Dia de Contos

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Após deixarmos a biblioteca subterrânea, se é que posso chamar disso, Akio-san e eu voltamos a nos encontrar com o prefeito. Gentilmente ele nos convidou para sua residência para almoçar, não deixando margem para recusa.

A cidade tinha apenas algumas ruas de pavimento e as casas todas tinham árvores jardins ou algum tipo de plantação. Parecia um lugar pacífico de se viver, no meio das montanhas quase que isolado. Na distância, depois dos pastos de criações, no pé das árvores de cerejeira um grande lago estava refletindo a luz do sol, parecia um cenário saído direto de um livro de pinturas. 

-Com licença – Akio-san disse entrando na casa do prefeito, e eu fiz o mesmo. Não era muito familiar de todos os costumes ainda então apenas me limitei a seguir o mais velho, de maneira alguma gostaria de soar desrespeitosa.

-Ara, ara, vocês dois que estão mexendo com aqueles arquivos velhos? – a esposa do prefeito, Izumi-san, disse enquanto nos servia de algum tipo de chá – Espero que consigam achar o que procuram.

-Se me permite prefeito – comecei a falar e ele levantou a mão me interrompendo.

-Por favor me chame de Hidetaka – ele corrigiu e eu continuei.

-Hidetaka-san com todo o respeito, mas porque escolher uma cidade como essa para guardar arquivos tão importantes?

-A resposta está na sua pergunta jovem, quem imaginaria que uma cidade como essa teria arquivos tão importantes – ele comentou – Pode não parecer, mas temos alguns usuários de jujutsu na área, alguns acabaram de passar dos 40 anos e resolveram se aposentar.

-Depois de ficar nessa vida por muito tempo é preciso descansar, caso contrário você é levado a loucura.

-Acho que chegar a essa idade já é algo memorável – falei sem pensar e em seguida me redimi – Me desculpe, não quis ofender.

O prefeito deu uma alta gargalhada – De maneira alguma, não acho que é uma mentira fique tranquila... Então imagino que vocês queiram me perguntar alguma coisa já que Akio-san está mais calado do que o normal.

Um breve silêncio se instalou na mesa deixando apenas o barulho de louça batendo enquanto Izumi-san servia o almoço.

-Um dos livros, especificamente um de 1968, está com algumas páginas faltantes.

O prefeito se tornou mais sério e abaixou a cabeça levemente – Eu tinha certeza que vocês iriam chegar nesse livro – um longo suspiro e ele continuou relatando – Era algum dia durante o inverno, talvez uns 20 anos atrás? Algo do tipo. Acabara de assumir o cargo, os nossos campos estavam cobertos de gelo e até então não tinha ninguém na rua, foi quando Izumi me disse que vira alguém indo na direção da prefeitura.

-Estava ventando e a neve caía. Me perguntei o que um morador estaria fazendo na rua àquela hora da noite, todos tinham conhecimento que eu estava em casa – Hidetaka-san deu uma pausa. – Foi quando eu me dei conta que não era um morador, tão pouco um turista, numa cidade como essa, todo mundo se conhece e não é fácil alguém passar despercebido.

-Fui até lá, mesmo aos protestos da minha recente esposa. Mas tão rápido quando a pessoa entrou ela saiu, quando cheguei vi apenas as portas arrombadas. A princípio não conseguimos descobrir o que estava faltando já que tudo estava em perfeita ordem. Somente quando olhamos os livros um por um foi que descobrimos as páginas faltantes.

Isumi-san terminou de colocar os pratos na pequena mesa e se sentou na minha frente – Suspeitamos ser alguém que sabia exatamente o que estava procurando, não foi obra de uma maldição ou algo do tipo, a prefeitura foi invadida por um humano comum.

-Provavelmente alguém querendo sumir do mapa – o prefeito concluiu. – Sabe muitas pessoas não gostam dos Zenins, alguns até do próprio clã.

-E depois disso a última pessoa que fez uma visita 15 anos atrás – Akio-san instigou – Foi com permissão?

-Sim, era um servente da família Gojo – ele respondeu – Um homem, disse estar fazendo uma pesquisa referente a alguns documentos encontrados na residência principal.

-Se não me engano o herdeiro deveria ter algo em torno de 1 ano quando ele apareceu por aqui.

-Hidetaka-san, por acaso você sabe sobre o que seria essa pesquisa? – perguntei e os dois se entreolharam, pensando se poderiam falar ou não.

-Eu tomo responsabilidade pelas informações – Akio-san interviu buscando uma maneira dos dois falarem.

Um longo suspiro e o mais velho passou a mãos levemente pelos cabelos brancos – Eu não me lembro bem ao certo, mas era relacionado a uma carta.

-Uma carta de amor – a esposa interrompeu - Vocês sabem como os clãs Gojo e Zenin tiveram um desentendimento quase milênios atrás, a carta era datada desse período de um membro do clã Gojo para uma suposta mulher do clã Zenin.

-Pelo que o servo disse na época, já que eles estavam buscando informações sobre os "seis olhos", a carta mencionava algo sobre poder ver o destino.

Eu tive que me forçar a não demonstrar nenhuma resposta a fala dele, então apenas tentei manter a minha feição de atenção. Ao meu lado pude ver Akio-san levemente surpreso, mas isso também não interferiu grandemente em sua reação, não o suficiente para o casal suspeitar de algo.

-Interessante – o assistente disse – E qual a relação do destino com a carta do amor, ele não estaria procurando algo sobre o akai ito não é mesmo?

Ah Akio-san eu te admiro.

-Me desculpe, mas não sabemos o fim dessa investigação – Hidetaka-san – Mas vocês podem olhar os arquivos que eu entreguei para o rapaz na época, se estiverem tão curiosos assim.

Continuamos o almoço sem mais grandes conversas e eu estava perdida em teorias, seria capaz que essa suposta ligação que eu tinha com o garoto vinha de milênios atrás? Se a teoria do vice-diretor Telles fosse verdade e a linha vermelha fosse uma maldição ou no caso, uma promessa não cumprida, faria sentido se fosse entre dois amantes não é mesmo?

Mas eles estando mortos significaria que suas almas foram reencarnadas?

Se já não bastasse a pista sobre a minha possível família e a minha técnica reagindo involuntariamente com a do Gojo ainda tinha mais esse mistério para resolver, eu esperava encontrar alguma luz para os meus pensamentos, mas aparentemente só estou afundando ainda mais.







N/a: Obrigada por ler até aqui!

Até a próxima, Xx.

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora