jamais se corrompeu pelo luxo e, como boa cristã, sentia-se na obrigação de servir e ajudar aos mais pobres com s...