Espaço encontra o Tempo

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Quando eu acordei tive a impressão de que estava na mesma posição de quando deitei, me virei olhando para o teto ainda com a visão um pouco embaçada. Julgando pela iluminação que entrava pelas frestas da janela, imaginei que deveria ter se passado algo em torno de um dia.

Alcancei o meu celular e vi que estava marcando 15:00 horas, eu tinha realmente dormido por um bom tempo.

Empurrei as pernas pra fora da cama e levantei, foi quando uma sensação horrível me atingiu. Forçando a me curvar para frente em desespero, uma dor aguda, como se minhas entranhas fossem perfuradas. Senti meu corpo girar e a minha mente foi tomada de imagens.

Parecia com a escola, mas ela já estava parcialmente destruída.

Pisquei meus olhos novamente na tentativa de me livrar daquilo e senti o chão tremer, algo grande estava acontecendo. Mesmo descalça, sai do quarto para o corredor me apoiando nas paredes, se eu ficasse no dormitório e acontecesse algo com o prédio seria provavelmente soterrada pelos escombros.

Meu tórax apertou, estava difícil respirar, parecia ter uma criatura esmagando os meus órgãos. Um por um, bem lentamente, fora essa dor sufocante havia um zunido no ouvido impedindo de focar propriamente em qualquer coisa.

Algo quente começou a escorrer pelo meu rosto e meus olhos arderam como se estivessem a 1 cm de um braseiro, eram lágrimas. Mas por quê? Que diabos estava acontecendo comigo?

Coloquei a mão na cabeça e mais uma vez as imagens que se projetaram na minha mente não era o que estava na frente dos olhos, porém, dessa vez vi algo conhecido.


Toji... Eu via meu tio, e ele avançava para matar.


Senti como se a minha garganta fosse dilacerada e quase podia sentir o sangue quente escorrendo pela minha pele, um lampejo vermelho e eu entendi. Quem estava sofrendo tudo aquilo era Gojo e não eu, o fio do destino apareceu na minha frente como se estivesse flutuando, então num ato de fé estiquei a minha mão.

O fio era material, senti ele na palma da minha mão, embora não conseguisse descrever com palavras como que era a sensação. Esse movimento fez com que a ligação ficasse mais intensa, caí no chão, não conseguindo sentir a minha perna direita.

Por algum motivo, que eu não sabia qual era, Gojo não estava usando da sua incrível energia amaldiçoada. Satoru seria morto em milésimos de segundo julgando pelo estrago que Toji já havia feito.

Eu não tinha nada a perder, seguindo a lenda ele deveria estar na outra ponta então com uma habilidade que eu não sabia que tinha, chrono se enrolou na linha do destino mudando o seu brilho vermelho para um lilás, acho bom você fazer bom uso desse tempo que eu te dei Satoru.


***



O cenário era novo, mas era o que eu imaginava que o interior de uma torre de relógio se parecesse. Um grande vitral retinha os números que indicavam as horas e a sombra dos ponteiros gigantes se mexendo conforme o tempo passava ou não se passava.

Pelo vidro a paisagem não era nada mais do que uma galáxia inteira, era como olhar uma imagem de telescópio ampliada milhões de vezes.


Palácio das Eras


Não precisava de muito para saber que aquele era meu próprio território, embora outra pessoa também estivesse nele no momento.

Olhei pra trás vendo Gojo deitado num sofá que parecia ter sido tirado diretamente de um palácio na Europa, felizmente enrolar chrono na linha do destino deu certo e ele ficou consciente o suficiente pra conseguir ativar a técnica de reversão.

A energia amaldiçoada surge da negatividade. Mesmo que você possa reforçar seu corpo a reconstrução é impossível. Por isso se multiplica a energia negativa junto para fazer dela positiva.

Embora seja mais fácil falar do que fazer, me virei para o garoto sentando no outro sofá e por ser a primeira vez que ele usava a reversão, o tempo que ele levava para se curar era relativamente maior. Foi uma grande sorte eu conseguir completar o meu domínio mesmo que involuntariamente, ele poderia ficar por anos aqui e no mundo real se passar apenas um piscar de olhos.

Vi que o garoto mexeu a mão levemente significando que o processo já deveria estar quase completo, não estava pronta para conversar com ele agora. E julgando pela situação era bem provável que ele fosse atrás de Toji, apesar da minha consciência estar no palácio eu tinha plena sabedoria que meu corpo ainda estava caído no corredor perto do meu quarto.

Era incrível os caminhos que o espaço e o tempo podiam liberar juntos e nesse ponto eu já não tinha mais dúvidas de que todas as hipóteses eram de fato verdadeiras. Embora essa fosse uma conversa para outro momento.

Erguendo a minha mão e estalei o dedo para liberar o território e logo me vi deitada no chão de madeira novamente, escorada de leve na parede. Satoru também deveria estar acordando aonde quer que ele estivesse.

Até eu descobrir a minha história era capaz que eu ficasse louca com toda a informação nova e incompleta que eu recebia, já não estava com a sensação de enjoo e minha respiração estava normal.

Me sentei no chão ao lado da cama e apoiei a minha cabeça no colchão, alguma coisa estava diferente, embora eu não soubesse o que era.

Era claro que a ligação que tínhamos era como a minha técnica de Partilha da Alma embora funcionasse de uma maneira diferente, deveriam existir certas condições que eu ainda não conhecia para poder a executar. Caso contrário, em algum ponto da minha vida já deveria ter sentido isso antes.

Seria proximidade? Não...

Olhei para a minha mão, a ligação sempre esteve ali, mas eu só tomei consciência dela depois que encostei na linha vermelha. Num paralelo supus que era como respirar, você faz inconscientemente porque é um mecanismo do corpo humano, mas a partir do momento que você para prestar atenção consegue controlar.

E então o brilho vermelho voltou, era por isso que vi alguns lampejos dela ao longo da minha vida porque eram os momentos que eu tomava consciência que estava lá, caso contrário só existia em seu curso comum.

Com as pontas dos meus dedos encostei de leve no emaranhado que parecia flutuar em espirais na minha frente e assim como antes, fui capaz de observar coisas que não eram os meus olhos que estavam vendo.


Toji estava com a mesma roupa do dia que nos encontramos, mas seu braço e metade do seu abdômen já não existiam mais, no seus ombros um espírito e na sua mão algo que parecia uma corrente com uma arma na ponta.

-Em dois ou três anos, meu filho será vendido à família Zenin. Faça como bem-quiser.


Soltei o fio, não tinha como ele me ver não é? Afinal, era como se o pedido que minha mãe fez a ele, voltasse para mim.

Coloquei a cabeça entre os joelhos e soltei o ar que estava segurando em meus pulmões. Teria muito o que conversar com Gojo quando ele voltasse.





N/A: Então...

Eu escrevi o cap inteiro hoje na parte da manhã, e achei diferente por ser inteiro de narrativa. Me deixem saber seus pensamentos sobre isso. Mas tende a indicar pra onde a história vai seguir.

Postagem extra levemente motivada por um comentário? Talvez.

Eu não costumo escrever histórias curtas então seguindo meu padrão estimo entre 40-50 capítulos, para esse primeiro livro.

Agora de verdade até a próxima, que não sei quando será.

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora