•Capítulo 42•

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Luise Martins🌻

— Agora tá na hora da verdade, não é isso que tu quer? Então, terás a verdade. — Falei sentada na cadeira da sala de reunião, onde tava só eu e Xavier.

— Estou aqui pronto pra escutar tudo. — Xavier falou.

—Sabe que a federal tá na cola de quase todo mundo aqui, né? Principalmente na nossa, tu sabia que eles querem a cabeça dos nossos filhos? E sabe quem tá junto com eles? O exército, BOPE... — Falei.

— Eles sempre estiveram atrás de todos nós, querem nossas cabeças a todo custo. — Ele falou.

— Sim, dessa vez é diferente.

— Diferente como? — Suspirei fundo.

— Eles me levaram pra dentro de um galpão, vi eles violentar e torturar uma menina na minha frente e da mãe dela. — Um arrepio percorreu pelo meu corpo quando toquei no assunto.

— Eles fizeram algo contigo?

— São cruéis demais e não se importam, nos tratam como se fosse um bicho. Eu escutei diversas vezes que no lugar daquela mãe, logo seria eu vendo nossos filhos sendo torturado, e todo o resto. Tu não sabe o que eu passei pra tá aqui hoje dando o sangue pra fazer toda essa porra e eu não ter que ver vocês morrendo na minha frente, eu não aguentaria.

— Qual o propósito disso tudo?

— Livrar todos?! Relaxa que logo tudo isso acaba, só falta duas coisas acontecerem pra toda essa porra acabar.

— E quais são elas?

— A gente vazar um vídeo nosso e chegar na Vanessa, e depois eu mato ela. Carol já tá quase meio caminho andando pra morrer, não vai demorar muito. As investigações e operações vão dar uma amenizada. E logo depois pensamos no que fazer.

— Porquê os ataques? Os roubos de carga?

— Porque tínhamos que fazer com que vocês estivessem sendo atacado por algum rival, e pra isso fazer sentido a gente teve que pegar as coisas. Mas não se preocupa que tá em um galpão nosso e logo vai ser devolvido. Uma hora dessas eles já devem estar sabendo que Heliópolis foi tomada, já que a fofoca corre rápido.

— Tudo isso não passou de um plano pra desviar o foco deles?

— Sim, eles estavam bem pertos de pegar todos nós, tinha que arrumar uma distração pra eles enquanto eu arrumava um jeito de matar a Vanessa. Eles iam pegar cada um de uma vez e ir matando. O plano deles estava dando certo, mas eles não contavam que vocês iriam “perder” o comando daqui pra um inimigo desconhecido.

— Um plano foda. Mas porquê contou pra todo mundo, menos pra mim? Que eu era teu marido na época.

— Tu já tava na da Hanna, tu podia deixar escapar pra ela e ela vazar isso. Na época que fiz o plano não imaginava que tinha ela. Tive que mudar alguns detalhes do plano. Na verdade as coisas com o decorrer do tempo foram saindo do meu controle, aconteceu algumas coisas inesperadas ao decorrer desse período.

— E uma das coisas que saíram do controle foram as coisas entre nós... E olha aí, mais uma vez a falta de confiança.

— Não podia confiar em alguém que não confia em mim.

— Certo. Eu devo agradecer por tá fazendo isso por todos?

— Não! Eu não quero agradecimentos ou algo do tipo. Tenho certeza que fariam o mesmo por mim.

— Como conseguiu fugir de lá?

— Meu irmão soube e foi atrás de mim. Eu passei por tudo de novo, igual na época do Ricardo. Foram os piores dias da minha vida, eles fazendo tortura psicológica todos os dias, me tocando igual um objeto qualquer, me violando... Foi dias horríveis, mas já passaram.

— Eu sinto muito, de verdade mesmo. Me desculpa por ter feito tudo que fiz.

— Agora não importa mais, já passou.

Vi ele se mexendo com cara de dor.

— Mesmo assim, me desculpa.

— Tu vai ter que sair daqui de Heliópolis por enquanto, daqui a duas semanas volta, é só o tempo que a Vanessa já vai tá a sete palmos debaixo da terra.

— Tá de boa.

— Já vão vim aqui fazer o curativo em ti. Ah, e não conta nada disso pra Hanna, não enquanto isso tudo acabar. A gente pode ser tudo, menos traíra e pau no cu.

Me levantei e fui saindo de lá.

Foi como eu tivesse tirando metade de um peso das minhas costas.

Muita coisa poderia ter sido diferente, mas não foi. E tá tudo bem, lá na frente um dia eu vou entender tudo.

Todo o sacrifício vai ser bem recompensado lá na frente.

Bruno veio na minha direção e passou o braço pelo meu pescoço enquanto a gente andava.

— Tá tudo bem? — Ele perguntou.

— Tudo sim.

— Ela tá grávida do meu pai cara, não posso acreditar nisso não

— Mas ela tá...

— Eu não vou sossegar enquanto eu matar ela. Pra mim é um objetivo.

— Não tiro tua razão, faria o mesmo se fosse comigo.

— E isso é em nome da minha mãe, pela memória dela. Eu vou matar a Hanna, custe o que custar.

Concordei com ele e fomos saindo.

A gente deu de cara com a Imperatriz chorando num canto.

A gente foi até ela, que logo limpou as lágrimas.

— O que aconteceu? — Perguntei.

— Ele descobriu que foi eu, agora que a gente não tem mais volta mesmo...

— Porra, tu um mulherão desses chorando por algo que não tá dando mais certo faz um bom tempão. Tu merece alguém que te ame na mesma intensidade, se ligou? — Bruno falou fazendo ela concordar.

— Eu fui a culpada de tudo isso acabar entre a gente. — Ela falou.

— Para de se culpar maluca, desculpa te falar, ele escolheu ela, sempre foi ela. Para de se martirizar dizendo que a culpada foi tu, sendo que o bagulho não dependia só de tu. Para de amar por dois. — Bruno falou pra ela.

— Que coisa linda, titia tá tão orgulhosa. — Ela falou pra ele que balançou a cabeça rindo.

(...)

Fiquei pensando e pensando, depois de tudo isso acabar, que rumo iria tomar as coisas?

Eu real não sabia que caminho as coisas iriam tomar, só sei que irei seguir minha vida.

Eu tenho que me desprender de tudo isso aqui, de qualquer maneira.

(…)

Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora