Entre Sonhos e Amigos

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Um beep e depois de algum tempo o outro, a única coisa que fazia algum barulho no quarto de hospital era o pequeno monitor que mostrava os batimentos do coração de [Nome]. Assim como todos os outros fios que estavam ligados aos seu corpo, monitorando seus sinais vitais e pequenos movimentos.

Deitada sem se mexer seu o rosto agora sereno estava livre das expressões de desespero causadas por Prometeu, apenas esperando até que se recuperasse o suficiente para acordar. A pele ainda pálida estava coberta hematomas, mesmo com Shoko fazendo sua mágica certas feridas não eram possíveis de se curar.

Satoru observava da poltrona no canto, foi preciso apenas um momento de conexão para que sentimentos que não existiam antes aparecessem como uma avalanche, fazendo com que pequenas coisas que não havia percebido agora se tornassem mais claras. Desde sua figura com traços estrangeiros e delicada até o jeito que seus cabelos refletiam os feixes de luz do sol.

A princípio não achou que os sentimentos se caracterizavam como românticos, era proteção e talvez um pouco de zelo, sentia que se algo acontecesse com a garota, ele mesmo pudesse ruir como consequência disso, se tivesse que fazer uma comparação.

[Nome] era o outro peso na balança, o equilíbrio.

Curiosamente algo dentro de si o puxava constantemente na direção dela, mas também fazia com que ele se afastasse, era um sentimento traiçoeiro deitado dentro de seu coração consumindo cada pedaço do seu peito. E como se não bastasse ele, a culpa de não ter dado a devida atenção a ela e sobre a relação espaço-tempo – como a mesma havia chamado -, crescia proporcionalmente ao tempo que a garota passava desacordada.

Depois do pequeno sonho que teve, se é que poderia chamar disso. Se tivesse que julgar era mais como um emaranhado de sensações e lapsos de lembranças de alguém que um dia, talvez num passado distante, tenha sido ele mesmo.



Era uma casa estranha de paredes escuras feitas de madeira velha. Mesmo assim parecia um lugar que trazia algum tipo de conforto, ou melhor, anseio.

Estava esperando por algo, ou seria por alguém?

Medo, esperança, paixão e devoção eram alguns dos sentimentos que se agitavam conforme os segundos de passavam e então como se surgisse das próprias sombras uma silhueta vestida de branco andou em sua direção, estendendo uma mão pálida com dedos finos... Era um convite.

Dentro de si um sentimento surgiu com uma força arrebatadora, algo que há muito não presenciava, uma sensação que após anos estava quase esquecida. Amor, se tivesse que descrever aquela estranha figura seria a própria personificação do sentimento, algo terno que o envolvia calmamente afastando seus medos e inseguranças.

Ela o chamava, mesmo que não tivesse voz, mas assim que levantou sua própria mão e a encostou com a da figura tudo se desfez não deixando nada além de um rastro vermelho e no meio de seu peito uma ferida recém-aberta que vertia sangue.

O cenário já havia se transformado numa guerra com nada além de destruição e fogo um vazio descomunal que se entrelaçou em suas pernas como uma cobra ardilosa o puxando em seguida para o nada.

Morrendo sufocando em meio às sombras.




Quando acordou daquele sonho na noite passada, estava sem ar e o corpo estava dolorido como se de fato estivesse com um buraco no meio do peito. E se não fosse o suficiente, enquanto tentava levar oxigênio para seus pulmões por meio de respirações descompassadas algumas lágrimas vertiam de seus olhos, caindo incontrolavelmente e molhando suas próprias vestes.

Não se lembrava da última vez que havia chorado, mas o vazio havia sido tão desesperador que apenas a lembrança era o suficiente para fazer com que calafrios subissem por sua espinha.

De repente a porta do quarto do hospital abriu, salvando-o de pensamentos insertos e memórias desagradáveis.

-Você precisa descansar Satoru, ficar aqui como um cão de guarda não vai adiantar de nada.

Getou fechou a porta atrás de si, assim que Shoko passou por ele mesmo. O rapaz não havia participado da missão, pois estava resolvendo outras questões para a escola, apenas ouviu depois do retorno deles sobre os acontecimentos daquele dia.

-Eu sei que não adianta – a voz do amigo soou fraca – Mas... Ficar longe me deixa ansioso, por mais idiota que isso soe.

O outro aluno se sentou na cadeira a sua frente antes de olhar para [Nome] na cama, ainda completamente imóvel. Shoko tinha se aproximado e colocado a própria mão sobre a cabeça da amiga.

-Não é tolice – disse ela – É natural, já que pelo que parece se ela morrer você morre também.

Gojo fez uma expressão sarcástica enquanto voltava a se encostar na poltrona — Me sinto mais tranquilo, obrigado Shoko.

Um pequeno riso deixou a boca da amiga – Ela vai ficar bem.

Getou se sentou confortavelmente na cadeira mantendo as mãos nos bolsos – Quem diria que eu viveria o suficiente para te ver apaixonado e por uma garota mais nova. Que imoral, pra quem sempre disse que preferia mulheres mais maduras essa é uma mudança e tanto.

-Hey, ela tem a nossa idade pra começo de conversa – rebateu – E não estou apaixonado é só...

As palavras travaram em sua boca não encontrando uma substituta, engoliu seco por ter hesitado na frente de seus amigos. Eles não deixariam aquilo passar em branco nunca.

-Apaixonado. - Falaram juntos, rindo em seguida.

Satoru passou as mãos pelos cabelos claros os bagunçando mais ainda em seguida cruzando os braços com uma careta emburrada, enquanto isso os outros dois apenas pareciam de divertir com a situação.

Se passaram alguns momentos de um silêncio confortável, até que dono dos seis olhos falasse numa voz baixa e nada característica da sua personalidade convencida – Obrigado.

Getou pareceu surpreso por alguns instantes, mas sorriu virando em seguida o rosto para a janela, na paisagem alguns raios de sol encontravam seu caminho para brilhar mesmo dentre nuvens densas.

-É pra isso que servem os amigos.







N/A: Mas veja só quem está questionando os próprios sentimentos agora não é mesmo?

Por essa semana é isso, vejo vocês na próxima.

Até mais, Xx

Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora