Trinta e Um:

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— Já é suficiente, obrigado. — Nathaniel fez um gesto para a empregada que servia chá na xícara de porcelana e, após pedir licença, virou-se disposto a retornar para sua esposa.

Enquanto ziguezagueava o salão, teve sua atenção momentaneamente atraída para a pista onde alguns de seus amigos dançavam de maneira nada elegante ao lado de suas companheiras. Rindo da cena, Nate instintivamente orou a Deus pedindo que não fosse tão desengonçado quando chegasse sua vez de conduzir Amelie na valsa que lhe prometera.

Há tempos não dançava com uma dama. Bem, na verdade, há tempos não participava de festa alguma e, caso alguém perguntasse, ele admitiria abertamente que não estaria ali se não fosse unicamente pelo desejo de agradar sua esposa, trazendo-a justamente para o ambiente ao qual ela fora criada e amava. Para convencê-la foi necessário omitir que se tratava do noivado de Mary e quanto a esse feito Nathan se arrependia amargamente. Mesmo assim, só de ver o brilho nos olhos de sua mulher admirada com a mansão Johnson, soube que trazê-la fora uma boa decisão.

Um sorriso escapou de seus lábios. Ele mal podia crer em como tudo ocorreu de forma espetacular até aquele instante. É certo que inicialmente temeu uma pequena confusão entre Sra. Thomas e Srta. Johnson, mas ficou mais tranquilizado assim que viu a disposição da segunda em estabelecer uma amizade com a primeira. Foi igualmente impagável assistir de perto o esforço de sua esposa em interagir e criar laços com pessoas importantes para ele, e isso mesmo após ter expressado seu medo de julgada por sua índole. Nate pôde então respirar aliviado, pois sua promessa de dar à Amy tranquilidade naquela festa estava indo além do imaginado. Ele daria o seu melhor para tornar aquela noite inesquecível.

Animado, Nathaniel voltou a andar, cumprimentou um e outro, conversou por alguns segundos com alguns conhecidos e acelerou seus passos temendo que o chá de Amelie esfriasse por conta da sua demora. Contudo, já chegando próximo à lareira, intrigou-se ao perceber que ela já não estava no lugar aonde fora deixada.

Sua primeira reação foi a de procurar sua esposa entre os convidados, supondo encontrá-la papeando com as senhorinhas que tanto se afeiçoaram por ela.

Olhou aqui e ali, lá e acolá, mas não a viu em lugar algum. Ficou preocupado, pois bem sabia que em breve o jantar seria servido e todos comentariam, caso Amelie não estivesse ao seu lado.

"Onde essa mulher se meteu?" Ele resmungou para si mesmo e abandonando a xícara sobre uma mesinha qualquer, passou a vagar pelo salão, sendo discreto em sua busca e mais sutil ainda ao questionar se alguém vira Sra. Thomas em algum canto. Ninguém lhe deu informações úteis exceto por um senhor que apontou ter visto Amelie conversando brevemente com a anfitriã antes de perdê-la de vista.

— Mary, tem um minuto? — Nate interrompeu sua velha amiga em uma conversa com suas conhecidas.

O semblante de Srta. Johnson se iluminou ao vê-lo, mas, por conhecê-lo bem, logo percebeu sua inquietação. 

— O que houve, Nate? — ela sondou, voltando-se completamente ao rapaz.

— Onde está Amelie? — ele foi direto ao ponto e confirmou haver algo errado só de ver a garota empalidecer. Tomara que Deus não tivesse deixado sua esposa cometer alguma loucura, guiando-se pelos impulsos. — O que aconteceu entre vocês duas?

— Ora, Nathaniel! — Mary fez um bico. — Como vou saber? Por acaso sou babá de sua mulher?

— Não a estou encontrando em lugar algum e você foi a última pessoa que a viu, Mary — a voz dele ficou mais urgente. — Imploro, diga-me, o que houve?

Ela hesitou por alguns segundos e olhou para baixo.

— Oh, Nate! E-eu... E-ela perdeu o controle e saiu do salão quando a mandei parar de te fazer sofrer! Você bem sabe como me preocupo e...  

Uma Nova Vida Para Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora