Súplica

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Satoru achou estranho o silêncio súbito que envolveu a pequena ligação entre os dois de repente, [Nome] ainda não tinha completo domínio sobre o fio vermelho. Então não era incomum que ocasionalmente recebesse pequenas vibrações relacionadas ao que ela estava sentindo, eram curtas, mas que mesmo assim chegavam como um lembrete de que não estava sozinho.

Por mais que não fosse admitir em voz alta, gostava desses pequenos impulsos, fazia com que se perguntasse que tipo de coisa [Nome] estava vendo, sentindo e principalmente vivendo.

Mas naquele dia, quando tudo se silenciou, algo em seu âmago o fez ficar em alerta, no silêncio esperando qualquer sinal do outro lado.

O vazio era uma sensação desesperadora – cômica porque o espaço era justamente sua área de atuação - a perda dói, mas pelo menos você se conforma de algo que já não tem volta. Mas o vazio? A dúvida de saber o que aconteceu? Isso, sim, era um sentimento ardiloso.

E era essa sensação que ele se via afundando mais e mais, a cada momento. Não estava acostumado a sentir as coisas tão intensamente, mas qualquer assunto que era relacionado a [Nome] fazia com que seus nervos subissem à flor da pele.

Não queria e não podia a perder.

Andava sem ter rumo pelos terrenos da escola quando encontrou com o agora diretor, Yaga-san. Ele tinha um dos familiares bonecos no braço e parecia estar caminhando para lugar nenhum, assim como ele.

-Sensei – o chamou ignorando o novo título do homem – Que tal ajudar seu aluno favorito?

-Shoko precisa de algo? – respondeu parando e se voltando para o mais jovem que agora mantinha uma expressão cômica de ultraje no rosto, mas se recuperando logo em seguida.

-Sim, precisa. – Satoru disse enquanto se apoiava na lateral do corredor – Saber onde é a missão que os segundos anistas foram.

Ele e o restante do grupo faziam parte do terceiro ano agora.

Mesmo tendo os olhos escondidos por um par de óculos, Gojo sabia o tipo de olhar que Yaga-san estava lhe lançando pela testa franzida – Não – respondeu com o tom firme.

-Yaga-sensei – cantou em resposta – Por favor faça isso para sua aluna favorita, ela realmente quer saber essa informação.

O homem se virou com um rosto tão sério que fez com que Satoru levantasse os braços em sinal de rendição e em seguida coçasse a própria cabeça. Um pouco da frustração se deixando mostrar pela máscara da personalidade solta que ele mantinha até então.

-Não há motivos para você se preocupar – o professor disse se colocando ao lado dele – É uma maldição de segundo grau, sei que eles têm mais do que habilidade para lidar com isso.

O jovem apoiou o rosto na bochecha enquanto se debruçava na mureta, não respondeu, apenas se manteve quieto enquanto via o sol começar a se pôr no horizonte.

-O que te aflige?

Encarando o diretor pelo canto de olhos e depois o desviando para a paisagem, comentou – Está quieto demais.

O diretor não entendeu, mas não teve tempo de questionar, pois um assistente veio correndo em sua direção com o rosto completamente apavorado e como se fosse proposital o destino gritou ao seu ouvido. Ou melhor, urrou com a mais profunda agonia.

Satoru levou as duas mãos à cabeça, trincando os dentes. Não via nada, não ouvia seus pensamentos, apenas sentia com intensidade as sensações transmitidas, o suficiente para que ofuscasse sua própria essência.

Caiu de joelhos no chão sem forças para se manter em pé, a testa contra a madeira fria do corredor, ele tremia; era medo em sua mais pura forma, implacável, sombrio e tenebroso. Uma força brutal que devorava qualquer outra coisa.

E esse sentimento tão desprezível não era dela, era seu.

A linha que os uniu a milhares de anos e que os fez reencontrar nessa vida estava prestes a se romper. E doía, ah como doía. Não existem palavras o suficiente para descrever o sofrimento que o assolava, era o pior dos pesadelos, a morte mais cruel e a tortura mais angustiante, a pele que era arrancada de seu corpo, o ácido que corroía sua carne.

-Não – tentou levantar a mão trêmula, atravessando direto pelo fio. Estava ali bem à sua frente e não havia absolutamente nada que pudesse fazer – Não, não, não... Não!

Gritou a última parte deixando que sua própria energia saísse de controle, levando uma parte do prédio junto, escombros voaram para todos os lados, mas não importava nada daquilo importava.

[Nome] não merecia isso, já havia sofrido tanto e perdido tanto. E quando as coisas começam a melhorar, no momento em que as peças começam a se encaixar, algo vem e tenta a tirar dele novamente. Tentar arrancar da garota o seu direito de viver.

Não acreditava em Deus, mas acreditava naquele pequeno filete de promessa vivo que os unia.

-Pegue tudo de mim – disse entre dentes com raiva, o ódio se transformando em lágrimas quentes que escorriam por seu rosto – Mas não me deixe a perder de novo, não deixe que ela se perca de novo.

Silêncio.

Não tinha ninguém para ouvir.

Com a mão em punho e um brado rompendo furioso rompendo sua garganta socou no chão tomado pela sensação de inutilidade, foi nesse momento que o destino tremeu.

Satoru sentiu-se ser puxado, como se algo tentasse levar a sua essência para fora de seu corpo, mas não era violento, era gentil. Era o peso da balança sendo doado intencionalmente ao outro lado, ele estava se doando a [Nome] e estava pronto e disposto a desistir da própria vida para salvar a dela.

Então ao pedido feito, um desejo foi atendido.











N/A: Obrigada por ler até aqui

Xx

ps. esse fim de semana vai ser intenso mores, apertem os cintos.

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora