•Capítulo 45•

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Luise Martins🌻

— Carol acabou de vir a óbito. — Henrique chegou falando.

— Menos uma... — Falei terminando de assinar uns papéis.

— JP tá quase indo também...

— Eu tô sabendo...

— Arthur já tá ciente disso? —Sentou na minha frente.

-— Já tá sim, tá meio baqueado, com o tempo ele deve se acostumar, assim espero.

— Cadê Fiamma?

— Tá na Alemanha, foi resolver alguns assuntos pendentes.

— Entendi.

(...)
Heliópolis / São Paulo.
Sexta-feira / 17:20 PM.

Cheguei numa esquina morta de cansada e com dores horríveis no meu estômago, suspirei fundo e continuei andando até a boca principal pra entregar uns documentos pro Xavier.

Mais uma vez não consegui entrar com o carro, por causa da ordem que deram, quem não mora aqui não pode entrar com carro ou moto, e isso serve pra todos.

Balancei a cabeça pros meninos que abriram a porta da boca pra mim e fui direto pra onde Xavier estava.

Bati na porta e ele mandou entrar.

— Oi. — Falei e encostei a porta.

— Oi... — Falou olhando pro celular e depois pra mim.

— Aqui estão as cópias dos documentos das novas cargas. — Entreguei pra ele uma pasta, que logo abriu.

— Tá ok. — Falou conferindo os papéis.

— E tá tudo certinho com aquelas cargas lá, né? — Falei me referindo as dos ataques.

— Tá tudo sim, os mano conferiram tudinho.

— Que bom. — Falei e fechei os olhos de tanta dor que deu.

— Tá bem? — Ele me olhou preocupado.

— Tá tudo sim.

— Certeza?

— Sim, não é nada demais. — Falei passando a mão na minha barriga fazendo ele olhar. — Bom, tenho que ir.

— Beleza. Toma cuidado por aí pô.

— Pode deixar.

Fui saindo da boca, e a dor só aumentava cada vez mais, era tão forte que fazia eu me arrepiar toda.

Fui andando e quando cheguei na frente da pracinha, minhas pernas enfraqueceram e logo me apoiei no poste, respirei fundo e abri minha bolsa procurando meu celular, não conseguia achar de jeito nenhum e minhas mãos tremiam demais.

Senti uma mão gelada segurar meu braço e me virei rápido vendo o Xavier.

— Tu não tá bem cara. Tu tá pálida. — Ele falou me olhando preocupado.

— Tá doendo muito. — Sussurrei.

— Bora alí no hospital.

— Não...

— É rápido, tu vai ver o que é que tá causando a dor, depois vão te medicar e tu vai pra casa.

— Tá bom.

— Traz um carro aqui pra praça, rápido. — Ele falou no radinho.

Fechei os olhos com aquela dor insuportável, e foi quando ele me puxou pro peito dele e fez carinho na minha cabeça.

— Tá doendo muito.

— Calma, já vai passar.

Não demorou muito pro Pivete chegar com o carro e fomos até o hospital.

O hospital não era muito longe, ficava perto.

(...)

Entramos na recepção e tava lotado de gente, fomos até a recepção e a moça nos atendeu.

— O que a senhorita tem? — Ela me perguntou.

— Muita dor no abdômen, muita cólica. Tá insuportável.

— A senhorita vai ter que esperar sua vez, tá cheio de gente na sua frente.

— Não tá vendo? Ela tá com muita dor, ela tem que ser atendida o mais rápido possível, moça. — Xavier falou pra ela e disfarçadamente segurou a arma na cintura dele e olhou, depois olhou pra ela, que arregalou os olhos.

— Não se preocupe senhor, ela vai ser atendida logo. — Ele concordou e deu um sorriso.

Fiz minha ficha e depois fiquei encostada numa coluna.

Não demorou muito pra me chamarem e eu ir até o consultório com o Xavier falar com a médica.

— Você vai precisar fazer uma ultrassom com urgência pra saber o porquê dessas dores. — A médica falou. — Deite alí, por favor. — Apontou pra uma maca e assim fiz.

Ela mandou eu desabotoar a calça jeans e levantar a blusa.

Passou aquele gel gelado na minha barriga e depois aquele aparelho. Ela foi passando por todo meu abdômen e olhando pro computador da ultrassonografia.

Ela olhou pra mim com uma expressão surpresa e sorriu.

— Você tá entrando em trabalho de parto, tem que ir urgentemente pra uma maternidade.

No momento que ela falou eu entrei em choque completo, fiquei paralisada sem reação alguma.

Ela me ajudou a sentar e eu ajeitei minha roupa, Xavier me abraçou e eu comecei a chorar.

(...)

A bolsa já tinha estourado e eu já estava no centro cirúrgico. Era um corre-corre no centro cirúrgico e o meu medo de ter essa criança fora da maca. O Pedro foi vestir a roupa e a touca do centro cirúrgico. Eu fiquei talvez trinta segundos sem nenhum acompanhante no centro cirúrgico, só com os médicos e a equipe de enfermagem. Experiência estranha.

30 segundos depois ver o Pedro foi um bálsamo.

De tempo em tempo vinha o imperativo do meu corpo para que eu fizesse força.

Já deitada na maca, Pedro segurava minha mão e passava a mão na minha cabeça.

45 minutos de expulsivo e eu estava cansada. Olhei pro Pedro com olhar de que eu já não aguentava mais.

— Eu não aguento mais... — Falei baixo.

— Eu vi uma cabeça loirinha,. loirinha. Tá acabando, você consegue. — A médica falou e foi aquilo que me deu mais gás.

O bebê fingiu que ia sair, mas decidiu que ia ficar mais um pouquinho. Não senti coroar, nem o tal círculo fogo, só senti quando o bebê veio totalmente decido a nascer. 22:00 da noite, pra essa hora faltam palavras. É como ter um milagre acontecendo dentro de você, e realmente aconteceu um milagre dentro de mim.

— É uma menina! — Uma outra médica falou e eu olhei pro Pedro com meus olhos cheios de lágrimas e sorri.

Ele olhou pra mim com as lágrimas descendo em seu rosto e sorriu de volta me dando um beijo na minha testa.

A minha filha veio pro meu colo, fez uma pausa no choro pra olhar bem no fundo dos meus olhos.

Tão pequenina e tão forte a minha menina.

Me apresentei pra ela e ficamos ali por não sei quanto tempo, só sei que foi menos do que gostaríamos. O sistema tem pressa! Ela foi pesada, medida e voltou pro meu colo pra mamar em paz. Parto sem indução, episiotomia, sem laceração... Sem intervenção alguma. Minha menina completamente saudável.

Nenhum gemido de dor foi em vão!

Eu sentia uma paz inexplicável segurando ela, olhei pra ela que olhava com os olhinhos bem abertos pra mim e sorri.

(…)

Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora