Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])

Mudança

Tive saudade de andar pelos terrenos da escola, até mesmo o caminho feito de pedras parecia simpático. Não tinha ninguém a vista, então apenas tomei o meu caminho de volta para os dormitórios, com Akira me acompanhando com a desculpa de garantir que eu não caísse no meio do caminho.

Vi a porta aparecendo no fim do corredor e com isso o meu acompanhante se despediu, com a premissa de precisar conversar com o diretor Yaga sobre algumas questões – Começamos sua reabilitação amanhã. Esteja preparada.

E com isso Akira desapareceu no corredor logo após de balançar a mão num aceno. Coloquei a mão na maçaneta e a girei, abrindo a passagem para o meu quarto.

Tudo estava exatamente do jeito que eu me lembrava de ter deixado, os uniformes no armário, meus pertences na pequena mesa e algumas outras coisas espalhadas pelo cômodo, como um caderno e algumas canetas. Diante o cenário familiar, me sentei na cama virada para a porta.

Sempre que eu chegava de uma missão ou longa viagem, Akio-san vinha me visitar. Acho que alguma parte de mim ainda não queria aceitar que homem partiu e esperava ansiosamente que ele passasse pela porta com alguma comida, ou apenas com um olhar severo pronto para mandar eu escovar os dentes.

Uma ilusão, sabia que isso não iria acontecer.

Joguei meu corpo para trás fazendo com que a minha cabeça caísse sobre o travesseiro, cobri meus olhos com o braço e antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, meu celular tocou chamando a atenção.

O contato marcado no visor me causando um pouco de surpresa, mas mesmo assim fazendo com que um sorriso brotasse no meu rosto.

-E não é que você realmente acordou? – disse a voz - Bem-vinda de volta fedelha.

-Miller, mesmo que eu odeie que me chame assim, é bom ouvir a sua voz.

– Quem deveria falar isso sou eu - ela riu do outro lado tomando um tom mais tranquilo – Me deu um susto, garota. Em todos nós, na verdade.

Não sabia exatamente o que falar, então depois de alguns momentos em silêncio retomei a conversa – O Vice-Diretor Telles ele-

-Eu sei - a minha antiga professora interrompeu a minha fala em seguida deixou que um suspiro triste soasse, podia imaginar o seu rosto de traços elegantes rijo com os olhos perdidos – Aquele menino... Satoru, nos contou. Depois da conexão de vocês.

-Ele já tinha partido quando cheguei, não pude fazer nada.

-E nem conseguiria – disse – Carter e Nonato conseguiram algumas informações durante a invasão, ele partiu bem antes deles sequer descobrirem onde você estava. Não há nada que você pudesse ter feito.

Aparentemente, não poder fazer nada, estava sendo um pensamento constante.

-[Nome] – Miller me chamou fazendo com que eu piscasse e junto com isso um nós se formasse na minha garganta – Telles morreu cumprindo seu dever, e protegendo as pessoas que ele chamava de família. Não só você, mas todos nós não deve e nem precisa se sentir culpada por isso.

-É, eu sei.

-Tão cabeça dura – completou –, vou marcar uma viagem para te ver, afinal no tempo que passei no Japão metade dele você foi sequestrada e na outra metade estava em coma.

-Bom saber que você continua gentil nas palavras.

A gargalhada alegre encheu os meus ouvidos – Não seria eu se não fosse desse jeito, Carter e Nonato estão felizes que você está bem, embora eles não possam falar diretamente com você.

-Ainda estão se escondendo? – perguntei ligeiramente preocupada. Será que o que sobrou da Organização Gaia ainda estava atrás deles?

-Não, estão jogando videogame. – se eu não estivesse deitada com certeza cairia para trás, parecia com algo que os dois idiotas fariam. - Os trouxe para morar comigo depois de tudo, é bom ter alguma companhia.

-Mais para cobaias - retruquei rindo.

-Isso também. Preciso ir. – a mulher deu uma pausa antes de continuar – Fique bem [Nome].

Aquela pequena frase era o ápice de afeto que eu conseguiria da professora - Não some Miller. É difícil te encontrar.

-Vou pensar no seu caso – e com isso ela desligou a ligação. Era bom saber que eles estavam bem, e juntos.

Algumas batidas soaram no corredor me fazendo despertar de pensamentos, quem poderia ser? Abri a porta apenas para encontrar Shoko com uma sacola nos braços e um sorriso.

-Achei que poderia fazer bom uso de companhia.

Dei passagem para que ela entrasse e imediatamente a segundanista se sentou na minha cama com as pernas cruzadas, pescando algum doce dentro da sacola.

-É bom ter alguém para conversar que não seja Satoru ou Akira – respondi – Não preciso mais te chamar de senpai não é?

Ela balançou a mão dispensando meu comentário – Não realmente, mas porque você vai continuar no primeiro ano?

-Algo sobre equilíbrio, afinal Nanami e Haibara estariam sozinhos. Não é costume os anos serem sempre trios?

-Não sei.

-Soube que você que prestou os primeiros socorros em mim – me sentei ao lado da garota colocando a minha mão sobre a dela e apertando de leve – Obrigada Shoko, de verdade.

Ela se virou para encarar meu rosto e em seguida o balançou – Você é minha amiga [Nome], faria quantas vezes fosse necessário. Embora eu não ache que seja recomendável, principalmente por conta da sua cabeça.

Com a mão livre ela se virou e me deu um peteleco se afastando rindo em seguida, ela andou pelo quarto e foi até o meu armário pegando um dos meus uniformes e colocando sobre os próprios ombros.

-Estamos mudando de estação – comentou se olhando num espelho que tinha mais ao canto – Acho que você devia mandar fazer novos.

-Ainda tem essa – resmunguei e peguei uma mecha de cabelo que caiu no meu rosto entre os dedos – Talvez eu devesse fazer uma mudança completa, já que praticamente eu voltei dos mortos.

Os olhos dela pareciam brilhar de uma maneira um pouco maníaca e depois de jogar o meu blazer para o alto, Shoko colocou a mão dentro do bolso do próprio casaco parecendo pegar alguma coisa – Tenho uma ideia por onde começar.

Um objeto metálico refletiu a claridade que entrava pela janela.

-Você não quer cortar o meu cabelo com um bisturi, quer? – perguntei erguendo uma sobrancelha. Mesmo já sabendo a resposta e ciente de que não havia nada que eu pudesse fazer a não ser concordar.

-Com certeza.

N/A: Hahahahah eu consigo 100% imaginar isso.

Até mais, Xx!