Fumaça 💨
O calor sufocante do Rio de Janeiro se misturava com a tensão palpável no ar enquanto eu liderava nossa operação na favela. O confronto iminente com o BOPE estava cada vez mais próximo, e eu podia sentir a adrenalina pulsando em minhas veias, alimentando minha determinação em proteger nosso território e nossa gente a qualquer custo.Nossos homens estavam posicionados estrategicamente, prontos para responder ao menor sinal de uma incursão do BOPE. Cada sombra, cada movimento, era analisado com cuidado, nossos sentidos aguçados, preparados para agir no momento certo.
Então, veio o aviso: o BOPE estava se aproximando. O ruído distante de suas botas batendo no chão ecoava pelas ruas estreitas da favela, uma sinfonia sinistra que anunciava o início do confronto.
O tiroteio começou, uma cacofonia ensurdecedora de balas zunindo pelo ar e explosões ecoando pelas vielas estreitas. A fumaça se erguia, obscurecendo nossos sentidos.
Lutei com todas as minhas forças, cada movimento calculado, cada tiro disparado com precisão mortal. O tempo parecia se distorcer, as horas se arrastando como séculos enquanto lutávamos pela nossa sobrevivência.
Então, em um momento de descuido, fui pego desprevenido. Uma rajada de tiros atingiu o ar ao meu redor, a dor lancinante de um ferimento rasgando através do meu corpo. Caí de joelhos, minha visão turva, meu coração batendo descontroladamente em meu peito.
Senti mãos rudes me puxarem para trás, minha mente turva pela dor e pela exaustão. E então, a escuridão veio, me envolvendo em seus braços gelados enquanto eu afundava em um sono sem sonhos.
Quando finalmente recuperei a consciência, me vi cm uma cama de hospital, algemado, o som distante de vozes indistintas ecoando pelo corredor sombrio. A realidade da cadeia se instalou em minha mente, uma sensação de impotência e desespero me consumindo enquanto eu enfrentava o que viria a seguir.
Recordações da minha infância tumultuada emergiram, lembranças de um tempo em que já estava mergulhado no mundo do crime, sem escolha, sem alternativa. Cresci nas ruas áridas da favela, onde a lei do mais forte prevalecia e a violência era uma constante ameaça.
Desde cedo, fui envolvido nas teias da facção, seduzido pelas promessas de poder e proteção. Mas à medida que os anos passavam, percebi que o preço desse mundo era alto demais.
Então, Safira entrou em minha vida, uma luz brilhante em meio à escuridão. Mas agora, comigo atrás das grades, temia pelo futuro dela e de nosso filho, temia que a sombra do meu passado os alcançasse e os consumisse como fez comigo.
...
Logo pela manhã fui liberado do hospital e encaminhado para a delegacia da Polícia Federal, fui chamado para uma conversa com o delegado. O clima era pesado, e eu sabia que não seria nada bom. Entrei na sala, com as algemas apertando meus pulsos, e encarei o olhar frio do delegado.
— Então, Fumaça, parece que você não conseguiu escapar dessa vez.
Encarei-o com uma expressão séria.
— Tô aqui, não tô? Pode mandar a parada.
Ele balançou a cabeça, um sorriso sarcástico brincando em seus lábios.
— Agora você quer bancar o durão, é? Mas olha só o que descobrimos... Sua própria mulher, Safira, traindo você com o Henrique Martins.
Aquelas palavras atingiram como um soco no estômago, a raiva e o ódio fervendo dentro de mim e permaneci calado, pois tudo poderia tá sendo armado pra me desestabilizar. O delegado riu, um som cheio de cinismo.
— Acredite no que quiser, Fumaça. Mas a verdade é que sua vida pessoal virou um circo. Até onde sei, você é um cara de sorte. Conseguiu uma mulher bonita e fiel.
Sua provocação atingiu um nervo sensível dentro de mim, e logo ele mostrou algumas fotos e vídeos, olhei pra cara do mesmo rindo.
— E você, delegado, é um fofoqueiro de carteirinha, investigando até a vida da minha mulher. Deve ser divertido, ficar fuçando na vida dos outros enquanto a sua própria vida é uma merda.
Ele apenas sorriu, um sorriso frio e calculista.
— Faz parte do trabalho, Fumaça. Não podemos ignorar nenhum detalhe, por menor que seja. Mas se você prefere viver na ignorância, é problema seu.
Naquele momento de tensão na sala de interrogatório, o delegado pressionava-me com suas perguntas incisivas, tentando arrancar de mim qualquer informação sobre Henrique e sua conexão com o cartel. Mas por mais ódio e raiva que eu sentisse, uma decisão pesava em minha mente.
— Fumaça, não me venha com joguinhos. Eu sei que você sabe mais do que está dizendo. O Henrique está metido até o pescoço com o cartel, e você está me escondendo algo.
Seu tom era duro, implacável, e sua determinação em conseguir as respostas que queria era palpável. Mas, mesmo sob sua pressão, eu mantive minha postura.
— Eu não sei de nada não.
Minha negativa foi firme, mas por dentro eu sentia uma mistura tumultuada de emoções. O desejo de vingança ainda ardia dentro de mim.
O delegado estudou-me por um momento, seus olhos penetrantes buscando qualquer sinal de fraqueza ou mentira em minha expressão. Mas eu mantive meu olhar firme, determinado a não ceder à sua pressão.
— Você pode tentar me convencer de que não sabe de nada, Fumaça. Mas eu não vou desistir tão fácil. Se descobrir que você está me escondendo algo, vai se arrepender.
Seu aviso foi claro, e eu sabia que estava jogando um jogo perigoso. Mas por enquanto, decidi ficar firme em minha negativa, guardando minhas cartas para um momento mais oportuno. A batalha entre o delegado e eu estava apenas começando, e eu estava determinado a sair vitorioso, custasse o que custasse.
...
Naquela cela solitária, minha mente se viu inundada por uma enxurrada de pensamentos sombrios e dúvidas agonizantes. Entre elas, uma questão assombrosa começou a tomar forma: será que o filho que Safira está esperando é realmente meu?
As memórias de momentos suspeitos e saídas estranhas de Safira com Henrique ecoaram em minha mente como um eco ensurdecedor. Aquelas viagens inexplicáveis, os segredos compartilhados, tudo se misturava em um turbilhão de incertezas.
Um nó se formou em meu peito, apertando cada vez mais enquanto eu ponderava sobre a possibilidade de ter sido traído de forma tão cruel. A ideia de que o filho que eu esperava com tanto amor e esperança não fosse verdadeiramente meu era como um golpe, o mais filho da puta possível.
(...)
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Amor indestrutível 2
Fanfic+18|| O amor pode ser complicado, doloroso, pode te decepcionar, te destruir, mas sempre saiba que quando esse amor for verdadeiro todas as tempestades serão apenas pequenas chuvas de verão •Necessário ler o primeiro livro• •Plágio é crime•