Promessa

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Apesar de já ser tarde da noite e o frio ser intenso, não me importava muito. Estava tendo um bom momento com Satoru, na verdade, tudo aquilo quase fazia parecer que era um encontro.

O coração batia forte, confuso com os meus próprios sentimentos e desejos.

Sua mão não havia deixado a minha por um instante sequer, sem contar o jantar é claro, com a desculpa de que não queria que eu me perdesse. De fato, ainda haviam pessoas na rua, mas não seria o suficiente para que eu simplesmente desaparecesse, porém ter seus dedos entrelaçados com os meus e sentir nossos braços se encostando levemente era estranhamente confortável.

Nunca me envolvi romanticamente com alguém, não a esse ponto, de sair e apenas aproveitar a companhia um do outro.

Lentamente ele foi nos guiando para uma parte mais alta do lugar, parecia com um pequeno terraço onde dava para observar as ruas decoradas com enfeites de luzes de natal de cima. Nesse ponto já não tinha muitas pessoas, apenas alguns casais apaixonados aproveitando a beleza do local para trocarem palavras doces.

Não chegamos a sentar, o rapaz me levou para um canto um pouco mais afastado, ele parecia um pouco sério, mesmo que fosse difícil associar essa palavra a sua personalidade. Foi quando ele começou a falar.

-Por mais que eu goste do caminho que nós estamos seguindo... Eu preciso te contar uma coisa. – ele colocou a mão dentro do casaco e puxou um caderninho bem surrado em seguida me entregando – Depois do que eu falar você pode tomar a decisão...

-Que decisão?

-De se vai querer continuar comigo ou não – ele colocou as duas mãos no bolso da calça – Nós dois sabemos pra onde essa ligação está nos levando, é impossível não querer algo que parece tão certo...

Ele deu uma pausa, estava se referindo a nós dois como um casal. Desde que saí do hospital ele realmente respeitou a minha vontade de ter um amigo antes de ter um namorado ou companheiro, mas pouco a pouco o lado amoroso foi se envolvendo, deixando que sentimentos mais fortes assumissem o controle.

-Mas não quero esconder nada de você, então esse é o meu último presente. A verdade.

Olhei o caderno na minha mão, o que ele queria dizer com isso? Puxando os pequenos fios de couro que o mantinha fechado eu o abri, para logo na primeira página ter o ar fugindo dos meus pulmões. Era uma foto antiga já com as bordas amareladas e parecia ter sido segurada inúmeras vezes, mas inegavelmente era uma foto minha... Com meus pais.

Eu não devia ter mais do que quatro anos, minha mãe de olhos fechados me segurava no colo me abraçando pela cintura, ela vestia um bonito vestido cor de pêssego e os cabelos longos pareciam balançar suavemente. Meu pai mantinha um braço em seu ombro a abraçando enquanto olhava pra mim com um sorriso amoroso.

Tracei seus rostos com a ponta do dedo – Eu não consigo me lembrar deles, onde conseguiu isso?

-Seu pai, Theodore Kismet – ele começou a falar – talvez seja mais fácil eu mostrar do que falar mas você precisa me deixar fazer isso.

Olhei a foto uma última vez antes de fechar o caderno e encarar seus olhos. A linha vermelha se fez presente à nossa volta, não havíamos usado a conexão desde Prometeu, Gojo tomou o meu rosto entre as mãos com delicadeza e encostou a testa na minha.

Suas lembranças daquele dia aparecendo em minha mente de repente, foi onde a história se desenrolou. Vi meu corpo quase morto em cima de uma mesa, os sentimentos de desespero que ele sentiu naquele dia também me alcançando, mas foi quando Pacome se fez presente na cena que senti meu mundo desabar.

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora