•Capítulo 53•

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Pantera🎲

O peso da missão no Rio de Janeiro ainda ecoava em minha mente quando retornei para São Paulo. Sabia que uma outra missão difícil me aguardava: terminar tudo com Luise. Era evidente que ela nunca me amaria verdadeiramente, e eu já não podia mais ignorar esse fato. Me sentia como um estranho em um lugar que já foi meu porto seguro, mas que agora parecia uma armadilha.

Luise estava na sala quando entrei. Seu sorriso caloroso contrastava com a tempestade interior que eu enfrentava. Ela se aproximou, pronta para me abraçar, mas eu recuei. Era hora de dar um ponto final.

— Luise. — Comecei, lutando para manter a voz firme. — Precisamos conversar.

Seus olhos se arregalaram ligeiramente, uma sombra de preocupação passando por eles. Ela percebeu a seriedade em minha expressão e se sentou, esperando minhas palavras.

— Eu sei que temos passado por muitos altos e baixos ultimamente — Respirei fundo e continuei, escolhendo minhas palavras com cuidado. — E a verdade é que... Eu não posso mais fingir. Não posso mais fingir que tudo está bem quando claramente não está.— Luise permaneceu em silêncio, seu olhar buscando o meu, esperando que eu continuasse.

— Eu gosto de você, Luise, mas estou cansado de lutar por algo que não está mais aqui. Estou cansado de me sentir como se estivesse em um lugar onde não pertenço. Eu preciso seguir em frente, mesmo que isso signifique deixar você para trás.

As palavras saíram pesadas, como uma carga que finalmente se desprendia de meus ombros. Eu esperava que Luise entendesse, mesmo que doesse.
E então, eu confessei algo que há muito tempo guardava dentro de mim.

— Além disso, Luise, no Rio de Janeiro, em meio a loucura da missão, eu conheci alguém. Alguém que me fez sentir vivo de uma maneira que ninguém nunca conseguiu.

Ela ficou em silêncio por um momento, absorvendo minhas palavras. Então, finalmente, ela assentiu, seus olhos úmidos refletindo a dor que ambos estávamos sentindo.

— Eu entendo. — Disse ela suavemente. — É hora de seguir em frente.

Não houve lágrimas, apenas aceitação. Sabíamos que o caminho à frente seria difícil, mas necessário. Com um último olhar, nos despedimos, cada um seguindo seu próprio caminho em direção ao desconhecido.

(...)

Eu me encontrava sentado na sala de reuniões com Fumaça, Jefinho e Xavier, os principais membros da cúpula da facção. A tensão no ar era palpável, e as preocupações sobre os ataques frequentes nas nossas favelas do Rio de Janeiro eram evidentes.

— Precisamos encarar a realidade de frente. — Disse Fumaça, sua voz grave ecoando no ambiente tenso. — Os ataques estão acontecendo com mais frequência, e não podemos mais ficar de braços cruzados.

Concordei com um aceno, sentindo o peso da responsabilidade sobre nossos ombros.

Xavier tomou a palavra, seu semblante sério revelando a gravidade da situação.

— E não é só isso. Do lado deles, tem uma juíza filha da puta que está atrapalhando todos os nossos esquemas.

A menção da juíza me fez franzir a testa. Essa era uma variável complicada que precisávamos lidar.

— Maldita seja essa juíza! Ela está nos deixando loucos com as ordens judiciais e as investigações.

Jefinho interveio, sugerindo uma abordagem mais agressiva.

— Precisamos dar um jeito nela antes que ela destrua a operação que vamos fazer lá.

— Concordo. — Concordei, minha mente já buscando soluções. — Mas precisamos agir com cautela. Não podemos simplesmente eliminá-la sem pensar nas consequências.

Fumaça assentiu, ponderando sobre as possibilidades.

— Tem razão. Mas precisamos encontrar uma maneira de neutralizá-la.

— Enquanto isso, podemos intensificar nossos esforços nas favelas, mostrar para esses filhos da puta que não vamos recuar. — Sugeri, tentando pensar em uma abordagem mais abrangente.

Xavier encerrou a discussão, sua voz carregada de determinação. – Vamos colocar um fim nessa juíza, custe o que custar.

— É hora de agir. Não podemos mais esperar. — Falo determinado.

(...)

Ao chegar em casa, decidi ligar para Bianca, a mulher que conheci durante minha passagem no Rio de Janeiro. Ela morava na favela de Vigário Geral, nos conhecemos de uma maneira inusitada. Eu estava fazendo uma vistoria na favela, buscando entender melhor a dinâmica social e as necessidades da comunidade. Em uma tarde, vi Bianca trabalhando em sua clínica improvisada, atendendo pacientes com cuidado e dedicação.

Fui até ela com algumas perguntas sobre a saúde da comunidade e logo nos encontramos em uma conversa animada sobre nossos interesses mútuos. Sua paixão pela fisioterapia e seu compromisso com o bem-estar dos moradores da favela me impressionaram profundamente.

À medida que nossas conversas se tornavam mais frequentes, percebi que havia uma conexão especial entre nós. Bianca tinha uma maneira única de ver o mundo, uma mistura de determinação e compaixão que me intrigava.

Com o tempo, nossa relação evoluiu além das discussões profissionais. Começamos a compartilhar nossas experiências pessoais, nossos sonhos e nossos medos. Bianca se tornou um porto seguro em meio ao caos da guerra, e eu me vi cada vez mais atraído por sua força e sua gentileza.

Quando finalmente chegou o momento de deixar o Rio de Janeiro, eu sabia que não podia simplesmente deixar Bianca para trás. Trocamos números de telefone e promessas de manter contato, sem saber ao certo o que o futuro reservava para nós.

E agora, ao ouvir sua voz reconfortante do outro lado da linha, eu me sentia grato por tê-la em minha vida. Bianca era mais do que apenas uma moradora ; ela era minha amiga, minha confidente e, talvez, algo mais.

(...)

Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora