•Capítulo 2•

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Pistola 👻
Uma semana depois...
17:50 PM

Eu fitava o teto enquanto fazia cafuné na cabeça da Clara, já que a mesma tava com a cabeça encima do meu peito dormindo.

Clara era gente boa, mas não quero ter nada sério com ela, nem ela quer ter algo sério.

Assim vamo vivendo até onde der, conheço ela a um bom tempo, ela mora no mesmo condomínio que eu, pelo que eu saiba ela só tem mãe.

Fiquei pensando por mais um tempo alí e tirei ela do meu peito devagarinho, vesti minhas roupas, calcei meu tênis e peguei o meu celular e saí indo direto pra casa.

(...)

Fiquei observando o Jefinho sentado no sofá com o Gael no colo assistindo desenho na sala e meu pai do lado deles sentado mexendo no celular enquanto eu tava sentado na poltrona.

Meu pai teve alta já faz umas quatro semanas atrás, toda semana vai na fisioterapia fazer os bagulho lá.

Só a minha mãe que ainda tá na UTI, não acordou nem nada, ela precisou passar por três cirurgias e tá em obersavação.

Meu pai vai lá todo dia ver ela, o sorriso simplesmente sumiu do rosto dele. Ele vem aqui de vez enquanto ficar com a gente, mas ele tá morando com a minha vó, ela que tá cuidando dele lá em Heliópolis, ele viria pra cá, mas minha vó fez questão de fazer maior barraco pra ele ficar por lá, então ele ficou lá.

Até agora a gente não pegou quem fez isso, somente soubemos que foi um Atirador que atirou, tudo indica que foi foi a facção rival, mas não temos certeza de nada.

Henrique já revirou São Paulo junto com a Imperatriz atrás do culpado, mas não encontraram, quem fez isso, não deixou rastro algum.

Ouvi a risada alta do Gael pro Jefinho, Gael gosta muito do Jefinho, todo dia ele tá aqui, passa o dia aqui com o Gael. Só vai embora quando o Gael dorme.

Eles tem uma conexão incrível.

Na moral, daqui a alguns tempos talvez eu assuma Heliópolis, tô nos corre mesmo, subindo cada degrau até conseguir o comando do PCC.

Branquinho quem vai assumir o cartel, cada um com seu negócio.

Vou fazer com que sempre nossa família seja lembrada.

—Tá pensando no quê?—Meu pai perguntou me encarando.

—Umas fita aí.—Falei e ele concordou.

Xavier🐺

Entrei no quarto onde a Luise tava na UTI, cheguei mais perto e pude ver ela pálida, e quando toquei na testa dela ela tava gelada.

Tava na cadeira de rodas automática e isso facilitava, hoje quem me trouxe foi o Pivete.

Só se ouvia o barulho dos aparelhos.

Fiquei olhando e peguei na mão dela gelada.

—Me desculpa, de coração mesmo, eu que te trouxe pro meio disso tudo, eu que sou o maior culpado de tu tá nessa situação. Desculpa por não ser suficiente, por fazer tudo errado, por ser tão idiota como eu sou. Eu sou assim, todo errado, todo cheio de defeitos. Me desculpa por todas as vezes que não pude estar do seu lado, que não te ajudei quando você precisou, me desculpe por errar tanto assim com você, com nós. Eu tento de todas as formas ser a pessoa que você tanto sonhou, a que mais te faz sorrir, que está do seu lado sempre, mas também dói em mim não ser assim. Porque dói ter esse vazio aqui, sem ter você pra preencher, sem ter nada, sem sentido, sem vontade de viver. Olhar pra trás e ver o que éramos, e o que podíamos ser por minha culpa, por ser tão idiota e conseguir acabar com tudo. Com que a gente era um pro outro, com o que significávamos, porque realmente o que eu mais quero é você. Caos. Isso define bem nós dois, um mais confuso que o outro, cada um buscando uma maneira de amenizar os danos e erros. Eu sei, sou mais erro do que acerto e você por sua vez é mais confusão do que paz. Por ironia do destino ou o que quer que seja que nos guie, acabamos por nos encontrar. No meio de toda essa coisa de não saber o que, nos encontramos e quando isso aconteceu, sem querer encontrei em você a minha paz, meu cais, meu guia. Quando percebi o que tinha acontecido comigo, tentei fugir ou pelo menos me esquivar mas já era tarde demais, eu já tinha me encontrado na tua confusão, e tu na minha. Me desculpa, eu amo você, e sempre amarei.—Falei e olhei pro rosto dela e vi uma lágrima solitária no rosto dela, limpei e dei um beijo na mão dela e me saí.

Fui saíndo dali com o coração na mão.

Jefinho 🗣️

—Já te falei que não quero nada sério, ainda mais alguém como tu, não dá, quero um cara que me der valor, um cara que não tenha a vida que tu leva, e aliás já gosto de alguém.—Angela falou enquanto eu me vestia.

—Beleza pô, não precisa jogar na minha cara a vida que eu levo não, só perguntei o que tu queria do futuro caralho, não perguntei se tu queria se casar não bisonha.—Falei e joguei dinheiro na cama pra ela.

—Eu já te falei que eu não quero nenhum dinheiro teu, e não sou tuas puta.—Ela falou entregando o dinheiro.

—Foda-se, fica pra ti aí.—Falei e me saí indo pra boca.

Tava em na favela de Taboão da Serra, vim pegar uma grana com o cara daqui e passei pra ver a Angela, ela é bacana pô, mas insiste em jogar essas paradas na minha cara.

Conheço ela desde menor, gosto dela desde pequeno, o sentimento nunca mudou. Agora ela tem um salão aqui dentro da comunidade e tal.

Porra é foda, queria ter alguma coisa com ela mas a mina é foda parceiro, sem condições.

Papo reto mesmo.

Cheguei na boca onde tava o irmão e soltei logo a visão.

—Tu sabe que a gente cresceu junto né?—Falei e ele concordou.—Quero que tu me prometa que tu vai fazer o que eu te pedi.—Ele assentiu e eu prossegui.—Eu não sei se vou viver por muito tempo, ainda mais na vida que eu levo, ou eu vou pra trás das grades ou a sete palmo debaixo da terra.

—Para com essa parada pô, tu vai viver muito.—Ele falou.

—Não importa, eu quero que caso aconteça alguma coisa comigo, tu vai dar total apoio ao Gaelzinho, todos os meus bens vão pra ele, tudo meu, os carro, casa, moto, exatamente tudo de valor meu. E também dá uma força pra Angela.—Falei.

(…)

Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora