Despertar

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O barulho de folhas se mexendo foi a primeira coisa que ouvi quando comecei a recobrar a consciência. Acordei num outro local, provavelmente no meio da floresta que cercava a velha estrada.

Se o meu suposto "tio" estava com pressa ele não se daria ao trabalho de me levar para muito longe, apenas deixou meu corpo escondido. Passei a mão na nuca e girei o pescoço ainda estava bem dolorido. O golpe foi forte o suficiente para que eu ficasse apagada por algumas boas horas.

As árvores farfalhavam enquanto os raios de sol da parte da tarde atravessam as folhas fornecendo os últimos momentos de iluminação do dia, o que é ruim já que estava sozinha. Chequei meu celular, sem bateria.

De qualquer maneira eu precisava chegar até a cidade mais próxima para pedir pelo menos um carregador, me levantei ainda cambaleando um pouco. Se eu quisesse chegar em algum lugar precisaria começar a andar.

Alguns minutos depois encontrei a clareira que lutei com Koji-san, como esperado o corpo dele já tinha sumido e substituído por uma grande mancha vermelha. Minha centelha do caminho não impede ninguém de morrer, só limitava algumas ações. Supus que ele já devia ter partido do mundo físico a algumas boas horas.

O carro acidentado não estava longe, é uma sorte que ele não explodiu. Apesar de estar com a parte da lataria cortada. Vasculhei pelos escombros e achei a carteira de Koji-san... Ele não precisaria mais daquele dinheiro de qualquer jeito.

Me virei na direção contrária do carro e assim que levantei o pé para dar o primeiro passo, avancei a linha do tempo para até o momento que eu chegava na cidade mais próxima. As imagens das horas que passei andando avançaram na frente dos meus olhos rapidamente como um filme acelerado.

Por ser apagada a força, minha cabeça latejou pelo uso da técnica. Era de madrugada quando encontrei um hotel de estrada com uma pequena conveniência, bom que para mim passou num piscar de olhos. Felizmente o dinheiro que tinha na carteira foi o suficiente para que eu conseguisse um quarto e comprar alguma coisa para comer. Aproveitei e pedi um carregador na conveniência para tentar contatar alguém da escola. Fiquei surpresa em ver que tinha algumas ligações perdidas, majoritariamente do Akio-san e do Haibara.

Apertei o botão de retorno e logo nos primeiro toque Akio-san atendeu.

-Onde você está? – a voz dele soava um pouco desesperada.

-Num hotel nas imediações da primeira cidade antes do local da minha missão falsa – respondi e suspirei colocando a mão na minha cabeça – Não se preocupe, estou bem.

Akio-san pareceu bem mais aliviado – Tivemos complicações na missão principal. E ficamos sabendo de uma recompensa em cima de você. Quando Koji ignorou as tentativas de contato da escola que imaginamos ter algo errado.

-Sim – respondi e olhei para o balcão pra ver se o funcionário estava prestando atenção - digamos que você não me veria mais por um bom tempo, se eu fosse um pouco mais idiota.

-Que bom que você não é – ele disse do outro lado – ainda assim por que sumiu por tanto tempo?

-Repetindo a sua fala, tive complicações, de todas as formas – respondi - Pode mandar algum assistente me buscar? Por mais que a missão principal esteja correndo...

-Vou providenciar, descanse enquanto alguém vai até você - ele disse. – E principalmente mantenha a discrição.

Ele desligou e eu soltei o ar devagar, as últimas horas foram uma montanha-russa de eventos me deixando absolutamente exausta. Toji devia ter feito o contrato com o assistente para me manter longe por um tempo, algo me dizia que ele sabia que eu descobriria o plano antes de acabar no pé de um desfiladeiro, com um carro em chamas.

Talvez só não esperasse que fosse tão rapidamente, o motivo pelo qual ele provavelmente interferiu. Agora como ele se moveu tão rápido é um mistério. O homem deveria ter pelo menos alguma ligação com o mundo jujutsu, mesmo não tendo energia amaldiçoada.

Mas apesar de toda a sequência ruim de eventos uma coisa foi boa.

Pelo menos tive a confirmação de que minha mãe era realmente Suyen Zenin, e esse pensamento me fez sorrir no meio de tanta loucura. Minha mãe. Mesmo que eu não tivesse nem um único traço de lembrança de como ela era, o simples fato de ter essa informação me deixa feliz.

Terminei a minha maravilhosa refeição instantânea e voltei para o quarto com pelo menos um pouco de bateria no celular. Não era nada de mais, paredes de tons mórbidos e uma cama que só de olhar já rangia, mas considerando o quanto eu estava cansada nem mesmo isso iria me impedir de pelo tirar um cochilo.



Cores misturadas e formas desconexas, era tudo isso que eu conseguia enxergar na minha frente. Não sentia nada, meu corpo, porém mantinha a consciência de que eu estava sonhando. Os borrões começaram a tornar mais formas definidas enquanto eu me tornava uma expectadora.

Era uma campina, pelo menos era o que parecia todas as extremidades ainda estavam borradas na minha visão. No centro uma mulher estava sentada de costas pra mim eu não sabia quem era, mas a sua volta o conhecido fio vermelho flutuava em espirais.

Seus cabelos eram compridos e quase se espalhavam pelo chão de flores, suas roupas eram tradicionais e mostravam que não era uma representação nascida da época que eu conhecia, tentei dar uma passo na direção dela, mas tudo que aconteceu foi uma queda que pareceu durar horas e horas.

E no fundo da minha mente uma mensagem quase desaparecida no vento, tão baixa quanto um sussurro... "Ainda não".



Acordei assustada, a sensação de estar caindo ainda estava me acompanhando meus cabelos estavam colados na minha testa a sensação de náusea me fazia revirar o estômago. Joguei as minhas pernas para fora da cama.

Tinham se passado apenas algumas horas, mas já dava para ver alguns resquícios de sol aparecendo no horizonte. Amanheceria em breve, chequei o celular e Akio-san enviou uma mensagem informando o novo assistente que me acompanharia e que deveria chegar em breve.

Andei até a pequena pia que tinha no quarto e lavei o meu rosto, mal podia esperar para tomar um banho. Encarei o meu reflexo no espelho enquanto as gotas de água escorriam e pingavam na porcelana amarelada e velha.

Algo, no fundo da minha mente gritava, não era apenas um sonho.






N/A: Obrigada pelo o apoio e por ter lido até aqui.

Até a próxima! Xx


Sýndesis - (Gojo Satoru x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora