— Querida, estou entrando — Nathan avisou, já girando a maçaneta. — Está pronta? Estamos apenas lhe esperando para começar a festa.
Assim que passou para o interior do quarto, ele a contemplou, sentada a beira da escrivaninha, concentrada na escrita de uma carta. Precisou admitir para si mesmo o quanto sentiu-se admirado com a beleza dela usando um modesto vestido azul, que realçava sua pele delicada e os cabelos marrons arrumados em um penteado muito bem feito.
— Falta apenas mais essa linha e... — Ela devolveu a pena ao tinteiro. — Acabei! Venha ler.
Atendendo ao pedido, Nate andou a passos largos e parou ao lado dela, apoiando um braço no encosto da cadeira e o outro na mesa. Ele inclinou-se para frente e mexeu nas folhas, impressionando-se com a quantidade de palavras escritas ali.
— São oito páginas? — questionou enquanto lia as primeiras linhas de saudações.
— Bem, há tanto tempo não falo com minha querida amiga Katherine. Já respondi a todas as cartas de meus conhecidos, mas a deixei por último, pois havia muito pelo que agradecer a ela — declarou feliz enquanto observava os olhos de seu amado movendo-se rápido de um canto ao outro do papel. — Deus foi muito bom comigo, Nathan. Cuidou de todos os meus motivos de ansiedade. Frustrou os planos do Sr. Drake de destruir o orfanato, obrigando-o a deixar Bridgestown e mandou um homem piedoso para se casar com Kate, que o convenceu a comprar o negócio do papai.
— Isso é maravilhoso, meu amor. — Em um gesto rápido, Nate depositou um beijo no topo da cabeça dela. — Chegou a ver a correspondência que seu pai me enviou em resposta àquela que lhe mandei anunciando nosso casamento? Lá me pediu para interceder a você em favor dele. Pareceu arrependido.
Amy engoliu em seco. Apesar de ter decidido perdoar o pai, levaria algum tempo até a mágoa ser curada completamente.
— Cheguei a ler e me pergunto se não está sentindo remorso pelos seus atos, afinal, como mesmo citou, ele não tem mais ninguém para suportá-lo além de Madame Bovary que bondosamente se ofereceu para assisti-lo enquanto o novo médico, um tal de Dr. Green tenta um tratamento experimental. — Amy cruzou os braços. — Por mais que eu tente, não consigo evitar sentir pena e compaixão por esse homem teimoso. Aliás, você nem mesmo precisará interceder em nome dele, ontem já tratei de lhe escrever de maneira bem explícita, deixando claro como me senti com suas atitudes nada paternais e gastando um longo parágrafo declarando que o perdoava, apesar de tudo.
— Muito nobre da sua parte, minha querida. — Nate acariciou a bochecha dela.
— Não, não enalteça meu comportamento. Só agi assim porque as Escrituras me ensinaram que Cristo também faria isso — ela declarou, fazendo seu marido dar um sorriso ainda mais aberto. — Devo graças a Deus, pois sei que se o perdão dependesse apenas de mim, certamente eu não perdoaria com facilidade.
— Nenhum de nós. — Ele parou alguns instantes para refletir. — O que seria do nosso casamento se não fosse Cristo nos ensinando a perdoar?
— Provavelmente eu já teria lhe acertado um murro ou dois. — Ela riu e levantou-se da cadeira, apenas para ficar de frente com o marido. — E você, sem dúvidas, teria me devolvido em uma grande caixa para o meu pai.
— E ficar sem sua presença? — Sorriu e aproveitou o momento no qual ela arrumava a gola de sua camisa para beijar sua mão. — Eu preferia levar um murro todos os dias.
— Cuidado com o que deseja — alertou em um tom cômico.
— Meu único desejo é estar ao seu lado todos os dias da minha vida até morrer — expôs com paixão e quando viu as bochechas dela ganhando um tom rosado ameno, não resistiu ao ímpeto de depositar um beijo suave em seus lábios. — Bem, é melhor nós irmos para a festa agora. Prometo que mais tarde, termino de ler sua carta.
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Uma Nova Vida Para Amy
RomanceAmelie McKlain nasceu e cresceu cercada de riquezas, vantagens e mordomias até demais para uma jovem de vinte anos. Contudo seu coração jamais se corrompeu pelo luxo e, como boa cristã, sentia-se na obrigação de servir e ajudar aos mais pobres com s...