— Isso não é fantástico, querida Kate? — Amy uniu as mãos e apertou a fita em seu pescoço quando um vento mais forte balançou as árvores dos jardins quase levou seu chapéu embora. — Já mandei Madame Bovary começar a separar minhas roupas de inverno no baú.
Quem poderia afirmar que a visita repentina de seu tio Ed a mansão LaBelle seria seu passe para uma vida de liberdade?
Amy mal podia conter suas emoções ante aos últimos ocorridos. Sua alegria em excesso foi notada de imediato por Katherine assim que esta chegou para degustar de um chá naquela tarde amistosa de sol.
— Deixei-me ver se entendi bem, — Katherine estava prestes a bebericar o chá quente, mas desistiu apenas para encarar sua amiga em suas sandices. — Seu pai te designou para entregar uma carta? — perguntou, incrédula. — Por que Sr. McKlain simplesmente não a envia por um mensageiro como de costume?
Inicialmente, Amy compreendeu bem o ceticismo da amiga, afinal ela mesma levou um belo susto quando o pai expôs a necessidade de enviar a filha em seu lugar para aquela missão, cuja recompensa interessava, e muito, Srta. McKlain.
— Bem, papai enfatizou a necessidade da correspondência fosse entregue em mãos ao destinatário. É algo realmente importante pra ele, Kate — explicou, buscando conter suas emoções. — Não posso falhar em minha tarefa. Afinal, ele foi bem claro, se eu cumprir minha missão poderei finalmente realizar meu sonho e ser pupila de minha tia Ophelia.
Katherine colocou uma de suas mãos no queixo e com uma careta deixou claro sua extrema desconfiança relacionada as atitudes do pai de sua amiga. Ela não conseguia compreender a repentina mudança de caráter de Sr. McKlain em relação à filha.
— Amy, minha querida, você nunca saiu de Bridgestown desacompanhada e agora seu pai concordou em lhe enviar sozinha para sua tia, contanto que lhe faça um favor. Não acha estranho?
Amy franziu o cenho e enrolou um de seus cachos soltos no dedo indicador freneticamente.
— Por que acharia estranho? — Sorriu e segurou a mão da outra. — Você não percebe? Eu finalmente terei minha tão sonhada liberdade! — Ela fechou os olhos já se imaginando no futuro. Podia ver claramente os momentos em que usaria sua solteirice e independência para benefício dos pobres e crianças. Amy nunca estivera tão feliz em toda sua vida. — Amanhã sairei com a primeira diligência, devo chegar a Grace Ville pela noite, entregarei a tal carta, repousarei em uma hospedaria e pela manhã partirei rumo à Vermont ao encontro de tia Ophelia.
Kate repousou suas mãos sobre a mesa e uniu os lábios. Ela não queria ser a pessoa responsável por desencorajar a amiga, mas nada daquilo parecia certo.
— Por que assim tão rápido? — questionou. —Aliás, a senhorita já orou a esse respeito ou está fazendo tudo seguindo seu próprio juízo?
— Sim, eu orei! Oro há muito tempo, se quer saber — declarou, sentindo o coração acelerar. Amy não gostava de ser contrariada. — Espero há tanto por isso, seria tolice jogar a oportunidade ao vento. Não acha?
— E quanto ao Sr. Drake? — Este ponto levantado por Kate, conseguiu por fim colocar as engrenagens da cabeça de Amy para funcionarem. Ela então se lembrou quando foi ameaçada pelo homem em questão. — Ele não deseja tomar sua mão o quanto antes? Será que aguentará até o fim da temporada?
— Já alertei meu pai quanto às pretensões daquele rapaz. Ele me disse para não temer. Sr. Drake não tem poder para me coagir contra a vontade de meu pai — Amy respondeu sentindo grande alívio. Finalmente o pai entendeu seu ponto de vista. — Viu só? Tudo está encaminhado. Além do mais, meu coração está em paz.
Sem mais argumentos, Kate suspirou e propôs a si mesma orar pela amiga desnaturada.
— Prometa que vamos nos corresponder? Aliás, mande notícias assim que estiver em segurança com sua tia Ophelia, tudo bem?
Em resposta Amy levantou-se e abraçou a amiga de quem sentiria tanta falta.
— Pode me visitar quando desejar.
Kate riu e se afastou um pouco.
— Com todo prazer.
As duas então se despediram, Katherine partiu para sua casa e Amy foi cuidar dos últimos detalhes de sua viagem de última hora. Ela contava os segundos para sua nova vida.
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Uma Nova Vida Para Amy
RomanceAmelie McKlain nasceu e cresceu cercada de riquezas, vantagens e mordomias até demais para uma jovem de vinte anos. Contudo seu coração jamais se corrompeu pelo luxo e, como boa cristã, sentia-se na obrigação de servir e ajudar aos mais pobres com s...