Foi uma pequena luta para os enfermeiros conseguirem me religar aos aparelhos, precisaram aplicar um sedativo e manter Satoru por perto. O nó na garganta ainda se fazia presente assim como o aperto no peito.
O teto branco do quarto parecia bem interessante no momento. Gojo se manteve quieto, por incrível que pareça, apenas servindo de apoio moral enquanto o doutor que aparentemente cuidava de mim conversava com Yaga-san do lado de fora.
-Por quanto tempo eu fiquei fora do ar? – perguntei ainda mirando as pequenas deformidades no teto não tendo coragem de encarar Satoru nos olhos.
-Pouco mais de três meses – respondeu, os passos se aproximaram da cama me fazendo virar de leve a cabeça para o outro lado. Não fazia ideia de que tinha se passado tanto tempo, certamente não era o que parecia do outro lado.
Senti sua mão pousar no meu punho direito, os dedos levemente trêmulos – Você teve uma convulsão ontem. Depois do estado que vimos você antes, achei que dessa vez o sono da beleza seria...
-Para sempre. – ele concluiu – Bem foi o que pareceu pela... Você sabe.
-Linha telefônica Gojo? – perguntei e tomei a atitude para finalmente o encarar – Não perde a piada nem quando tem alguém morrendo.
-Hey, é preciso manter a fagulha acesa – retrucou num tom mais vivo, e menos sério. Um que com certeza combinava mais com ele. – Estava ouvindo então? Durante todo esse tempo.
Respirei fundo antes de responder e em seguida ouvi o beep do monitor ficar ligeiramente mais rápido – Máquina estúpida.
-Tentando mentir? Que coisa feia Kismet-chan – disse rindo de leve – Sorte que eu tenho um efetivo detector de mentiras do meu lado.
-Garoto de sorte não? – fechei os olhos deixando que o que eu lembrava voltasse a minha mente – Não ouvi exatamente, parece uma lembrança embaçada. Talvez seja sua, não sei como essa... Parte funciona.
-Mas sei que sempre que estava por perto, então, obrigada. – olhei para o meu braço onde a mão dele ainda estava apoiada. Me desvencilhei apenas para poder segurar sua mão apropriadamente. – Por não desistir de me trazer de volta.
-Não cometeria o mesmo erro duas vezes.
-Fico feliz em te ver acordada [Nome] – O agora diretor, Yaga-san, entrou no quarto. Soltei a mão de Gojo ao mesmo tempo em que ele se afastou da cama. Não estava pronta para ter a outra conversa ainda, nenhum de nós estava. – E bem acima de tudo.
-Obrigada Yaga-san. Ou deveria ser Diretor Yaga? – O homem passou a mão pela lateral do rosto um pouco envergonhado.
-Qual você preferir.
-Eu não tive essa opção – Gojo retrucou do outro lado levantando as mãos em seguida em sinal de rendição após receber apenas uma virada de cabeça do diretor.
O mais velho se aproximou – Doutor disse que seus sinais parecem estabilizados, depois do susto de ontem não teve mais picos de pressão, mas ainda vai precisar ficar aqui por alguns dias. A fim de confirmar estar tudo bem.
-Bom, eu não tive tempo o suficiente para conhecer os arredores – respondi –, consigo aguentar mais alguns dias.
-Esse é o espírito – confirmou –, vamos manter alguém para te acompanhar até voltar para a escola. Tenho certeza que vocês vão ter muito o que conversar nesse meio tempo.
-Yaga-san, você não pode estar falando sério, não é? – Gojo deu alguns passos à frente – Não ele.
-Depois de todo tempo que passamos juntos Satoru-kun me dói saber que ainda tem sentimentos tão ruins sobre mim. Nós deveríamos passar por uma terapia para resolver toda essa mágoa.
Uma nova figura entrou no meu quarto, ele vestia um terno de linho azul-marinho. Perfeitamente alinhado, mas o rosto...
-Devo procurar por um especialista em casais?
-Eu odeio você – Gojo grunhiu, aquilo, sim, era uma inversão de papéis. Satoru normalmente era a pessoa que tirava os outros do sério, então ver ele nervoso só fez com que minha curiosidade aumentasse.
-Quem é você? – questionei – E porque você se parece tanto com Akio-san?
Passando pelo diretor ele andou até a cama e pegou a minha mão levando até a boca, franzi o cenho quando ele fez o comprimento que se via comumente em filmes de romance clássico. Um beijo nas costas da minha mão.
-Akira Kimura, despeenees.
-Você fala grego? - disse surpresa ouvindo palavras familiares soando na minha língua nativa. Fazia muito tempo que não mantinha uma conversa com alguém em outro idioma.
-O suficiente. Mas posso soar um pouco enferrujado.
-Nem um pouco.
-Se importam em compartilhar com nós meros mortais? - Satoru perguntou cruzando os braços – Alguém?
-Na verdade não – Akira respondeu ainda sem me soltar e ignorando completamente o rapaz – [Nome] temos realmente muito o que conversar, a sós de preferência.
-Isso não vai acontecer.
Akira riu alto e lançou um olhar desafiante na direção do mais novo – Estamos sensíveis hoje não Satoru-kun? Conversaremos com mais calma em outro momento [Nome], quando o garoto Gojo não estiver por perto.
-Até lá, devo dizer adeus. - Ele deu dois tapinhas na minha mão e se afastou - Melhoras, peça a mousse de chocolate de sobremesa é estranhamente delicioso para uma comida de hospital.
Ele acenou com a cabeça para Yaga-san e balançou a mão no ar num sinal de despedida para Satoru. Num momento eu me vi sorrindo.
-Eu gostei dele.
-Yaga-san – Gojo andou até o diretor colocando o braço por cima de seus ombros - Peça para fazerem os exames de cabeça novamente.
N/a: Bem, alguém estava inspirada.
Agora de verdade até semana que vem.
Xx.
Ps. será que vem ai Gojo com ciúmes do Akira com a [Nome]? hahah veremos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])
Fanfiction🥇 1° em satorugojo • Agosto/23 🥇 1° em feiticeiro • Outubro/23 Sýndesis (do grego) - syn • juntos - désis • amarrar. - Conexão, laços, união. ◬ user antigo: haikusan ◬ Personagem principal com algumas características físicas fixas. O velho monasté...