Dever Primeiro

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Quando voltei para a escola metropolitana de Tóquio, Akio-san estava lá para me receber. Eu não sabia o que aconteceu na outra missão, mas de alguma forma ele parecia estar mais preocupado do que o normal.

-Obrigado Ryo – ele agradeceu o assistente e colocou a mão em meu ombro me guiando para o prédio principal – O que aconteceu? Parece que você foi atropelada algumas vezes.

Respirei devagar tentando manter a minha voz clara eu estava tão desgastada que poderia apenas deitar ali no chão e dormir por dois dias seguidos – Foram uma sequência de eventos Akio-san... Mas, podemos deixar para depois? Eu realmente sinto que posso desmaiar de tanto cansaço.

Ele me olhou seriamente – Não, preciso saber o que aconteceu a fim de estar preparado para possíveis eventualidades. – Claro que ele não me deixaria tirar uma soneca, é do Akio-san que estamos falando, dever primeiro dormir depois.

-Te dou 20 minutos para se tornar mais apresentável, nada mais que isso. Depois quero um relatório completo – ele deu a ordem.

Joguei a minha cabeça para trás, achei que estava salva, mas só tinha afundado ainda mais. Pelo menos era melhor que nada. Depois do que parecia uma eternidade voltei pro meu quarto pegando algumas roupas limpas e logo em seguida segui para o vestiário.

Não demorou até que eu conseguisse me livrar da sensação de sujeira que estava sentindo, deixei que a água do chuveiro batesse nas minhas costas para aliviar um pouco os meus músculos. Até então eu não reparei que estava tão tensa.

Apertei o meu pescoço de leve e girei a minha cabeça encarando o teto em seguida, era de se esperar que a escola estivesse vazia, entretanto eu não imaginaria que estivesse com um clima tão diferente. Ainda não sabia sobre as tais complicações da missão especial, só podia supor que algo deu errado, já que era quase palpável a tensão.

Com certeza fiquei ali mais do que 20 minutos como instruído, mas um banho nunca pareceu tão confortável. Por mais estranho que isso soe.

Quando voltei a encontrar com Akio-san ele já tinha todo tipo de comida disponível, podia ser um cara sério por fora, mas por dentro era como algodão-doce.

-Akio-san, já falei que você é o melhor? – respondi me sentando na minha cama abrindo o primeiro pacote de guloseimas que eu achei.

-Não, mas eu já sei disso – ele respondeu, auto confiança é tudo. – E então?

Peguei meu celular e apertei o áudio da conversa que eu estava tendo com Koji antes de tudo acontecer. Joguei o aparelho na direção dele.

"Me diga Koji-san, existe um mercado de assassinos de xamãs aqui no Japão não é?

O assistente ouvia o áudio enquanto eu devorava completamente tudo que ele tinha comprado pra mim, e que se dane as calorias. Mas o que eu não sabia, ou melhor, o que eu não me lembrava era que o celular continuou gravando até depois que eu já tinha colocado o homem sobre a minha restrição.

"Uma única vez eu vou poder fazer alguma coisa boa por você, então colabore comigo sim."

-Você tem alguma ideia de que ele é? – Akio-san pausou o áudio e me perguntou e eu balancei a cabeça.

-Somente que ele é meu tio... Sei que a situação não é boa Akio-san, mas pelo menos ele confirmou que Suyen é realmente a minha mãe – e continuei – E não sei exatamente o porquê, mas algo me diz que essa tentativa de me manter afastada tem a ver com a grande missão do mestre Tengen.

Um pouco de sarcasmo não faz mal a ninguém apesar do mais velho ter me reprimido com o olhar.

-E depois disso? – ele perguntou.

-Eu acordei no meio das árvores, Koji-san já havia desaparecido... – olhei pra ele antes de desviar e continuar - Da vida eu digo.

-Usei chrono para chegar até o hotal, foi quando eu consegui falar com você. Depois disso não aconteceu mais nada.

-Você está mentindo – ele disse cruzando os braços – Ou omitindo, passamos tempo demais na companhia um do outro, consigo dizer quando está me enganando ou não.

Abaixei a minha cabeça e fechei os olhos lembrando vagamente da sensação do sonho que eu tive – Enquanto estava esperando Ryo no hotel tive um sonho... Embora parecesse mais uma memória de tempos remotos, no começo eram apenas um borrão de cores, mas logo foi tomando forma, era uma mulher no meio de um campo com o fio do destino, ou pelo menos era o que parecia, flutuando ao seu redor.

-Quando tentei me aproximar, caí e acordei – terminei o relato.

Ele pareceu pensar um pouco – Você acha que esse local poderia ser um território?

-Eu não sei exatamente te responder, mas acredito que poderia ser? Já nem sei mais.

-Certo, certo. – ele se levantou – Já tenho meu relatório vou deixar você descansar um pouco, quem sabe se lembre de mais alguma coisa. Termine de comer e não esqueça de escovar os dentes antes de dormir.

-Quem é você, meu pai? – falei um pouco sem pensar, Akio-san parou com a mão na maçaneta da porta e se virou novamente.

-Não, mas provavelmente sou o mais próximo disso. Boa noite.

E então o homem saiu me deixando apenas com meus pensamentos, essa não era a resposta que eu esperaria mas colocou um sorriso no meu rosto. Eu não podia negar que eu gostava de Akio-san como um irmão mais velho ou até mesmo um pai, aos poucos eu podia ver ele se encaixando nessa posição cada vez mais.

Quando estava prestes a me deitar o meu celular tocou, eu até pensei em ignorar, porém vendo quem era eu atendi.

-Yu como está a missão? – atendi a ligação e perguntei.

-Wah, finalmente consegui falar com você. O que aconteceu até parece que foi sequestrada.

Não pude deixar de rir – Se eu te contar você não vai acreditar... – Ouvi um barulho no fundo, e continuei. – Onde vocês estão?

-Estamos em Okinawa cuidando de um possível ataque ao aeroporto, enquanto Geto-senpai e Gojo-senpai estão arriscando sua vida por uma garota inocente – ele disse.

-E você tem certeza de que pode falar isso em voz alta? – respondi.

-Não se preocupe não tem ninguém por perto, Nanami está tão emburrado que as pessoas estão mantendo a distância.

Eu podia imaginar exatamente o tipo de feição que ele estava fazendo, eu adorava a sinceridade do Haibara.

-Bem, fiquem em alerta. Conto tudo que aconteceu quando vocês voltarem – falei, ele se despediu e eu joguei o celular na cabeceira da cama. Assim que fechei meus olhos a escuridão me envolveu, dessa vez sem sonhos.





N/A: Obrigada pelo apoio e por ler até aqui.

Sei que o desenvolvimento está devagar mas é para poder desenrolar a história da personagem. Satoru vai começar a aparecer mais a partir desse ponto.

Até a próxima. Xx

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora