Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])

Adeus

Frio... A neve caia lentamente, pura e absoluta. No chão coberto de branco pequenas pérolas de vermelho se formavam conforme o homem andava, mesmo que não tivesse ideia de onde estava indo. O ferimento no braço provocado pelo disparo da arma de Vega ardia, mas não se comparava com a sensação de ter perdido absolutamente tudo.

O corpo da mulher jazia numa pequena cratera, as lágrimas dos seus últimos momento de vida ainda molhando sua face, a feição distorcida havia proferido palavras de ódio até seu último suspiro. Uma alma perturbada, que sofreu e se quebrou sob a crueldade dos humanos e seu medo impensado das coisas que são diferentes de suas próprias crenças.

Akio ainda sentia no seu corpo a sensação de atravessar as eras, sufocante quase traiçoeira, o abraçando cada vez mais de uma maneira mortal. Turbulenta e arrebatadora, a cada instante seu inconsciente lutando contra um véu invisível que apertava seus pulmões o impedindo de respirar. Um zumbido agudo no ouvido o acompanhou durante os momentos de tortura e quando recobrou a consciência a cabeça latejava pulsando juntamente com as batidas de seu coração.

Fosse pelo frio ou pelo cansaço emocional suas pernas fraquejaram fazendo com que os joelhos batessem contra a neve fria os dedos trêmulos em garras arranhavam o gelo fazendo com que a dor causada pela temperatura servisse de bálsamo. Que o chamassem de egoísta, mas não queria ter que sacrificar absolutamente tudo que ganhara nos últimos meses para salvar séculos de jujutsu.

Queria ficar junto de [Nome], gostaria a ver crescer, a ver viver. Acompanhar seus dias, noites descobertas e decepções. E quem sabe se um dia, se fosse permitido, ser aquele que teria a dádiva de a levar até o altar — como seu pai.

A brisa acariciou sua pele como uma amiga, mal percebera a trilha que as lágrimas deixaram ao cair de seus próprios olhos. Teria que se agarrar apenas as boas memórias de um futuro o qual já não fazia mais parte.

Jogou seu corpo para trás, as costas se arrepiando por conta da mudança de temperatura só então desde o momento que chegou ali olhou para cima. As nuvens em tons variados de cinza abriam pequenos espaços onde podia ver o céu azul. Os pequenos flocos caiam num balanço suave o cobrindo lentamente a medida que seus olhos iam se fechando, já não conseguia se mexer, portanto, apenas aguardou enquanto a senhora do fim se aproximava para fazer daquela pilha de neve seu leito de morte.

***

"E foi quando o fim se apresentou a mim vestido branco que senti uma sensação quente me envolvendo. Um conforto alinhado em meu peito, no fundo da minha mente imagens antes turvas se projetaram como uma lembrança não existente.

Um longo abraço, um pedido de desculpas e uma promessa de que nunca me esqueceria. Com um choro engasgado clamou para que eu não desistisse e que mesmo assim continuasse vivendo. Sendo destino ou não a próxima coisa que me lembro foi de ver o belo rosto de uma mulher, que mais tarde se tornou minha esposa, me perguntando num japonês difícil de entender coisas que nem mesmo inventando eu saberia responder.

Pode ter sido minha mente já perturbada me pregando peças na intensão de dar algum conforto no que seria os meus momentos finais de vida. Mas mesmo agora enquanto escrevo essa carta, a qual espero que chegue até vocês velhos amigos, guardo com carinho o pequeno sopro de vida que recebi naquele momento. A lembrança da primeira e única vez que ela me chamou de pai."

A caligrafia no final do papel velho tinha Akio Kimura escrito, a sala reservada para os líderes da missão Prometeu caiu em silêncio assim que Akira terminou de ler o documento que estava em posse de sua família a milhares de anos.

-Foi transcrito algumas vezes – disse colocando o papel em cima da mesa com cuidado – Mas acredito que a essência do que Akio-san queria transmitir disse tenha se mantido.

-Depois que ele se casou, naquela época anos e mais anos atrás, Akio Kimura escreveu uma série de documentos passados de geração em geração sobre os acontecimentos que vocês presenciaram.

Akira se sentou novamente e por ser o único disposto a falar alguma coisa continuou a explicar o assunto.

-Infelizmente muitos deles se perderam e os que sobraram davam instruções bem claras sobre não interferir nos acontecimentos até que tudo fosse finalizado. Afinal não tínhamos como saber como que o paradoxo do tempo funcionaria interferindo na linha de eventos principal.

-É algo complicado que não deveria sofrer mais alterações, mexer com o passado é perigoso. Tanto para nós, quanto pro usuário. – e continuou - A propósito como ela está?

Diretor Yaga cruzou os braços sobre a mesa falando num tom solene – Mesmo a técnica reversa deixa marcas. Ela está no hospital, Shoko conseguiu a trazer da primeira parada cardíaca, mas não sabemos como será os próximos meses.

-E eu imagino que o garoto Gojo esteja com ela.

Um leve aceno de cabeça concordando com a suposição – Até que consigamos recuperar os termos do contrato que une os dois, não podemos arriscar suas vidas. Nenhuma delas.

-É só uma opinião, mas você sabe, espaço e tempo convivem em equilíbrio e são uma coisa só. Minha suspeita seria que está relacionado com um não conseguir existir sem ter o outro. Um equilíbrio, como yin-yang.

-Uma promessa de amor não cumprida – Miller disse em voz alta – Traduzida em formato de um fio... Seria um guia para as almas poderem se encontrar novamente?

-Talvez – Akira continuou – Ou seria um grilhão significando que estão presas para toda a eternidade? Todo pós tem seu contra.

O diretor se levantou chamando a atenção dos dois, já havia ouvido todo o relatório que precisava. Então não tinha mais tempo a perder afinal deveria responder aos superiores em breve.

Mas antes de sair de fato, parou para comentar um último pensamento.

-Amor provavelmente é uma das maiores maldições que existe e é uma que nem mesmo nós feiticeiros jujutsu podemos exorcizar.

N/A: E aqui nos despedimos do amado Akio-san.

Nossa chorei escrevendo ein nossa, foi a primeira vez que eu chorei tanto. É um capítulo meio de transição, porém triste. Necessário pra fechar o arco do Akio que foi um personagem importante.

Vou começar a desenvolver mais o casal com todas suas peculiaridades nos próximos caps.

Ta com um tom um pouco sombrio ainda, porque né. Traumas, assim como pessoas levam um tempo pra se recuperar a escrita aos poucos vai ganhar um pouco mais de vida.

Aviso da tia! Essa que vos fala postou um prólogo e um capítulo piloto de uma Toji X Reader. Que será atualizada regularmente após a finalização desse livro (que está entrando na reta final). Então se interessar sinta-se a vonts para visitar Selcouth, é só acessar pelo meu perfil.

É isso vejo vocês semana que vem!

Até mais, Xx!